janeiro 22, 2009

Obama inaugura novo século com discurso emocionante

Barack Hussein Obama
Oleo do Diabo

Obama inaugura novo século com discurso emocionante

Posted: 21 Jan 2009 01:47 PM PST

Ontem liguei a tv para assistir o Jornal da Globo, com William Waack. Queria informações sobre a posse de Barack Obama. Fiquei sabendo, então, por Waack, que o discurso de posse do novo presidente dos Estados Unidos não provocara muito entusiasmo na multidão que o assistia, e que havia sido um discurso bastante seco, advertindo o povo americano dos necessários sacrifícios que teria de fazer. O correspondente do Globo em Washington não discordou, embora tenha acentuado, com voz embargada, que havia sido um dia de muitas emoções.

Fui dormir um pouco decepcionado. Esperava um discurso emocionante de Obama. Sem contar o fato estranho, que li na web, de que o pastor escolhido por Obama para fazer o sermão do juramento presidencial, era um sujeito da ultra-direita católica, um histórico racista. O fato gerou comentários maliciosos na internet sobre as "concessões" do novo governo.

Acordei hoje e peguei o jornal na portaria. Olhei as manchetes e, antes de ler, antes portanto de purgar minha "azia" matinal, resolvi escrever um poema. Depois liguei o computador e decidi, ainda antes de ler o jornal, assistir o discurso da posse no youtube, sem tradução simultânea. Acompanhei o áudio do vídeo lendo a transcrição num outro site. E constatei, pela milionésima vez, que se você quiser ficar bem informado, tem que procurar as fontes originais. A opinião de Waack sobre o discurso, definitivamente, não correspondia à realidade.

Obama fez um discurso belo, prudente e corajoso. Se o 11 de setembro fechou o século XX, o século XXI só começou agora, com a posse de Obama. O chamamento ao "sacrifício" resumiu-se a um lugar-comum para tempos de crise, mas também não economizou sua oferta de esperança e não se furtou a citar nenhuma das bandeiras da esquerda americana. A luta contra o racismo foi abordada quando falou que há sessenta anos um negro como ele não poderia sequer entrar num restaurante. A questão da saúde pública entrou no discurso quando prometeu baixar os custos de tratamento. Atacou a má distribuição de renda afirmando que o governo não pode privilegiar os ricos. Acenou para as organizações multilaterais quando observou que os adversários nunca serão vencidos sem o apoio dos países aliados. Lembrou que a força de um país não se mede apenas por sua pujança militar mas sobretudo pela justeza de seus ideais e pela maneira como pretende difundi-los. Disse que o Estado não pode ser mínimo nem máximo, mas em linha com as necessidades de seu povo. Que o mercado deve ser vigiado pelas autoridades para que não fuja ao controle.

Disse, enfim, que a esperança deve triunfar sobre o medo. E que os ideais e valores que fundaram a grande nação americana são sua verdadeira riqueza, aquela que nunca será negociada na bolsa de valores (palavras minhas).

Ao ver o tal pastor de direita lendo o juramento de Obama, pensei que mesmo a escolha do sujeito foi inteligente, pois foi como um ex-escravo chamar seu ex-carrasco para lhe servir o cafezinho. Um sinal de mão estendida e, ao mesmo tempo, um sinal de poder, mostrando aos racistas americanos que podem, se quiserem, continuar exercendo o sagrado direito americano de falar asneiras, mas quem manda na casa agora é ele, um negro filho de pai queniano, um democrata de esquerda, um homem chamado Barack Hussein Obama.

Também falou na recuperação dos investimentos do Estado em pesquisas científicas; e no fato dos EUA serem, além de católicos e protestantes, uma nação muçulmana e budista e atéia.

As pessoas se emocionaram muito. Gritaram, choraram. Talvez não tenham feito o escândalo que William Waack desejava. Talvez não tenham desmaiado em massa. Mas ouviram atentamente. Dois milhões de americanos, de todas as cores e credos, reuniram-se sob um frio abaixo de zero e escutaram, silenciosa e respeitosamente, o seu presidente discursar e incutir-lhes esperança.

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A mídia brasileira divulgou uma foto mostrando Obama segurando um jornal e soaram vozes por todos os lados: estão vendo, Obama, ao contrário de Lula, lê jornais!

Bem, agora que assumirá a cadeira de presidente da República, creio que Obama, assim como qualquer presidente do mundo, terá que reduzir o tempo dedicado à leitura de jornais, delegando a função de selecionar matérias para seus assessores. Entretanto, mesmo que resolva perder as primeiras preciosas horas de sua manhã lendo o New York Times, Obama seguramente não sentirá a azia que sentiria se fizesse a mesma coisa no Brasil, lendo jornais brasileiros. Primeiro porque os grandes jornais americanos, honesta e transparentemente, divulgam que candidato apóiam, e neste último pleito apoiaram Obama. Os colunistas americanos identificam-se bastante claramente entre conservadores e liberais que, até o surgimento de Obama, cujo carisma e inteligência e conveniência histórica embaralhou as posições, dividiam-se também de forma bastante previsível entre republicanos e democratas. A midia americana, mesmo quando acusava presidentes de serem "comunistas", como fez a Roosevelt, nunca defendeu golpes militares anti-democráticos.

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A mudança no comando dos EUA deverá se espraiar por todas as instituições americanas. Centenas de milhares de funções serão ocupadas por sangue novo, não conservadores. A paranóia anti-comunista, usada oportunisticamente por conservadores, desde os tempos do senador McCarthy, para defenestrar gente honesta e cérebros independentes, ver-se-á reduzida. Nosso direitaço maior, excelentíssimo senhor Olavo de Carvalho, que até hoje procura comunistas sob sua cama, e que defende a tese de a nossa midia (!!!!) é esquerdista, terá que aumentar sua dose de tranquilizantes.

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Agora, Obama não é um deus posto no alto do olimpo estadunidense. Ou seja, os decepcionados que voltem para suas igrejinhas e procurem consolo em Deus.

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