PICICA: Para os militantes do movimento socioambiental SOS Encontro das Águas, como o autor dessas 'mal-traçadas', presentes à audiência sobre o Polo Naval na Câmara dos Vereadores de Manaus, é lamentável a distorção da matéria abaixo. Nenhuma linha registra a insastisfação e a rejeição do projeto por nada menos do que 19 comunidades tradicionais de ribeirinhos, ali devidamente representadas. Até a fotografia é "fake". Para o observador mais atento, este é um sinal típico de mensagem com enderêço certo: 'nossas páginas estão prontas para a publicidade desse grandioso projeto'. Ora, façam o favor! Jornalismo crítico e investigativo deveria estar tratando de esmiuçar se temos cadeia produtiva para tanto, ou vamos repetir a montagem de produtos ao velho estilo "zona-franca", em que a maior parte dos componentes vem de fora do país? A que demandas atenderá o referido Polo Naval? A que mercados ele está destinado? Com que autoridade pretende-se substituir o modo de vida ribeirinho, cujas várzeas estão sujeitas historicamente a investimentos de uma timidez vergonhosa? A quem interessa dividir a opinião pública pondo na conta dos "atrasados" os percalços do desenvolvimento no Amazonas? Até quando a prática de racismo ambiental atingirá as famílias das comunidades ribeirinhas tradicionais em seus direitos econômicos, sociais e culturais? Quando este segmento da sociedade será incluído democraticamente no debate público que a matéria negou ao omitir as vozes da resistência?
Cerca de duas mil famílias devem ser beneficiadas pelo projeto do Polo Naval
Segundo a Seplan, na
área onde efetivamente será construído o Polo Naval vivem,
aproximadamente, 110 famílias, mas outras centenas de comunidades que
vivem nas áreas adjacentes serão beneficiadas com serviços de
infraestrutura, criação de uma cidade operária, entre outras obras
A
Câmara Municipal de Manaus (CMM) realizou nesta sexta-feira (19),
audiência pública para discutir a implantação da nova matriz econômica
do Polo Naval na cidade e sua influência no novo Plano Diretor de
Manaus. Cerca de 100 líderes comunitários participaram da reunião.
Cerca
de duas mil famílias deverão ser beneficiadas pelo projeto do Polo
Naval na área escolhida para a obra, o equivalente a 31 quilômetros na
margem do Lago do Puraquequara, na Zona Rural de Manaus, próximo à
comunidade de Jatuarana.
Segundo a
Seplan, na área onde efetivamente será construído o Polo Naval vivem,
aproximadamente, 110 famílias, mas outras centenas de comunidades que
vivem nas áreas adjacentes serão beneficiadas com serviços de
infraestrutura, criação de uma cidade operária, entre outras obras.
“Uma das nossas metas é manter a integridade e cultura tradicional das
famílias. Nem todos serão obrigados a trabalhar na área operária, mas
será uma alternativa de renda. Contudo, ainda estamos em fase de
discussão e nada está definido”, observou o secretário executivo da
Seplan, Roney Peixoto.
O vereador
Everaldo Farias, que é o presidente da Comissão de Meio Ambiente da CMM,
afirmou que ainda é muito cedo para dizer se é contrário ou favorável
ao projeto do Polo Naval. “Eu sou a favor do desenvolvimento, mas com
sustentabilidade e respeito às pessoas. Só não podemos ser radicais com
um projeto que ainda estamos em fase de debate. Esse é o momento para
questionarmos e apresentarmos soluções para a proposta que nasceu de uma
necessidade econômica da cidade”, afirmou o parlamentar durante a
audiência pública.
Pelo projeto do
Polo Naval, todas as empresas que constroem ou fazem manutenção de
embarcações serão obrigadas a deixar a orla da cidade para se instalarem
exclusivamente no local onde está previsto o projeto dentro das normais
legais de preservação ao meio ambiente. “Acredito que devemos ponderar
sobre os pros e contras dessa obra, mas atentando sempre para as
necessidades das famílias e a preservação ao meio ambiente”, afirmou.
No
ano passado, o segmento do Polo Naval registrou um faturamento de US$
800 milhões. O setor emprega, atualmente, 14 mil trabalhadores, entre
empregos diretos e indiretos. Com a construção do novo polo, os postos
de trabalho devem chegar a pelo menos 30 mil vagas. Ao final da
audiência pública, representantes de órgãos públicos e líderes
comunitários escreveram uma carta que será enviada às instituições
responsáveis pelo projeto do Polo Naval.
*Com informações da assessoria de imprensa.
Fonte: A Crítica
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