março 22, 2007

Pelotas: mídia solidária

Foto: Rogelio Casado - Abraço simbólico - Dia Mundial de Saúde Mental, Manaus, 10.10.2004












Nota: Dos três abraços simbólicos realizados por portadores de transtorno mental da Associação Chico Inácio, Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro e pela Coordenação de Saúde Mental da Secretaria de Estado da Saúde, um dos mais expressivos deu-se em torno do Teatro Amazonas, ícone da cultura amazonense. Por decisão do Secretário de Cultura, Robério Braga, todos que participaram do evento foram recepcionados pela Orquestra Filarmônica do Amazonas. Inesquecível. A mídia esteve presente. Sem seu apoio a luta pela redução do preconceito social e a inserção de portadores de transtorno mental na vida da cidade torna-se mais árdua. O caso de Pelotas é exemplar: uma das cidades pioneiras do estado do Rio Grande do Sul a implantar Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), tem na mídia um forte aliado na defesa de uma sociedade sem manicômios. Leia a cobertura feita pelo Diário Popular ao povo da CAPS Castelo, que está passando por dificuldades.

Diário Popular
Quinta-feira, 22 de março de 2007

Usuários do Caps abraçam Castelo e pedem mais atenção à Saúde Mental
Pablo Rodrigues

Cerca de 250 usuários oriundos dos sete Centros de Atenção Psicossocial (Caps) de Pelotas realizaram protesto ontem à tarde no Castelo Simões Lopes para reivindicar soluções urgentes a problemas como a falta de medicamentos, alimentação e psiquiatras no serviço de Saúde Mental prestado pela Prefeitura. A manifestação teve ainda outro objetivo: pedir que o Caps Castelo volte a funcionar no Castelo.

Críticas à atuação da coordenadora da Saúde Mental na cidade, Júlia Frio, não faltaram no protesto. "Por que a coordenadora não chega nos Caps? O que ela tem contra nós? Por que não nos ouve?", questionava junto ao microfone Otacília Bataglia Posta, usuária do Caps Castelo há 13 anos.

Durante a manifestação - pacífica - usuários e profissionais deram-se as mãos, formaram uma corrente e abraçaram simbolicamente o Castelo Simões Lopes. "Tenho amor ao Castelo. É como a casa da gente. Minha história e a de muitos outros está aqui dentro também", afirmou Otacília.

No local do protesto - apoiado pelos Caps de São Lourenço do Sul e Rio Grande - diversas faixas reafirmavam a opinião de Otacília e de certa forma transmitiam o pensamento de todos os usuários. Em uma delas podia-se ler: "Abraçamos não só o Castelo, mas também a história da Saúde Mental em Pelotas". O Caps Castelo - fundado em 2001 - é pioneiro na luta antimanicomial no município.

Ausência de remédios
Tadeu Evandro Mansur, usuário do Caps Castelo desde 2001, queixou-se diretamente ao Secretário de Saúde, Francisco Izaías, na manifestação. A reclamação principal foi a falta de medicamentos.

Mansur, com as receitas médicas na mão, disse que há um ano e meio três remédios não são oferecidos pelo Caps: Nortriptilina (antidepressivo), Ácido Valpróico (estabilizador de humor) e Carbonato de Lítio (estabilizador de humor). "Fico sem a medicação ou consigo com os vizinhos. Mas nem sempre eles podem me ajudar", afirmou.

Os Caps surgiram não como alternativa, mas como substitutivo aos hospitais psiquiátricos. As diretrizes para o serviço constam na Lei da Reforma Psiquiátrica sancionada em 2001 e propõem a mudança de perspectiva no tratamento ao portador de sofrimentos psíquicos: em lugar do isolamento, o convívio na família e na comunidade. Com a falta de medicamentos nos Caps, no entanto, ocorre justamente o que os Centros mais deveriam evitar: a internação. Ivon Lopes, membro da diretoria da Associação de Usuários dos Caps, disse que a deficiência no serviço tem contribuído às internações. "Quando falta medicamento as crises são mais freqüentes. Se o Caps não consegue tratar e há vaga no hospital psiquiátrico, lá mandam a pessoa para ficar internada".

Lopes disse que já foi internado 19 vezes. Nenhuma, porém, desde que começou a freqüentar o Caps há alguns anos: "Todas as minhas internações foram horríveis, péssimas. O Caps é muito melhor, mesmo com qualquer problema".

O que diz a Secretaria de Saúde
O Secretário de Saúde, Francisco Izaías, participou do abraço ao Caps Castelo e afirmou que as reivindicações dos usuários serão atendidas pela Secretaria. "Fechamos ontem (terça-feira) a compra de medicamentos para os próximos seis meses através do pregão eletrônico. Em no máximo 30 dias eles serão entregues".

Com relação à contratação de psiquiatras, Izaías disse que há problemas porque não existem candidatos às vagas abertas pela Secretaria. "Atualmente temos cinco psiquiatras em nossa rede de Saúde Mental. Esperamos, porém, normalizar em breve a situação". O secretário afirmou que não há mais falta de alimentos nos sete Caps de Pelotas.

Izaías disse ainda que um prédio novo será construído no terreno do Castelo Simões Lopes para abrigar o Caps Castelo: "Sabemos que a história da Saúde Mental na cidade passa por aqui e vamos atender o pedido dos usuários. O Castelo é tombado, por isso não se pode mexer muito nele. Ficaria difícil de cumprir as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária". Conforme o secretário, o projeto deve ficar pronto em até 60 dias. A previsão é de que as obras comecem no máximo em cinco meses. O novo prédio deve ser inaugurado no primeiro semestre de 2008.
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2 comentários:

Anônimo disse...

Bravo!
É comovente a tua presença, incentivo, apoio, divulgação!
Consegues chegar antes de nós!!=D
Mas nos poupa trabalho, daqui já enviamos para toda lista do Caps.
Obrigada, companheiro mentaleiro!
Conte conosco sempre!
Abraços!
Valéria [Caps Castelo]

Anônimo disse...

caro Rogélio,
PAZ!
penso que esta matéria seja
a mais apropriada para postar
uma mensagem.
interessante que já fizeste
greve de fome em nome de
uma causa que tens por nobre.
também a tenho em mente caso precise
cedo ou tarde.
fui dos grupos de jovens junto
com o jornalista PABLO RIBEIRO, do Diário Popular de Pelotas.
pretendo dispensar o grupo que me
apóia com recursos para permanecer
aqui.
ainda estou a procura de emprego, todavia, se não conseguir
estarei REALMENTE sem nada a perder e, portanto, poderei fazer qualquer coisa, inclusive aquelas que todos evitam.
mantenhamos contato,
abraço
e parabéns pela militância: a VIDA agradece!

Cristofer, 70x7/Manaus-AM