Maria do Carmo e Nivaldo Lima participam do Dia Internacional da Mulher representando a Associação Chico Inácio
Pela primeira vez, portadores de transtorno mental participam da programação do Dia Internacional da Mulher na cidade de Manaus
Depois de organizar duas Paradas do Orgulho Louco, a Associação Chico Inácio (ACI) - ong que atua no campo da defesa dos direitos civis e políticos dos portadores de transtorno mental (PTM) - continua fazendo da inclusão social e da redução do preconceito sua bandeira de luta. Nessa trajetória, a cada dia faz novas parcerias com outros movimentos sociais de Manaus.
Para Nivaldo Lima, associado da ACI, a data de 8 de março não poderia passar em branco para os PTM: "Em todas as famílias que convivem com o transtorno mental é sempre uma mulher que está por trás dos cuidados oferecidos a quem sofre... se não é mãe, é esposa ou filha".
Muitas mulheres cuidadoras de PTM não têm outro projeto de vida que não seja a provisão de cuidados, tão desigual numa sociedade habituada a conviver com os baixos investimentos no campo da saúde mental por parte dos poderes públicos, como no caso de Manaus que, até agora, só tem um CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) para cuidar de adultos com transtorno mental.
Segundo a psicóloga Nivya Valente, secretária da Associação Chico Inácio, "é nítida a perversa desigualdade na provisão de cuidados aos PTM, cabendo às famílias, em especial às mulheres, o ônus desse fato social. Não se faz inclusão social de portadores de transtorno mental sem uma rede de CAPS, com seus projetos terapêuticos personalizados. Sem essa rede de CAPS não é possível a construção da cidadania dos PTM, tampouco a emancipação das mulheres cuidadoras, para que elas possam exercitar o direito de criar outros projetos de vida".
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