Nota do blog: Enquanto o jazz de Humberto Amorim estava sendo ouvido em Nova York, ele escrevia um texto em homenagem a Martin Luther King, às vésperas da posse do primeiro presidente negro norte-americano. Eduardo Galeano, eu e milhares de latino-americanos esparamos que o novo presidente não esqueça de quem ergueu a Casa Branca: os escravos. Já é um bom começo.
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Deus sempre nos reserva algo de bom, mesmo em tempos de opressão. Ele nos capacita com inspiração e criatividade e como resultado surgem canções inspiradas na amargura e alegria que permitem aos que padecem, enfrentar a amarga realidade de uma determinada circunstância. (MLKJ)
O Jazz fala no idioma da vida. O Blues conta as estórias das intempéries na existência humana.
Isto é imutável.
Nem um minuto levará, para entenderemos que tanto o jazz quanto o blues, se baseiam nas imensas dificuldades existenciais que ao serem convertidas em música, resultam em esperança renovada, triunfante.
Isto é música triunfal.
O Jazz moderno mantém essa tradição, traduzindo em canções a complicada existência urbana. Quando a vida perde o rumo ou o significado, os músicos jazzistas os recriam utilizando-se dos sons da terra que passam a fluir através de seus instrumentos.
Não é a toa que a intensa busca pela identidade dos negros americanos foi sempre liderada pelos músicos de jazz. Muito antes dos modernos articulistas e especialistas escreverem sobre identidade racial no mundo multirracial e globalizado, os jazzistas haviam retornado às raízes para reafirmar o que fervia em suas almas.
Grande parte da integridade do Movimento pela Liberdade dos Negros nos Estados Unidos brotou na música jazz que fortaleceu com a poderosa riqueza de harmonias e ritmos que a caracterizam a coragem e o moral, toda vez que ambos fraquejavam.
Hoje, o jazz espalhou-se pelo mundo e é impossível fechar os olhos para alguns traços que a humanidade possui em comum com a luta pela liberdade do Negro americano:
Todos temos o blues. Todos queremos uma razão para viver. Todos precisam aplaudir e serem felizes. Todos temos que ter fé. Todos temos um sonho. Como Martin Luther King Jr.
Humberto Amorim
Jazzista
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