PICICA: "“A mídia abre imensas possibilidades imagéticas de manipulação do imaginário, ainda mais em países como o Brasil onde a sociedade civil
é extremamente frágil, e exposta às relações não raramente promíscuas
entre as corporações e o Estado, e onde, em contrapartida, há um elevado
índice de analfabetismo funcional e inexistência de uma tradição
democrática como resultado histórico da violência das elites contra as
organizações e movimentos populares” - José Arbex Jr., em Uma Outra Comunicação É Possível (E Necessária)"
CAMPO DE LIBRA
A quem teme Dilma?
Por Eduardo Montesanti Goldoni em 29/10/2013 na edição 770
“A mídia abre imensas possibilidades imagéticas de manipulação do imaginário, ainda mais em países como o Brasil onde a sociedade civil
é extremamente frágil, e exposta às relações não raramente promíscuas
entre as corporações e o Estado, e onde, em contrapartida, há um elevado
índice de analfabetismo funcional e inexistência de uma tradição
democrática como resultado histórico da violência das elites contra as
organizações e movimentos populares” - José Arbex Jr., em Uma Outra Comunicação É Possível (E Necessária)
Se não substituído, talvez pudesse ser acrescido no título o verbo servir a temer: A quem teme e serve Dilma?
No Brasil, dada a formação de nossa sociedade e a influência secreta norte-americana em todos os segmentos do Estado, seria muito mais provável que houvesse uma nova “Primavera” se Dilma não leiloasse o campo de Libra. Reconstruindo nossa história recente no contexto da realidade global, desconstruídas não por acaso pela velha mídia envelhecida, fica bem claro que muita água anda passando por debaixo dos porões do poder sem o conhecimento público.
Pois o que a tal “Primavera Brasileira” de junho-julho e seu posterior esvaziamento, tão repentino quanto a própria “revolução” que pegou sociólogos com o calção na mão, têm a ver com a corrupção empresarial e política somada à indiferença societária, por exemplo, em relação ao pior incêndio da história do Brasil que ceifou 242 vidas inocentes em Santa Maria em janeiro, com o horror do 11 de Setembro e o esquecimento midiático no que diz respeito às provas que desmentem as versões oficiais que levaram à “Guerra ao Terror”, mais sangrenta pós-II Guerra Mundial, com o sensacionalismo, tendencionismo e todo o reducionismo bem conhecidos do antijornalismo nacional, com golpes, sabotagens e manifestações populares comprovadamente artificiais ao redor do globo, com a espionagem revelada por Edward Snowden e WikiLeaks, e com o atual leilão do Campo de Libra? É altamente provável que tenham absolutamente tudo a ver. Neste caso, nossa presidente teme, serve, ou teme e serve?
Tanto quanto nenhum desses assuntos pode ser fragmentado em “cadernos”, físicos e intelectuais conforme reducionista prática – não gratuitamente nem por ingenuidade – dos principais meios de comunicação, já ensinada agressivamente nas faculdades de Jornalismo deste país: “Incêndio é incêndio! Petróleo é petróleo! 11 de Setembro é 11 de Setembro! Guerra ao Terror é Guerra ao Terror! Espionagem é espionagem! Primavera é Primavera! Golpe é golpe! É assim que os jornais fazem, é assim que você deve se adaptar a fazer, ou crie um jornal só para você!”.
Assim, desconecta-se um fato do outro em um mundo globalizado e, somado à arte incomparável da mídia tradicional de jogar com as palavras e notícias pela metade, em dar voz a um só lado e em criar factoides, desconstrói-se a realidade. Assim, forma-se nas redações um bando de publicitários e marqueteiros de governos e corporações, não jornalistas na acepção da palavra embora atendam e sejam aceitos como tais. O jornalista Lúcio Flávio Pinto ouviu algo bem semelhante às exclamações do parágrafo anterior dos chefes de redação em Belém no Pará, o que o motivou a fundar o belo Jornal Pessoal, que lhe tem valido seguidas ameaças de morte.
Enquanto o fantasma de uma nova “revolução”, ainda mais acentuada, durante a Copa do Mundo no ano que vem em plenas vésperas eleitorais ronda perturbadoramente o Palácio do Planalto hoje, as perguntas iniciais bem como suas implicações, desde o início, a “grande” mídia “patriota” – apenas quando esse pobre discurso serve para defender oportunisticamente seus interesses como por ocasião do Golpe de 64, que ela promoveu – tem se negado a fazer, ou impedido a reflexão ao não construir a realidade do país e do mundo, enquanto desinformante de gala com sua avalanche de fraseologia, factoides e informações manipuladas sempre pendendo ao mesmo lado, ouvindo sempre as mesmas vozes sem levar conhecimento, apenas embaralhando as mentes alheias enquanto escreve a “história” ditada pelos porões do poder que a sustentam.
Uma reconstrução da verdade dos fatos no que diz respeito à recente conjuntura, brasileira e global, levanta inevitavelmente sérios questionamentos, os quais a mídia tenta evitar a todo custo, sobre outro roubo de uma das maiores riquezas brasileiras, desta vez envolvendo o Campo Petrolífero de Libra na Bacia de Santos.
Sem uma análise do contexto mais amplo que envolve isso tudo, uma vez mais a sociedade estará fadada a um daqueles inúmeros e precários “debates” que terminam, desmancham-se no ar, caem no mais absoluto esquecimento sem que ninguém jamais saiba o que ocorreu, seguindo idênticos tanto o status quo do assalto às riquezas da nação quanto a compreensão alheia, imposta pelos usurpadores do poder que se utilizam do “jornalismo” para especular, criar mitos, usar e abusar das frases de efeito, não investigar nada e estigmatizar muito, investigação que é matéria-prima do ofício jornalístico.
Petróleo, política, grandes corporações e mídia
“A maioria dos meios de comunicação – jornais, revistas, editoras, emissoras de TV e estações de rádio – é de propriedade de grandes corporações internacionais, as quais não têm o menor escrúpulo em manipular as notícias que divulgam” – John Perkins no livro Confessions of an Economic Hit Man (Confissões de um Assassino Econômico).
O norte-americano John Perkins, ex-economista de alto escalão do Banco Mundial, do FMI, de diversas instituições financeiras internacionais e inclusive da MAIN, empresa-braço da mesma Agência de Segurança Nacional onde trabalhou Edward Snowden, hoje um dos principais motivos de suas denuncias por práticas de espionagem global e sabotagens contra governos, empresas e civis ativistas, abriu mão de seus altos cargos em depressão no início dos anos de 1980 por presenciar, em suas missões em todo o mundo, a dependência e a pobreza causada pelos regimes de seu país através dos grandes bancos, das grandes corporações e da mídia.
Após denúncias como a apontada mais acima logo que deixara as grandes corporações financeiras, Perkins veio a sofrer ameaças de morte e calou-se. Quando vieram os atentados de 11 de setembro de 2001, acreditou não poder ficar calado, voltou a fazer sérias denúncias e escreveu o referido livro traduzido a vários idiomas, inclusive ao português. Contudo, Perkins é um ilustre desconhecido no Brasil, a que pesem a importância de seu cargo de outrora, e a dimensão de suas revelações.
Dentre as denúncias de sabotagens contra economias nacionais, exatamente como se dá na Venezuela, Bolívia, Argentina e no Equador hoje, está a de que agências de fachada da CIA tais como DEA e Usaid, expulsas exatamente dos países acima mencionados, servem a esses poderes conspiratórios (resenha do livro de Perkins no sítio norte-americano Want to Know, jornalismo investigativo dos mais amplos e acurados do mundo, através desta ligação: http://www.wanttoknow.info/johnperkinseconomichitman).
Nenhuma novidade a ninguém, o petróleo tem sido motivo de comprovadas “primaveras” artificiais tais como no Irã em 1953, no Afeganistão em 1979, no Iraque em 2003, no Egito desde 2011 (não possui reservas petrolíferas, mas o país desempenha papel geoestratégico preponderante) às grandes potências na Líbia em 2011, e as tentativas de golpe e assassinato contra o presidente venezuelano Hugo Chávez em 22 e 26, e as constantes tentativas de golpe e magnicídio contra o presidente que o substituiu, Nicolás Maduro, desde que este assumiu o posto em abril deste ano.
Por outro lado, políticas entreguistas quanto a este produto têm garantido a manutenção de poderes e seus privilégios, sem maiores conturbações nacionais. Vejamos, como exemplo, cada um dos antecessores e sucessores das vítimas de bombardeios midiáticos, políticos e até físicos mencionados acima – xá Reza Pahlevi no Irã, senhores da guerra no Afeganistão, Nouri al-Maliki e Jalal Talabani no Iraque, os militares no incerto Egito de hoje, assim como na Líbia, e os históricos governos fantoches da Venezuela. Esses são apenas alguns exemplos.
No Equador, o presidente Rafael Correa denunciou recentemente, apresentando provas, os crimes ambientais da Chevron. Correa, eleito e reeleito democraticamente com maciço apoio popular, é massacrado pela mídia internacional por práticas como esta que marcam sua política anti-imperialista.
Chamam-no de ditador com base em jogo de palavras: se no Brasil se preguntar aos consumidores de desinformação o porquê de o presidente equatoriano supostamente ser ditador, ninguém saberá responder, mas já está imposto no subconsciente da sociedade que se trata de um político antidemocrático.
Tal distorção pode ser explicada em fatos assim: a Chevron juntou-se à Unocal, exploradora e comercializadora de petróleo sediada no estado norte-americano do Texas. A Unocal ea Hulliburton – esta prestadora de serviços para campos petrolíferos e de engenharia e construção de propriedade do ex-vice de Bush filho, Dick Cheney – propuseram, pessoalmente aos talibans emmaio de 2001,a criação de gasodutos e oleodutos que passassem pelo solo afegão ligando o Oriente Médio à região da ex-União Soviética.
Anteriormente, em maio de 1997no Texas, onde Bush era governador à época, a empresa de Cheney havia recebido uma delegação do taliban em cuja reunião conseguiu contrato para exploração de campos petrolíferos no Afeganistão, tendo a BBC de Londres, sido o único meio de comunicação a veicular o fato (Taleban to Texas for Pipeline Talks, http://news.bbc.co.uk/2/hi/world/west_asia/36735.stm).
Um ano antes, logo que o Taliban havia assumido o cruel poder no Afeganistão, a Unocal abrira escritório na cidade afegã de Kandahar, em frente à mansão de Bin Laden, com cuja família os Bush mantêm negócios petrolíferos desde fins da década de 1960.
Da reunião do Departamento de Estado dos EUA com os talibans em Washington às vésperas de 11 de setembro de 2001, e seis meses após o ataque suicida contra o destroier marinho norte-americano USS Cole, reivindicado pelo abrigado taliban, ele mesmo, Osama bin Laden, precariamente noticiado pela mídia internacional, o então presidente Bush decidiu pela “ajuda humanitária” ao grupo extremista afegão, da ordem de 43 milhões de dólares totalizando 124,2 milhões dos EUA previstos para aquele ano. A CNN publicou reportagem intitulada U.S. gives $43 million to Afghanistan (http://edition.cnn.com/2001/US/05/17/us.afghanistan.aid/), para nunca mais tocar no assunto e ainda desvirtuar, no futuro imediato especialmente pós-atentados do 11 de Setembro, a política norte-americana no Afeganistão.
O ponto crucial dessas reuniões que vem de encontro ao centro da questão aqui colocada, é que não houve negócio entre Washington e o Taliban para a construção dos dutos: poucos meses depois, viria o 11 de Setembro e o regime taliban seria derrubado do poder afegão, oficialmente, em dezembro de 2001 devido à invasão norte-americana, que recusou todas as vias diplomáticas e jurídicas apresentadas pelos afegãos para evitar a guerra.
No mesmo mês, Bush aponta Hamid Karzai para presidir o Afeganistão. Detalhe: Karzai era consultor de alto escalão da Unocal no Texas, e logo autoriza as empresas petrolíferas norte-americanas a construir os dutos em solo afegão.
Em 2004, Julie Stirrs, ex-funcionária da agência de Inteligência norte-americana DIA, denunciou que a Unocal providenciara dinheiro para que o Taliban assumisse o poder afegão em 1996. Pouco depois, o jornalista francês Richard Labesvière faria coro com Julie: a Unocal e a CIA forneceram armamentos militares e treinamento a diversas milícias talibans.
A mídia não recorda, por nada vale apontar, as torrentes provas que contradizem versões oficiais para os atentados do 11 de Setembro, simplesmente maiores em solo norte-americano em toda a história que motivaram a infinita “Guerra ao Terror”, além do que Bin Laden não apenas não foi jamais levado a nenhum tribunal, antes negou participação naqueles ataques em entrevista ao jornal Ummat do Paquistão em 28 setembro de 2001 (http://www.globalresearch.ca/interview-with-osama-bin-laden-denies-his-involvement-in-9-11), e em discurso enviado à TV Al-Jazeera do Qatar no mês seguinte (http://www.aljazeera.com/archive/2004/11/200849163336457223.html), emissora bombardeada pelo caçador de jornalistas e escritores, George Bush, no Afeganistão naquele mesmo ano e no Iraque em 2003 após ter sido intimada a deixar ambos os países pelo regime de Washington.
Bush, que sempre contou com a “grande” mídia, classificou de Teoria da Conspiração todas as evidências apresentadas que desfizeram as versões oficiais para o que envolveu o 11 de Setembro. Na realidade, trata-se da Teoria da Verdade e o tempo, voz no deserto, tem confirmado. Não há como entender o mundo hoje sem ter uma compreensão clara das implicações do atentado de 11 de setembro de 2001, de seus antecedentes – que muitas vezes se apresentaram como “Guerra ao Comunismo”, com o mesmo espírito imperialista –, e dos subsequentes anos marcados pela “Guerra ao Terror” e a falta de liberdade imposta pelo regime de Washington – ou pela “Guerra às Drogas” do país cuja sociedade é a maior consumidora de drogas do mundo: o espírito é o mesmo da “Guerra ao Terror” e da perpétua “Guerra ao Comunismo”, que ainda hoje insiste em voltar, tudo isso a fim de espalhar bases militares dos EUA ao redor do globo, justificar abusos governamentais e atender os interesses regionais e econômicos do regime de Washington.
Recentemente, em nada noticiados pela mídia tupiniquim, WikiLeaks liberou cabos em que agentes da CIA confessam que o corpo do saudita de origem iemenita não fora jogado ao mar, conforme havia jurado, sob suspeitas mundiais, a administração de Barack Obama (http://rt.com/news/osama-body-wikileaks-stratfor-949/), não menos caçador de comunicadores que seu antecessor na Casa Branca.
Para a manutenção do poder e aumento indiscriminado do lucro, essas empresas, seus políticos e os politiqueiros da mídia valem-se de todo tipo de manipulação como apontou Perkins, inclusive de espionagem em massa trazida à tona por Snowden e Julian Assange.
Enquanto isso, é ocultado da sociedade brasileira que sob o governo de Correa o Equador tornou-se um dos países mais igualitários da América Latina, possui o maior número de estudantes matriculados em universidades públicas e a mídia foi democratizada em substituição às leis da ditadura, seguindo regulação midiática existente em nações mais democráticas do mundo a qual estabelece que 33% das frequências vão para meios privados, 33% para públicos e 33% para os comunitários, o que permitirá aos índios, historicamente afastados da prática midiática em todo o continente, terem seu espaço -, e coibir abusos cometidos por alguns setores da Imprensa equatoriana, prática acentuadamente tradicional na América Latina, fortemente marcada por regimes ditatoriais e por influências externas na histórica ditadura da informação, valendo-se justamente da ausência de leis não contra a liberdade de expressão, mas contra a liberdade das empresas de mídia, transformada, naturalmente, em interesses corporativos em detrimento do público.
Ao passo que o presidente equatoriano afirmou que “com a prática da nova política da comunicação, fica assegurada plena e totalmente a liberdade de expressão, mas com responsabilidade e sem permitir abusos”, o jornal O Estado de S. Paulo alegou que “uma nova lei sobre os meios de comunicação que cria organismos de controle sobra a atividade jornalística [grifo nosso]”, como se os jornalistas e seus patrões fossem os únicos cidadãos que não devam possuir leis pré-estabelecidas para exercer suas funções.
Pois o jornalão foi além na arte de distorcer a realidade dos fatos, com sua típica fraseologia: “A lei também institui a figura jurídica do ‘linchamento midiático’, destinada a defender criticados pela imprensa. Começará um período muito complicado para a imprensa privada e para o jornalismo independente no Equador”.
Mídia: Ausência de critério e tendencionismo
Esquecimento e ocultamento das informações de um lado e bombardeio midiático do outro escolhem muito bem o local e ocasião, sempre de maneira sistemática. Aos barões da mídia, pau que bate em Pedro nunca bate em João.
Foram precariamente noticiado pela “grande” mídia brasileira e internacional, as recentes revelações de que a CIA derrubara o governo democrático do nacionalista Mohammed Mossadegh no Irã, em 1953, usando como escusa a “ameaça comunista” valendo-se de incitação de manifestações populares artificiais, produzidas nos porões dos serviços de espionagem dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha.
No Afeganistão em 1979, contrariando o discurso que perdurou por quase duas décadas, vieram a público membros do regime norte-americano de então, posteriormente confirmados pelo próprio presidente Jimmy Carter à época, declarando que a invasão dos EUA antecedera à da União Soviética, com um detalhe: deu-se de maneira secreta, através da CIA. Com a palavra, nada melhor que Zbigniew Brzezinski, conselheiro de Segurança Nacional de Carter, em entrevista ao semanário francês Le Nouvel Observateur, em janeiro de 1998(http://www.globalresearch.ca/articles/BRZ110A.html):
“O envolvimento dos Estados Unidos no Afeganistão antecedeu ao da União Soviética, contrariando a versão oficial de que a ajuda da CIA aos mujahidin [“combatentes” em árabe; estes, viriam ser talibans, membros da Aliança do Norte e da Al-Qaeda, entre eles o mulá Omar e Bin Laden] começou durante os anos de 1980, quer dizer, após o Exército soviético ter invadido o Afeganistão no final de 1979.
“Foi em 3 de julho de 1979 quando o presidente Carter assinou a primeira diretiva para ajuda secreta aos oponentes do regime pró-soviético [o então primeiro-ministro afegão, Nur Mohammad Taraki, havia promovido amplas reformas sociais tais como reforma agrária e menos extremismo religioso, tendo sofrido insurreições populares; impulsionadas pela CIA. Também seria revelado com detalhes anos mais tarde que os Estados Unidos criaram as madrassas, escolas islamitas radicais que pregam a violência no vizinho Paquistão].
“E naquele mesmo dia, escrevi uma nota ao presidente, na qual expliquei que, na minha opinião, tal ajuda induziria a uma intervenção militar soviética. Foi uma ideia excelente. Teve o efeito de atolar os russos no Afeganistão. No dia em que os soldados soviéticos cruzaram a fronteira, escrevi ao presidente Carter: ‘Temos a oportunidade de dar à União Soviética sua Guerra do Vietnã”.
No seguinte vídeo, o mesmo Brzezinski discursa a radicais islamitas afegãos em 1979, incitando-os ao radicalismo religioso: http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=d4lf0RT72iw. O sítio norte-americano Council on Fpreign Relations apresentou ampla reportagem sobre a criação das madrassas, apoiadas pela CIA e países aliados na região, tais como Arábia Saudita e Emirados Árabes, em The ISI and Terrorism: Behind the Accusations (O ISI [Inteligência paquistanesa] e o Terrorismo: Por Trás das Acusações): http://www.cfr.org/pakistan/isi-terrorism-behind-accusations/p11644
No Iraque, o Plano P2OG elaborado e colocado em prática por Donald Rumsfeld, secretário de Defesa de George Bush, visava incitar cidadãos locais a fim de justificar a invasão norte-americana apoiada no discurso antiterrorista.
Conforme abordamos no livro Mentiras e Crimes da “Guerra ao Terror” (ver aqui: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed718_a_maior_mentira_da_historia):
“Venda do Iraque - Têm sido feitos contratos privados durante a dita "reconstrução" do Iraque, o que viola a convenção internacional que governa a conduta das forças ocupantes, a Convenção de Haia de 1907, e até mesmo o código de ética do exército norte-americano. As regras de Haia afirmam que "uma potência ocupante deve respeitar as leis vigentes no país". A Autoridade Prisional da Coalizão, todavia, tem destruído esta simples norma e também a Constituição do Iraque, que proíbe a privatização de importantes bens do Estado, ou a possessão de empresas locais por parte de estrangeiros.
“Em menos de três meses de guerra, porém, a administração da Coalizão liderada pelo norte-americano e ex-embaixador Paul Bremer acabou com esses dispositivos e, finalmente, em 19 de setembro de 2003, Bremer colocou em vigência a Ordem 39, que autorizou a privatização de 200 empresas estatais, além do decreto que prevê que empresas estrangeiras podem apropriar-se de 100% dos bancos, minas e fábricas, permitindo-lhes levar 100% de seus ganhos. Houve alerta do Procurador Geral da Grã-Bretanha, Peter Goldsmith, em memorando de 26 de março de 2003, no qual dizia que "a imposição de reformas estruturais não está autorizada pela lei internacional", mas tal documento, no entanto, tem sido ignorado pelas forças de ocupação.
“Ainda que a venda do Iraque tivesse sido levada à cabo com transparência e em licitações abertas, seguiria sendo ilegal pela simples razão que o país não pertence aos Estados Unidos, pelo contrário, é um país soberano. Segundo vários especialistas em legislação internacional, isso significa que se o próximo governo decidir nacionalizar novamente os bens privatizados pelos ocupantes, terá poderosos argumentos legais para isso (mas pelo que a história da política opressora norte-americana nos mostra, se isso ocorrer certamente os EUA, alegando "prédicas comunistas de nacionalização", declararão a Terceira Guerra do Golfo...). Como resposta a esse saque norte-americano no país, claro, a violência, as explosões de oleodutos como forma de protesto e os casos de homens-bomba iraquianos suicidando-se têm aumentado vertiginosamente.
“A lei de Guerras Terrestres das Forças Armadas norte-americanas afirma que "o ocupante não tem o direito de vender ou utilizar de maneira desqualificada a propriedade (civil)". Realmente, o fato de bombardearem um território não dá direito aos atacantes de vendê-lo. O Iraque tem dívida externa de U$ 127 bilhões, que se triplica levando-se em conta as indenizações exigidas pelos vizinhos árabes, por perdas na I Guerra do Golfo, mas os EUA querem que a renda petrolífera seja usada para financiar negócios ali em proveito de firmas estadunidenses, não para pagar dívidas com quem quer que seja.
“Perante tudo isso, até a Casa Branca, que sempre soube exatamente quais eram as possibilidades militares do Iraque, visto que ela mesma o armou, encontra hoje seríssimas dificuldades para justificar a invasão ao país, outrora sob argumentos democráticos e libertários. Os EUA, até o primeiro quarto do século XX possuidor da maior reserva petrolífera do mundo, importam hoje dois terços do petróleo que consomem, e essa taxa tende a aumentar muito. As evidências sobre as intenções da Casa Branca estão todas aí, já não há mais como ocultá-las.”
Na Venezuela, país mais rico em petróleo do continente que nacionalizou suas reservas e se livrou das garras da ditadura econômica do FMI e do Banco Mundial, três agentes secretos travestidos de diplomatas foram expulsos do país tentando incitar insurreições no estado de Bolívar, governado pela oposição ao presidente Nicolás Maduro, quem sofre impiedoso bombardeio midiático, tudo isso abordado detalhadamente neste Observatório na edição 767, em Expulsão de diplomatas dos EUA e desinformação midiática:
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed767_expulsao_de_diplomatas_dos_eua_e_desinformacao_midiatica
A informação é maior arma do cidadão, e justamente por isso a mídia predominante trata de não informar ou, quando se torna impossível ignorar fatos como estes, minimizá-los, distorcê-los e logo se esquecer deles, como já aconteceu com a espionagem massiva made in USA revelada por Snowden, e antes por WikiLeaks.
Trata-se da Imprensa contando a história que lhe é ditada pelos donos do poder, muitas vezes proprietários dos meios de comunicação como denunciou Perkins, colocando os fatos fora de contexto, confundindo a opinião pública e desconstruindo a realidade social, política e econômica. E as megacorporações que controlam o mundo, especialmente petrolíferas cujo produto com que trabalham é objeto de obsessão por questões óbvias, não possuem escrúpulos para manipular como afirmou Perkins, e como vimos nesse breve histórico baseado em fatos, não hesitam em sabotar, conspirar, aplicar golpes e assassinar. Apenas nos EUA, foram quatro escritores assassinados pela CIA, Philip Marshall, J.H. Hatfield, Gary Webbe Hunter S. Thompson,e tudo indica que um político também – Paul Wellstone (reportagem sobre a morte deste, aqui: http://www.wsws.org/en/articles/2002/10/well-o29.html).
ABC Newsa Bush, em 2008, último ano de Bush na Casa Branca: - A Al-Qaeda só entrou e passou a agir no Iraque após a invasão norte-americana ao Afeganistão, e ao próprio Iraque em 2003.
Resposta de Bush: - E daí?
ABC Newsao vice de Bush, Dick Cheney, no mesmo ano: - 70% dos cidadãos norte-americanos aprovam retirada imediata das tropas dos Estados Unidos do Iraque.
Resposta de Cheney: - E daí?
Esses é o caráter generalizado dos obcecados homens de negócios petrolíferos, que não admitem ver nada nem ninguém à frente de seus interesses.
E o Brasil com isso?
Certamente, não é por acaso que o Brasil é o país mais vigiado do mundo pelo regime norte-americano neste ano. Desde que o petróleo pré-sal foi descoberto em 2008, os EUA reativaram a IV Frota Naval, desativada desde a II Guerra Mundial, e a estacionaram na região brasileira onde ainda segue rondando.
Terá sido mera coincidência ainda que, justamente neste ano de 2013, houve a tal “Primavera” enigmática, que ate hoje nem a sociedade partícipe sabe explicar o que ocorreu e o que foi fazer nas ruas? Não custa pensar. É obrigação jornalística questionar – com base nos fatos, e eles não faltam...
Há diversos indícios, alguns deles muito fortes de que se trataram de Bandeira Falsa, isto é, movimentos artificialmente criados pelos porões do poder, neste caso os porões de Tio Sam, para atingir seus objetivos políticos. Um deles é exatamente o fato de o Brasil ter sido o mais espionado, em todos os setores, nos últimos meses.
Outro indício reside no fato de que a “Primavera” se esvaziou da mesma maneira que o que se assemelhou a um efeito dominó começou – o que poucos na Imprensa se recusaram a sequer considerar –, conforme colocamos no início. Esvaziou-se exatamente quando ficou claro que nada seria alterado no cenário político, econômico. É semelhante a uma manipulação isso?
Se as manifestações de junho-julho tivessem sido fruto de amadurecimento social, o auge delas teria se dado exatamente quando se exauriu – recusa à reforma política, a políticas sociais, perante a espionagem norte-americana sob conivência midiática e política entre tantas outras coisas que seguem perante a mesma apatia e indiferença social de sempre no país, de um modo geral. Se a Primavera tupiniquim fosse consistente, as vítimas da cidade de Santa Maria e seus assassinos não teriam sido esquecidos.
Outro ponto intrigante é que deputados conclamaram em julho novas manifestações: políticos no Brasil desejando o povo nas ruas? Sim, os mesmos que têm brecado as tentativas de políticas sociais de Dilma, e impedido até mesmo uma reforma política (leia Mau Presságio: Deputados conclamam novas manifestações massivas, aqui no OI: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed758_deputados_conclamam_novas_manifestacoes_massivas).
A sociedade brasileira saiu com perfeita sincronia às ruas, de Norte a Sul do país, e com uma clara organização reacionária que foi muito além dos cartazes solicitando volta à ditadura militar. Os jornalões, famosos por seu ultraconservadorismo, apoiaram as manifestações repentinamente, e com discurso muito semelhante ao das vésperas do Golpe de 64.
“Este não foi um movimento partidário. Dele participaram os setores conscientes da vida política brasileira”, publicou o Globo: qualquer cidadão bem informado acreditaria que tais palavras foram veiculadas neste ano, mas disseram respeito ao Golpe de 64, tendo sido publicadas em 2 de abril daquele ano.
Um movimento nascido nos Estados Unidos, "Change", promoveu nas primeiras semanas das manifestações a corrente "Change Brazil”, enquanto "curiosamente" ele, nada menos que proprietário do Facebook, Mark Zuckerberg, passou a defender mudanças no Brasil posando para fotos com cartaz escrito "Change Brazil”.
O Facebook foi criado pela CIA, e Zuckerber, que nunca teve nenhuma relação com o Brasil, é um laranja da Inteligência dos EUA. A mesma rede social que, naqueles dias de junho, bloqueou por seis dias a página do semanário progressista Brasil de Fato.
Pouco antes das manifestações deste ano, a mesma Folha de S. Paulo que apoiou a ditadura militar até logisticamente, realizava pesquisas bastante tendenciosas no sentido de um retorno à ditadura, o que se seguiu no início dos protestos em junho (ver reportagem do Brasil de Fato: http://www.brasildefato.com.br/node/13304).
A presidente Dilma, cujo governo é realmente passível de inúmeros protestos, possuía índices de aprovação variando na casa dos 50%, popularidade jamais alcançada por um presidente da República em 3º ano no 1º mandato. Resta a pergunta nunca respondida, ou nunca feita, sequer: de onde e como surgiu tanta revolta, e generalizada, e da noite para o dia?
Seja como for, uma coisa é certa: a presidente Dilma trai uma vez mais sua história. E por quê? O poder corrompe tanto a este ponto? Se nossa presidente teme pelo mandato ou não, se de alguma maneira se beneficia financeiramente ao servir não à sociedade com o leilão de Libra, mas ao entregar às grandes corporações transnacionais nosso petróleo, parece certo que garante a estabilidade de seu governo.
Com nossa presidente fazendo a lição de casa, obediente ao capital estrangeiro desta forma, o Brasil pode ficar tranquilo: a Copa do Mundo será um sucesso reinando na mais absoluta paz, e Dilma entregará a taça ao campeão no Maracanã sob aplausos entusiasmados de todo o mundo – sobretudo do brasileiro. Para bom entendedor, meia palavra basta.
Passou da hora de enxergarmos a realidade, e temos a era da informação global e em tempo real a nosso dispor: quem governa este mundo e toma decisões são invisíveis, e eles são os homens do petróleo, dos bancos, da mídia de massa, da Indústria farmacêutica, dos alimentos e das transnacionais em geral, que ditam princípios e controlam mentes. Até quando seremos fantoches, e quanto tempo mais temeremos nós enxergar a evidente realidade, é outra intrigante questão que se coloca hoje.
Apenas um governo efetivamente comprometido com educação que torne possível uma verdadeira primavera social, pode salvar este país – e falando nisso, onde está o grosso do povo nas ruas de Norte a Sul agora, a fim de protestar por Libra? Pois é.
***
Eduardo Montesanti Goldoni é escritor e professor
Se não substituído, talvez pudesse ser acrescido no título o verbo servir a temer: A quem teme e serve Dilma?
No Brasil, dada a formação de nossa sociedade e a influência secreta norte-americana em todos os segmentos do Estado, seria muito mais provável que houvesse uma nova “Primavera” se Dilma não leiloasse o campo de Libra. Reconstruindo nossa história recente no contexto da realidade global, desconstruídas não por acaso pela velha mídia envelhecida, fica bem claro que muita água anda passando por debaixo dos porões do poder sem o conhecimento público.
Pois o que a tal “Primavera Brasileira” de junho-julho e seu posterior esvaziamento, tão repentino quanto a própria “revolução” que pegou sociólogos com o calção na mão, têm a ver com a corrupção empresarial e política somada à indiferença societária, por exemplo, em relação ao pior incêndio da história do Brasil que ceifou 242 vidas inocentes em Santa Maria em janeiro, com o horror do 11 de Setembro e o esquecimento midiático no que diz respeito às provas que desmentem as versões oficiais que levaram à “Guerra ao Terror”, mais sangrenta pós-II Guerra Mundial, com o sensacionalismo, tendencionismo e todo o reducionismo bem conhecidos do antijornalismo nacional, com golpes, sabotagens e manifestações populares comprovadamente artificiais ao redor do globo, com a espionagem revelada por Edward Snowden e WikiLeaks, e com o atual leilão do Campo de Libra? É altamente provável que tenham absolutamente tudo a ver. Neste caso, nossa presidente teme, serve, ou teme e serve?
Tanto quanto nenhum desses assuntos pode ser fragmentado em “cadernos”, físicos e intelectuais conforme reducionista prática – não gratuitamente nem por ingenuidade – dos principais meios de comunicação, já ensinada agressivamente nas faculdades de Jornalismo deste país: “Incêndio é incêndio! Petróleo é petróleo! 11 de Setembro é 11 de Setembro! Guerra ao Terror é Guerra ao Terror! Espionagem é espionagem! Primavera é Primavera! Golpe é golpe! É assim que os jornais fazem, é assim que você deve se adaptar a fazer, ou crie um jornal só para você!”.
Assim, desconecta-se um fato do outro em um mundo globalizado e, somado à arte incomparável da mídia tradicional de jogar com as palavras e notícias pela metade, em dar voz a um só lado e em criar factoides, desconstrói-se a realidade. Assim, forma-se nas redações um bando de publicitários e marqueteiros de governos e corporações, não jornalistas na acepção da palavra embora atendam e sejam aceitos como tais. O jornalista Lúcio Flávio Pinto ouviu algo bem semelhante às exclamações do parágrafo anterior dos chefes de redação em Belém no Pará, o que o motivou a fundar o belo Jornal Pessoal, que lhe tem valido seguidas ameaças de morte.
Enquanto o fantasma de uma nova “revolução”, ainda mais acentuada, durante a Copa do Mundo no ano que vem em plenas vésperas eleitorais ronda perturbadoramente o Palácio do Planalto hoje, as perguntas iniciais bem como suas implicações, desde o início, a “grande” mídia “patriota” – apenas quando esse pobre discurso serve para defender oportunisticamente seus interesses como por ocasião do Golpe de 64, que ela promoveu – tem se negado a fazer, ou impedido a reflexão ao não construir a realidade do país e do mundo, enquanto desinformante de gala com sua avalanche de fraseologia, factoides e informações manipuladas sempre pendendo ao mesmo lado, ouvindo sempre as mesmas vozes sem levar conhecimento, apenas embaralhando as mentes alheias enquanto escreve a “história” ditada pelos porões do poder que a sustentam.
Uma reconstrução da verdade dos fatos no que diz respeito à recente conjuntura, brasileira e global, levanta inevitavelmente sérios questionamentos, os quais a mídia tenta evitar a todo custo, sobre outro roubo de uma das maiores riquezas brasileiras, desta vez envolvendo o Campo Petrolífero de Libra na Bacia de Santos.
Sem uma análise do contexto mais amplo que envolve isso tudo, uma vez mais a sociedade estará fadada a um daqueles inúmeros e precários “debates” que terminam, desmancham-se no ar, caem no mais absoluto esquecimento sem que ninguém jamais saiba o que ocorreu, seguindo idênticos tanto o status quo do assalto às riquezas da nação quanto a compreensão alheia, imposta pelos usurpadores do poder que se utilizam do “jornalismo” para especular, criar mitos, usar e abusar das frases de efeito, não investigar nada e estigmatizar muito, investigação que é matéria-prima do ofício jornalístico.
Petróleo, política, grandes corporações e mídia
“A maioria dos meios de comunicação – jornais, revistas, editoras, emissoras de TV e estações de rádio – é de propriedade de grandes corporações internacionais, as quais não têm o menor escrúpulo em manipular as notícias que divulgam” – John Perkins no livro Confessions of an Economic Hit Man (Confissões de um Assassino Econômico).
O norte-americano John Perkins, ex-economista de alto escalão do Banco Mundial, do FMI, de diversas instituições financeiras internacionais e inclusive da MAIN, empresa-braço da mesma Agência de Segurança Nacional onde trabalhou Edward Snowden, hoje um dos principais motivos de suas denuncias por práticas de espionagem global e sabotagens contra governos, empresas e civis ativistas, abriu mão de seus altos cargos em depressão no início dos anos de 1980 por presenciar, em suas missões em todo o mundo, a dependência e a pobreza causada pelos regimes de seu país através dos grandes bancos, das grandes corporações e da mídia.
Após denúncias como a apontada mais acima logo que deixara as grandes corporações financeiras, Perkins veio a sofrer ameaças de morte e calou-se. Quando vieram os atentados de 11 de setembro de 2001, acreditou não poder ficar calado, voltou a fazer sérias denúncias e escreveu o referido livro traduzido a vários idiomas, inclusive ao português. Contudo, Perkins é um ilustre desconhecido no Brasil, a que pesem a importância de seu cargo de outrora, e a dimensão de suas revelações.
Dentre as denúncias de sabotagens contra economias nacionais, exatamente como se dá na Venezuela, Bolívia, Argentina e no Equador hoje, está a de que agências de fachada da CIA tais como DEA e Usaid, expulsas exatamente dos países acima mencionados, servem a esses poderes conspiratórios (resenha do livro de Perkins no sítio norte-americano Want to Know, jornalismo investigativo dos mais amplos e acurados do mundo, através desta ligação: http://www.wanttoknow.info/johnperkinseconomichitman).
Nenhuma novidade a ninguém, o petróleo tem sido motivo de comprovadas “primaveras” artificiais tais como no Irã em 1953, no Afeganistão em 1979, no Iraque em 2003, no Egito desde 2011 (não possui reservas petrolíferas, mas o país desempenha papel geoestratégico preponderante) às grandes potências na Líbia em 2011, e as tentativas de golpe e assassinato contra o presidente venezuelano Hugo Chávez em 22 e 26, e as constantes tentativas de golpe e magnicídio contra o presidente que o substituiu, Nicolás Maduro, desde que este assumiu o posto em abril deste ano.
Por outro lado, políticas entreguistas quanto a este produto têm garantido a manutenção de poderes e seus privilégios, sem maiores conturbações nacionais. Vejamos, como exemplo, cada um dos antecessores e sucessores das vítimas de bombardeios midiáticos, políticos e até físicos mencionados acima – xá Reza Pahlevi no Irã, senhores da guerra no Afeganistão, Nouri al-Maliki e Jalal Talabani no Iraque, os militares no incerto Egito de hoje, assim como na Líbia, e os históricos governos fantoches da Venezuela. Esses são apenas alguns exemplos.
No Equador, o presidente Rafael Correa denunciou recentemente, apresentando provas, os crimes ambientais da Chevron. Correa, eleito e reeleito democraticamente com maciço apoio popular, é massacrado pela mídia internacional por práticas como esta que marcam sua política anti-imperialista.
Chamam-no de ditador com base em jogo de palavras: se no Brasil se preguntar aos consumidores de desinformação o porquê de o presidente equatoriano supostamente ser ditador, ninguém saberá responder, mas já está imposto no subconsciente da sociedade que se trata de um político antidemocrático.
Tal distorção pode ser explicada em fatos assim: a Chevron juntou-se à Unocal, exploradora e comercializadora de petróleo sediada no estado norte-americano do Texas. A Unocal ea Hulliburton – esta prestadora de serviços para campos petrolíferos e de engenharia e construção de propriedade do ex-vice de Bush filho, Dick Cheney – propuseram, pessoalmente aos talibans emmaio de 2001,a criação de gasodutos e oleodutos que passassem pelo solo afegão ligando o Oriente Médio à região da ex-União Soviética.
Anteriormente, em maio de 1997no Texas, onde Bush era governador à época, a empresa de Cheney havia recebido uma delegação do taliban em cuja reunião conseguiu contrato para exploração de campos petrolíferos no Afeganistão, tendo a BBC de Londres, sido o único meio de comunicação a veicular o fato (Taleban to Texas for Pipeline Talks, http://news.bbc.co.uk/2/hi/world/west_asia/36735.stm).
Um ano antes, logo que o Taliban havia assumido o cruel poder no Afeganistão, a Unocal abrira escritório na cidade afegã de Kandahar, em frente à mansão de Bin Laden, com cuja família os Bush mantêm negócios petrolíferos desde fins da década de 1960.
Da reunião do Departamento de Estado dos EUA com os talibans em Washington às vésperas de 11 de setembro de 2001, e seis meses após o ataque suicida contra o destroier marinho norte-americano USS Cole, reivindicado pelo abrigado taliban, ele mesmo, Osama bin Laden, precariamente noticiado pela mídia internacional, o então presidente Bush decidiu pela “ajuda humanitária” ao grupo extremista afegão, da ordem de 43 milhões de dólares totalizando 124,2 milhões dos EUA previstos para aquele ano. A CNN publicou reportagem intitulada U.S. gives $43 million to Afghanistan (http://edition.cnn.com/2001/US/05/17/us.afghanistan.aid/), para nunca mais tocar no assunto e ainda desvirtuar, no futuro imediato especialmente pós-atentados do 11 de Setembro, a política norte-americana no Afeganistão.
O ponto crucial dessas reuniões que vem de encontro ao centro da questão aqui colocada, é que não houve negócio entre Washington e o Taliban para a construção dos dutos: poucos meses depois, viria o 11 de Setembro e o regime taliban seria derrubado do poder afegão, oficialmente, em dezembro de 2001 devido à invasão norte-americana, que recusou todas as vias diplomáticas e jurídicas apresentadas pelos afegãos para evitar a guerra.
No mesmo mês, Bush aponta Hamid Karzai para presidir o Afeganistão. Detalhe: Karzai era consultor de alto escalão da Unocal no Texas, e logo autoriza as empresas petrolíferas norte-americanas a construir os dutos em solo afegão.
Em 2004, Julie Stirrs, ex-funcionária da agência de Inteligência norte-americana DIA, denunciou que a Unocal providenciara dinheiro para que o Taliban assumisse o poder afegão em 1996. Pouco depois, o jornalista francês Richard Labesvière faria coro com Julie: a Unocal e a CIA forneceram armamentos militares e treinamento a diversas milícias talibans.
A mídia não recorda, por nada vale apontar, as torrentes provas que contradizem versões oficiais para os atentados do 11 de Setembro, simplesmente maiores em solo norte-americano em toda a história que motivaram a infinita “Guerra ao Terror”, além do que Bin Laden não apenas não foi jamais levado a nenhum tribunal, antes negou participação naqueles ataques em entrevista ao jornal Ummat do Paquistão em 28 setembro de 2001 (http://www.globalresearch.ca/interview-with-osama-bin-laden-denies-his-involvement-in-9-11), e em discurso enviado à TV Al-Jazeera do Qatar no mês seguinte (http://www.aljazeera.com/archive/2004/11/200849163336457223.html), emissora bombardeada pelo caçador de jornalistas e escritores, George Bush, no Afeganistão naquele mesmo ano e no Iraque em 2003 após ter sido intimada a deixar ambos os países pelo regime de Washington.
Bush, que sempre contou com a “grande” mídia, classificou de Teoria da Conspiração todas as evidências apresentadas que desfizeram as versões oficiais para o que envolveu o 11 de Setembro. Na realidade, trata-se da Teoria da Verdade e o tempo, voz no deserto, tem confirmado. Não há como entender o mundo hoje sem ter uma compreensão clara das implicações do atentado de 11 de setembro de 2001, de seus antecedentes – que muitas vezes se apresentaram como “Guerra ao Comunismo”, com o mesmo espírito imperialista –, e dos subsequentes anos marcados pela “Guerra ao Terror” e a falta de liberdade imposta pelo regime de Washington – ou pela “Guerra às Drogas” do país cuja sociedade é a maior consumidora de drogas do mundo: o espírito é o mesmo da “Guerra ao Terror” e da perpétua “Guerra ao Comunismo”, que ainda hoje insiste em voltar, tudo isso a fim de espalhar bases militares dos EUA ao redor do globo, justificar abusos governamentais e atender os interesses regionais e econômicos do regime de Washington.
Recentemente, em nada noticiados pela mídia tupiniquim, WikiLeaks liberou cabos em que agentes da CIA confessam que o corpo do saudita de origem iemenita não fora jogado ao mar, conforme havia jurado, sob suspeitas mundiais, a administração de Barack Obama (http://rt.com/news/osama-body-wikileaks-stratfor-949/), não menos caçador de comunicadores que seu antecessor na Casa Branca.
Para a manutenção do poder e aumento indiscriminado do lucro, essas empresas, seus políticos e os politiqueiros da mídia valem-se de todo tipo de manipulação como apontou Perkins, inclusive de espionagem em massa trazida à tona por Snowden e Julian Assange.
Enquanto isso, é ocultado da sociedade brasileira que sob o governo de Correa o Equador tornou-se um dos países mais igualitários da América Latina, possui o maior número de estudantes matriculados em universidades públicas e a mídia foi democratizada em substituição às leis da ditadura, seguindo regulação midiática existente em nações mais democráticas do mundo a qual estabelece que 33% das frequências vão para meios privados, 33% para públicos e 33% para os comunitários, o que permitirá aos índios, historicamente afastados da prática midiática em todo o continente, terem seu espaço -, e coibir abusos cometidos por alguns setores da Imprensa equatoriana, prática acentuadamente tradicional na América Latina, fortemente marcada por regimes ditatoriais e por influências externas na histórica ditadura da informação, valendo-se justamente da ausência de leis não contra a liberdade de expressão, mas contra a liberdade das empresas de mídia, transformada, naturalmente, em interesses corporativos em detrimento do público.
Ao passo que o presidente equatoriano afirmou que “com a prática da nova política da comunicação, fica assegurada plena e totalmente a liberdade de expressão, mas com responsabilidade e sem permitir abusos”, o jornal O Estado de S. Paulo alegou que “uma nova lei sobre os meios de comunicação que cria organismos de controle sobra a atividade jornalística [grifo nosso]”, como se os jornalistas e seus patrões fossem os únicos cidadãos que não devam possuir leis pré-estabelecidas para exercer suas funções.
Pois o jornalão foi além na arte de distorcer a realidade dos fatos, com sua típica fraseologia: “A lei também institui a figura jurídica do ‘linchamento midiático’, destinada a defender criticados pela imprensa. Começará um período muito complicado para a imprensa privada e para o jornalismo independente no Equador”.
Mídia: Ausência de critério e tendencionismo
Esquecimento e ocultamento das informações de um lado e bombardeio midiático do outro escolhem muito bem o local e ocasião, sempre de maneira sistemática. Aos barões da mídia, pau que bate em Pedro nunca bate em João.
Foram precariamente noticiado pela “grande” mídia brasileira e internacional, as recentes revelações de que a CIA derrubara o governo democrático do nacionalista Mohammed Mossadegh no Irã, em 1953, usando como escusa a “ameaça comunista” valendo-se de incitação de manifestações populares artificiais, produzidas nos porões dos serviços de espionagem dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha.
No Afeganistão em 1979, contrariando o discurso que perdurou por quase duas décadas, vieram a público membros do regime norte-americano de então, posteriormente confirmados pelo próprio presidente Jimmy Carter à época, declarando que a invasão dos EUA antecedera à da União Soviética, com um detalhe: deu-se de maneira secreta, através da CIA. Com a palavra, nada melhor que Zbigniew Brzezinski, conselheiro de Segurança Nacional de Carter, em entrevista ao semanário francês Le Nouvel Observateur, em janeiro de 1998(http://www.globalresearch.ca/articles/BRZ110A.html):
“O envolvimento dos Estados Unidos no Afeganistão antecedeu ao da União Soviética, contrariando a versão oficial de que a ajuda da CIA aos mujahidin [“combatentes” em árabe; estes, viriam ser talibans, membros da Aliança do Norte e da Al-Qaeda, entre eles o mulá Omar e Bin Laden] começou durante os anos de 1980, quer dizer, após o Exército soviético ter invadido o Afeganistão no final de 1979.
“Foi em 3 de julho de 1979 quando o presidente Carter assinou a primeira diretiva para ajuda secreta aos oponentes do regime pró-soviético [o então primeiro-ministro afegão, Nur Mohammad Taraki, havia promovido amplas reformas sociais tais como reforma agrária e menos extremismo religioso, tendo sofrido insurreições populares; impulsionadas pela CIA. Também seria revelado com detalhes anos mais tarde que os Estados Unidos criaram as madrassas, escolas islamitas radicais que pregam a violência no vizinho Paquistão].
“E naquele mesmo dia, escrevi uma nota ao presidente, na qual expliquei que, na minha opinião, tal ajuda induziria a uma intervenção militar soviética. Foi uma ideia excelente. Teve o efeito de atolar os russos no Afeganistão. No dia em que os soldados soviéticos cruzaram a fronteira, escrevi ao presidente Carter: ‘Temos a oportunidade de dar à União Soviética sua Guerra do Vietnã”.
No seguinte vídeo, o mesmo Brzezinski discursa a radicais islamitas afegãos em 1979, incitando-os ao radicalismo religioso: http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=d4lf0RT72iw. O sítio norte-americano Council on Fpreign Relations apresentou ampla reportagem sobre a criação das madrassas, apoiadas pela CIA e países aliados na região, tais como Arábia Saudita e Emirados Árabes, em The ISI and Terrorism: Behind the Accusations (O ISI [Inteligência paquistanesa] e o Terrorismo: Por Trás das Acusações): http://www.cfr.org/pakistan/isi-terrorism-behind-accusations/p11644
No Iraque, o Plano P2OG elaborado e colocado em prática por Donald Rumsfeld, secretário de Defesa de George Bush, visava incitar cidadãos locais a fim de justificar a invasão norte-americana apoiada no discurso antiterrorista.
Conforme abordamos no livro Mentiras e Crimes da “Guerra ao Terror” (ver aqui: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed718_a_maior_mentira_da_historia):
“Venda do Iraque - Têm sido feitos contratos privados durante a dita "reconstrução" do Iraque, o que viola a convenção internacional que governa a conduta das forças ocupantes, a Convenção de Haia de 1907, e até mesmo o código de ética do exército norte-americano. As regras de Haia afirmam que "uma potência ocupante deve respeitar as leis vigentes no país". A Autoridade Prisional da Coalizão, todavia, tem destruído esta simples norma e também a Constituição do Iraque, que proíbe a privatização de importantes bens do Estado, ou a possessão de empresas locais por parte de estrangeiros.
“Em menos de três meses de guerra, porém, a administração da Coalizão liderada pelo norte-americano e ex-embaixador Paul Bremer acabou com esses dispositivos e, finalmente, em 19 de setembro de 2003, Bremer colocou em vigência a Ordem 39, que autorizou a privatização de 200 empresas estatais, além do decreto que prevê que empresas estrangeiras podem apropriar-se de 100% dos bancos, minas e fábricas, permitindo-lhes levar 100% de seus ganhos. Houve alerta do Procurador Geral da Grã-Bretanha, Peter Goldsmith, em memorando de 26 de março de 2003, no qual dizia que "a imposição de reformas estruturais não está autorizada pela lei internacional", mas tal documento, no entanto, tem sido ignorado pelas forças de ocupação.
“Ainda que a venda do Iraque tivesse sido levada à cabo com transparência e em licitações abertas, seguiria sendo ilegal pela simples razão que o país não pertence aos Estados Unidos, pelo contrário, é um país soberano. Segundo vários especialistas em legislação internacional, isso significa que se o próximo governo decidir nacionalizar novamente os bens privatizados pelos ocupantes, terá poderosos argumentos legais para isso (mas pelo que a história da política opressora norte-americana nos mostra, se isso ocorrer certamente os EUA, alegando "prédicas comunistas de nacionalização", declararão a Terceira Guerra do Golfo...). Como resposta a esse saque norte-americano no país, claro, a violência, as explosões de oleodutos como forma de protesto e os casos de homens-bomba iraquianos suicidando-se têm aumentado vertiginosamente.
“A lei de Guerras Terrestres das Forças Armadas norte-americanas afirma que "o ocupante não tem o direito de vender ou utilizar de maneira desqualificada a propriedade (civil)". Realmente, o fato de bombardearem um território não dá direito aos atacantes de vendê-lo. O Iraque tem dívida externa de U$ 127 bilhões, que se triplica levando-se em conta as indenizações exigidas pelos vizinhos árabes, por perdas na I Guerra do Golfo, mas os EUA querem que a renda petrolífera seja usada para financiar negócios ali em proveito de firmas estadunidenses, não para pagar dívidas com quem quer que seja.
“Perante tudo isso, até a Casa Branca, que sempre soube exatamente quais eram as possibilidades militares do Iraque, visto que ela mesma o armou, encontra hoje seríssimas dificuldades para justificar a invasão ao país, outrora sob argumentos democráticos e libertários. Os EUA, até o primeiro quarto do século XX possuidor da maior reserva petrolífera do mundo, importam hoje dois terços do petróleo que consomem, e essa taxa tende a aumentar muito. As evidências sobre as intenções da Casa Branca estão todas aí, já não há mais como ocultá-las.”
Na Venezuela, país mais rico em petróleo do continente que nacionalizou suas reservas e se livrou das garras da ditadura econômica do FMI e do Banco Mundial, três agentes secretos travestidos de diplomatas foram expulsos do país tentando incitar insurreições no estado de Bolívar, governado pela oposição ao presidente Nicolás Maduro, quem sofre impiedoso bombardeio midiático, tudo isso abordado detalhadamente neste Observatório na edição 767, em Expulsão de diplomatas dos EUA e desinformação midiática:
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed767_expulsao_de_diplomatas_dos_eua_e_desinformacao_midiatica
A informação é maior arma do cidadão, e justamente por isso a mídia predominante trata de não informar ou, quando se torna impossível ignorar fatos como estes, minimizá-los, distorcê-los e logo se esquecer deles, como já aconteceu com a espionagem massiva made in USA revelada por Snowden, e antes por WikiLeaks.
Trata-se da Imprensa contando a história que lhe é ditada pelos donos do poder, muitas vezes proprietários dos meios de comunicação como denunciou Perkins, colocando os fatos fora de contexto, confundindo a opinião pública e desconstruindo a realidade social, política e econômica. E as megacorporações que controlam o mundo, especialmente petrolíferas cujo produto com que trabalham é objeto de obsessão por questões óbvias, não possuem escrúpulos para manipular como afirmou Perkins, e como vimos nesse breve histórico baseado em fatos, não hesitam em sabotar, conspirar, aplicar golpes e assassinar. Apenas nos EUA, foram quatro escritores assassinados pela CIA, Philip Marshall, J.H. Hatfield, Gary Webbe Hunter S. Thompson,e tudo indica que um político também – Paul Wellstone (reportagem sobre a morte deste, aqui: http://www.wsws.org/en/articles/2002/10/well-o29.html).
ABC Newsa Bush, em 2008, último ano de Bush na Casa Branca: - A Al-Qaeda só entrou e passou a agir no Iraque após a invasão norte-americana ao Afeganistão, e ao próprio Iraque em 2003.
Resposta de Bush: - E daí?
ABC Newsao vice de Bush, Dick Cheney, no mesmo ano: - 70% dos cidadãos norte-americanos aprovam retirada imediata das tropas dos Estados Unidos do Iraque.
Resposta de Cheney: - E daí?
Esses é o caráter generalizado dos obcecados homens de negócios petrolíferos, que não admitem ver nada nem ninguém à frente de seus interesses.
E o Brasil com isso?
Certamente, não é por acaso que o Brasil é o país mais vigiado do mundo pelo regime norte-americano neste ano. Desde que o petróleo pré-sal foi descoberto em 2008, os EUA reativaram a IV Frota Naval, desativada desde a II Guerra Mundial, e a estacionaram na região brasileira onde ainda segue rondando.
Terá sido mera coincidência ainda que, justamente neste ano de 2013, houve a tal “Primavera” enigmática, que ate hoje nem a sociedade partícipe sabe explicar o que ocorreu e o que foi fazer nas ruas? Não custa pensar. É obrigação jornalística questionar – com base nos fatos, e eles não faltam...
Há diversos indícios, alguns deles muito fortes de que se trataram de Bandeira Falsa, isto é, movimentos artificialmente criados pelos porões do poder, neste caso os porões de Tio Sam, para atingir seus objetivos políticos. Um deles é exatamente o fato de o Brasil ter sido o mais espionado, em todos os setores, nos últimos meses.
Outro indício reside no fato de que a “Primavera” se esvaziou da mesma maneira que o que se assemelhou a um efeito dominó começou – o que poucos na Imprensa se recusaram a sequer considerar –, conforme colocamos no início. Esvaziou-se exatamente quando ficou claro que nada seria alterado no cenário político, econômico. É semelhante a uma manipulação isso?
Se as manifestações de junho-julho tivessem sido fruto de amadurecimento social, o auge delas teria se dado exatamente quando se exauriu – recusa à reforma política, a políticas sociais, perante a espionagem norte-americana sob conivência midiática e política entre tantas outras coisas que seguem perante a mesma apatia e indiferença social de sempre no país, de um modo geral. Se a Primavera tupiniquim fosse consistente, as vítimas da cidade de Santa Maria e seus assassinos não teriam sido esquecidos.
Outro ponto intrigante é que deputados conclamaram em julho novas manifestações: políticos no Brasil desejando o povo nas ruas? Sim, os mesmos que têm brecado as tentativas de políticas sociais de Dilma, e impedido até mesmo uma reforma política (leia Mau Presságio: Deputados conclamam novas manifestações massivas, aqui no OI: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed758_deputados_conclamam_novas_manifestacoes_massivas).
A sociedade brasileira saiu com perfeita sincronia às ruas, de Norte a Sul do país, e com uma clara organização reacionária que foi muito além dos cartazes solicitando volta à ditadura militar. Os jornalões, famosos por seu ultraconservadorismo, apoiaram as manifestações repentinamente, e com discurso muito semelhante ao das vésperas do Golpe de 64.
“Este não foi um movimento partidário. Dele participaram os setores conscientes da vida política brasileira”, publicou o Globo: qualquer cidadão bem informado acreditaria que tais palavras foram veiculadas neste ano, mas disseram respeito ao Golpe de 64, tendo sido publicadas em 2 de abril daquele ano.
Um movimento nascido nos Estados Unidos, "Change", promoveu nas primeiras semanas das manifestações a corrente "Change Brazil”, enquanto "curiosamente" ele, nada menos que proprietário do Facebook, Mark Zuckerberg, passou a defender mudanças no Brasil posando para fotos com cartaz escrito "Change Brazil”.
O Facebook foi criado pela CIA, e Zuckerber, que nunca teve nenhuma relação com o Brasil, é um laranja da Inteligência dos EUA. A mesma rede social que, naqueles dias de junho, bloqueou por seis dias a página do semanário progressista Brasil de Fato.
Pouco antes das manifestações deste ano, a mesma Folha de S. Paulo que apoiou a ditadura militar até logisticamente, realizava pesquisas bastante tendenciosas no sentido de um retorno à ditadura, o que se seguiu no início dos protestos em junho (ver reportagem do Brasil de Fato: http://www.brasildefato.com.br/node/13304).
A presidente Dilma, cujo governo é realmente passível de inúmeros protestos, possuía índices de aprovação variando na casa dos 50%, popularidade jamais alcançada por um presidente da República em 3º ano no 1º mandato. Resta a pergunta nunca respondida, ou nunca feita, sequer: de onde e como surgiu tanta revolta, e generalizada, e da noite para o dia?
Seja como for, uma coisa é certa: a presidente Dilma trai uma vez mais sua história. E por quê? O poder corrompe tanto a este ponto? Se nossa presidente teme pelo mandato ou não, se de alguma maneira se beneficia financeiramente ao servir não à sociedade com o leilão de Libra, mas ao entregar às grandes corporações transnacionais nosso petróleo, parece certo que garante a estabilidade de seu governo.
Com nossa presidente fazendo a lição de casa, obediente ao capital estrangeiro desta forma, o Brasil pode ficar tranquilo: a Copa do Mundo será um sucesso reinando na mais absoluta paz, e Dilma entregará a taça ao campeão no Maracanã sob aplausos entusiasmados de todo o mundo – sobretudo do brasileiro. Para bom entendedor, meia palavra basta.
Passou da hora de enxergarmos a realidade, e temos a era da informação global e em tempo real a nosso dispor: quem governa este mundo e toma decisões são invisíveis, e eles são os homens do petróleo, dos bancos, da mídia de massa, da Indústria farmacêutica, dos alimentos e das transnacionais em geral, que ditam princípios e controlam mentes. Até quando seremos fantoches, e quanto tempo mais temeremos nós enxergar a evidente realidade, é outra intrigante questão que se coloca hoje.
Apenas um governo efetivamente comprometido com educação que torne possível uma verdadeira primavera social, pode salvar este país – e falando nisso, onde está o grosso do povo nas ruas de Norte a Sul agora, a fim de protestar por Libra? Pois é.
***
Eduardo Montesanti Goldoni é escritor e professor
Fonte: Observatório da Imprensa
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