janeiro 14, 2009

Here Comes Everybody, de Clay Shirky

Cly Shirky - foto publicada em cognections.typepad.com
DIGESTIVOS

Sexta-feira, 16/1/2009
Digestivo nº 398

Julio Daio Borges

Internet >>> Here Comes Everybody, de Clay Shirky

Clay Shirky foi chamado pelo Guardian, de Londres, para falar sobre a atual crise dos jornais e o futuro da mídia. Shirky, no entanto, não é qualquer guru, que, nesta fase de tsunami econômico, arrisca profecias apocalípticas. Clay Shirky - antes de muita gente boa - previu nos anos 1990 que os classificados abandonariam os jornais, e migrariam para a Web, num momento em que os jornalistas ainda acreditavam que a internet fora concebida para eles e que, nela, teriam lugar reservado... Por isso, hoje, o Guardian, e mais uma porção de gente séria, quer ouvi-lo. As recentes previsões são interessantes, claro, mas ainda mais interessantes são as idéias no seu livro, Here Comes Everybody - The Power of Organizing Without Organizations. Para além da crítica, atualmente generalizada, aos jornalistas, e à sua demora em entender o impacto da Web sobre a profissão, Shirky extrapola processos, como o da construção da Wikipedia, e revela que o fenômeno mais amplo, que foi possibilitado pelas ferramentas de comunicação através da Rede, diz respeito à organização dos indivíduos, agora, independentemente das instituições. Num ambiente de comunicação de "muitos para muitos" (a internet), algumas realizações, que antes precisavam de mediação institucional, hoje acontecem porque os próprios interessados se arregimentam, constroem uma estratégia on-line e, às vezes contra todas as expectativas, alcançam seus objetivos. Se os exemplos de Shirky não são mais novidade - como o da "enciclopédia livre" -, suas ramificações no mundo real surpreendem e suas conclusões valem a leitura (mesmo quando o volume parece soar repetitivo). Se muitos jornali stas insistem ainda em negar a internet, diminuindo seus impactos na realidade, pensadores independentes, oriundos da própria Rede, como Clay Shirky, assumiram a vanguarda das idéias, e não é preciso ser nenhum guru para prever que, daqui pra frente, serão mais lidos.

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