março 13, 2007

Um protesto solitário

Otoni Mesquita
Otoni Moreira Mesquita nasceu em Manaus-AM, em 27 de junho de 1953. É artista plástico e professor da Universidade Federal do Amazonas. Formado em jornalismo (1979 - UFAM) e em Gravura (1983 - Escola de Belas Artes - UFRJ). É mestre em Artes Visuais e História e Crítica da Arte (1992 - UFRJ). De março de 1997 a dezembro de 1998, atuou como coordenador do Patrimônio Histórico, da Secretaria de Cultura e Estudos Amazônicos.

Renan Freitas Pinto, doutor em Sociologia e professor da Universidade Federal do Amazonas, está entre os que recomendam a obra "Manaus - História e Arquitetura", de Otoni Mesquita, um raro trabalho de pesquisa por um estudioso da história social da arte. Segundo Renan é o próprio Otoni quem afirma que faltava um estudo sobre a formação histórica e cultural do Amazonas que tomasse a Arquitetura e o Urbanismo como pontos de partida e compreensão da história de Manaus, cidade destinada a ser uma metrópole moderna em plena selva equatorial, cujo projeto seria dramaticamente interrompido.

Pior. O mesmo projeto de Zona Franca que livrou o estado da depredação de suas florestas, estimulou o provincianismo mais perverso a desfigurar seu patrimônio arquitetônico e paisagístico.

Réquiem

Munido de uma lata de tinta vermelha e um pincel, Otoni Mesquita - sentindo-se ultrajado em sua cidadania, por ter de conviver com uma ordem social que adota princípios urbanísticos predatórios - pintou os tocos das árvores serradas num trecho da obra que dará lugar a um viaduto na estrada do V-8, próximo à bola do Bairro do Coroado. De longe pareciam jorrar sange. Em cada uma das árvores, uma vela de despedida. Passageiro de um automóvel particular não gostou do réquiem e tascou: "É o progresso que tá chegando, seu leso!".

No mesmo dia, a empresa construtora dos dois novos viadutos da cidade mandou cortar os restos dos tocos de árvores abaixo do ponto pintado, para que não aparecesse nenhum vestígio do protesto solitário de Otoni Mesquita.Posted by Picasa

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