PICICA: Meu querido amigo Paulo Figueiredo advoga em Manaus e tem coluna cativa no jornal Diário do Amazonas. Arguto observador da cena política local e nacional, ele e outros colunistas respeitados pela sociedade manauara, como o meu considerado José Ribamar Bessa Freire - igualmente colunista no mesmo jornal -, citam o autor dessas mal-traçadas toda vez que o momento requer associação entre certas 'maluquices' humanas e a má conduta de homens públicos. Não raro, certas atitudes, sobretudo a dos políticos, são inscritas na mesma ordem da loucura. Maluf é um dos nossos exemplos citados à farta como louco, tamanha sua esperteza em surrupiar o erário público e negar as evidências do ato. Estaríamos diante de um louco? É compreensível que assim o seja, tal a banalização desse fenômeno humano que é a loucura através dos tempos. Na experiência linguística transpassada pelos modernos meios de comunicação, qualquer ato que fira os códigos da ética do bem viver, são prontamente rechaçados e enquadrados no âmbito da patologia. È vero! Em parte. A rigor, nenhum desses personagens sofrem com a produção de tal sintomatologia. Ao contrário, inúmeros são os benefícios secundários de seus atos. São tidos ora como espertos - um valor cultuado por uma parte da sociedade -, ora como portadores de verdades, tão ao gosto do espírito fundamentalista que domina amplos setores na atual cena social. Freud em sua experiência clínica delineou os três grandes continentes em que circulam os humanos na produção dos conflitos psíquicos: o da neurose, o da psicose e o da perversão. Se a primeira sofre com seus fantasmas; o segundo despedaça sua subjetividade perdendo-se da realidade em seus delírios; o último goza com o sofrimento alheio, retirando daí os benefícios que lhe convém. Tem menos a ver com a loucura-nossa-de-cada dia, do que com o distúrbios de caráter para o qual não faltam outros exemplos através dos tempos. Feliciano é mais um deles. Mas não é louco. É um mau-caráter, manipulador da boa-fé, sobre quem as igrejas evangélicas progressistasm repudiam as verdades do seu evangelho degradado.
O cara é maluco
Com perdão dos loucos diagnosticados pelo Dr. Rogelio Casado, meu dileto amigo, o pastor Marco Feliciano, além de racista e homofóbico, é maluco, doido de pedra. Diz que Satanás passou pelo comando da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados e que Deus matou John Lennon e os Mamonas Assassinas, por pura vingança. O vídeo que circula na rede de computadores é significativo. Mostra o dito cujo na direção de um culto evangélico deitando ameaças sobre os infiéis, aos gritos e em tons alucinatórios, no melhor estilo desse tipo de pregação.
Vejam o grau de loucura do misto de deputado e
pastor, ao se referir à morte do ex-beatle, vítima de tiros disparados
em frente ao prédio onde morava em New York: “Eu queria estar lá quando
descobriram o corpo dele. Ia tirar o pano de cima e dizer: me perdoe,
John, mas esse primeiro tiro é em nome do Pai, esse é em nome do Filho, e
esse, em nome do Espírito Santo. Ninguém afronta a Deus e sobrevive
para debochar”. Sobre os Mamonas Assassinas, após observar que Dinho,
líder do grupo, abandonou a Assembleia de Deus e se vendeu ao Tinhoso,
em relação ao acidente que causou a morte do conjunto, declara: “Até
hoje há uma interrogação sobre o que aconteceu ali. Eu sei o que
aconteceu (ele sabe tudo). O avião estava no céu, região do ministro do
juízo de Deus … Ao invés de virar para um lado, o manche tocou pro
outro. Um anjo pôs o dedo no manche, e Deus fulminou aqueles que
tentaram colocar palavras torpes na boca de nossas crianças”. De forma
afrontosa, o pastor regala-se e aplaude o sacrifício das vítimas,
segundo seu entendimento, justiçadas pela divindade, sepultando o
conceito amoroso do Deus misericordioso, piedoso, bondoso, hoje tão
propalado pelo Papa Francisco, desde as primeira horas de seu
pontificado.
Mark Chapman, assassino de John Lennon e tão louco quanto o pastor,
não poderia encontrar melhor parceiro. Como Chapman, Feliciano também
recorre a razões religiosas fundamentalistas que justificariam o crime,
cometido pelo ódio e pela intolerância e em nome da Santíssima Trindade.
E o quarto tiro, que dilacerou a artéria aorta do artista de Liverpool,
foi dado em nome de quem? E o quinto, que atingiu uma das janelas do
Edifício Dakota, pois foram cinco disparos?
É incrível, mas é o retrato do Brasil e de boa parte de sua classe política. O que se pode esperar de uma figura que prega o ódio, ao invés da tolerância, do perdão e do respeito aos diferentes? De quem agride os povos africanos, rotulando-os como amaldiçoados por Noé e pela divindade? Bem, ele chegou aonde está, lépido e fagueiro, com assento no parlamento federal. Não foi nomeado, mas eleito por São Paulo. Resiste à ideia da renúncia e assegura que não deixa a presidência da Comissão para a qual também foi eleito por seus pares, em homenagem ao seu partido – o PSC, que reúne representantes das igrejas evangélicas de todo o país.
A propósito, os evangélicos, por suas lideranças superiores e mais expressivas, em congresso nacional realizado em Brasília, acabam de prestar-lhe irrestrita solidariedade, na mesma linha rebuscada do que dizem no púlpito de seus templos, em suas reuniões domingueiras e noturnas. O discurso de Feliciano e sua retórica recheada de preconceitos dão o tom rançoso do maniqueísmo com o qual pauta sua atuação, em cima de objetivos no mínimo discutíveis. Aproveita-se da mídia, que o levou do pobre e recluso anonimato ao proscênio das manchetes dos grandes jornais e do noticiário televisivo em rede nacional, para consolidar seu nome dentre aqueles que comungam de suas ideias, numa involução de valores de estarrecer qualquer sociedade que se pretenda livre e democrática.
Prega a religiosidade, a pureza, a luta do bem contra o mal, enfim, a santidade, mas está longe, bem distante, da introjeção dos princípios que aparenta sustentar ou defender. Responde a processo no Supremo Tribunal Federal por estelionato, preconceito e discriminação, incriminado por práticas que não chegam ao conhecimento de seus fiéis, inconscientes e desinformados, que continuam a vê-lo como virtuoso, sob os olhos da ingenuidade, sujeita a todo tipo de manipulação criminosa da fé.
Nada contra os evangélicos, contra qualquer religião, opção filosófica ou de pensamento. Ao contrário, entendo que qualquer confissão há de merecer respeito, sobremodo diante dos preceitos da liberdade de religião e de culto, consagrados pela Constituição da República. No entanto, há que se ter sempre presente que o Estado é laico, uma vez vencido seu atrelamento histórico à religião (Primeiro Estado, nos tempos do ‘Ancien Régime’, na França) e às cúpulas históricas do mandarinato religioso, como conquista memorável da sociedade humana. E é em nome dessas conquistas que se torna inadmissível a constituição de bancadas religiosas no seio do Poder Legislativo, tenham a origem que tiverem, levando em conta que celebram a divisão entre escolhidos e rechaçados, entre bons e maus, entre aqueles que h averão de merecer o reino dos céus contra os condenados ao fogo do inferno.
A representação popular é ecumênica por natureza, do conjunto da sociedade, ínsita do regime representativo, constituída pela nacionalidade, sob circunstâncias e características que não autorizam a partição com base em interesses particulares, de católicos, evangélicos, budistas e de outros credos.
O que é mais grave é que o pastor Feliciano não está sozinho. Independente de sua igreja, não são poucos os brasileiros que pensam como ele, preconceituosos, homofóbicos e intolerantes, atrasados.
É incrível, mas é o retrato do Brasil e de boa parte de sua classe política. O que se pode esperar de uma figura que prega o ódio, ao invés da tolerância, do perdão e do respeito aos diferentes? De quem agride os povos africanos, rotulando-os como amaldiçoados por Noé e pela divindade? Bem, ele chegou aonde está, lépido e fagueiro, com assento no parlamento federal. Não foi nomeado, mas eleito por São Paulo. Resiste à ideia da renúncia e assegura que não deixa a presidência da Comissão para a qual também foi eleito por seus pares, em homenagem ao seu partido – o PSC, que reúne representantes das igrejas evangélicas de todo o país.
A propósito, os evangélicos, por suas lideranças superiores e mais expressivas, em congresso nacional realizado em Brasília, acabam de prestar-lhe irrestrita solidariedade, na mesma linha rebuscada do que dizem no púlpito de seus templos, em suas reuniões domingueiras e noturnas. O discurso de Feliciano e sua retórica recheada de preconceitos dão o tom rançoso do maniqueísmo com o qual pauta sua atuação, em cima de objetivos no mínimo discutíveis. Aproveita-se da mídia, que o levou do pobre e recluso anonimato ao proscênio das manchetes dos grandes jornais e do noticiário televisivo em rede nacional, para consolidar seu nome dentre aqueles que comungam de suas ideias, numa involução de valores de estarrecer qualquer sociedade que se pretenda livre e democrática.
Prega a religiosidade, a pureza, a luta do bem contra o mal, enfim, a santidade, mas está longe, bem distante, da introjeção dos princípios que aparenta sustentar ou defender. Responde a processo no Supremo Tribunal Federal por estelionato, preconceito e discriminação, incriminado por práticas que não chegam ao conhecimento de seus fiéis, inconscientes e desinformados, que continuam a vê-lo como virtuoso, sob os olhos da ingenuidade, sujeita a todo tipo de manipulação criminosa da fé.
Nada contra os evangélicos, contra qualquer religião, opção filosófica ou de pensamento. Ao contrário, entendo que qualquer confissão há de merecer respeito, sobremodo diante dos preceitos da liberdade de religião e de culto, consagrados pela Constituição da República. No entanto, há que se ter sempre presente que o Estado é laico, uma vez vencido seu atrelamento histórico à religião (Primeiro Estado, nos tempos do ‘Ancien Régime’, na França) e às cúpulas históricas do mandarinato religioso, como conquista memorável da sociedade humana. E é em nome dessas conquistas que se torna inadmissível a constituição de bancadas religiosas no seio do Poder Legislativo, tenham a origem que tiverem, levando em conta que celebram a divisão entre escolhidos e rechaçados, entre bons e maus, entre aqueles que h averão de merecer o reino dos céus contra os condenados ao fogo do inferno.
A representação popular é ecumênica por natureza, do conjunto da sociedade, ínsita do regime representativo, constituída pela nacionalidade, sob circunstâncias e características que não autorizam a partição com base em interesses particulares, de católicos, evangélicos, budistas e de outros credos.
O que é mais grave é que o pastor Feliciano não está sozinho. Independente de sua igreja, não são poucos os brasileiros que pensam como ele, preconceituosos, homofóbicos e intolerantes, atrasados.
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