janeiro 28, 2009

L. Ruas - o padre "vermelho"

Padre Ruas
Manaus, 27 de janeiro de 2009.

Prezado(a) senhor(a),

A Livraria Valer tem a satisfação de convidá-lo(a) para o evento comemorativo dos 50 anos de publicação do livro “Aparição do Clown”, de L. Ruas, que acontecerá sábado, dia 31 de janeiro, às 10h, no Espaço Cultural da Livraria Valer – Rua Ramos Ferreira, 1195 – Centro.

No próximo sábado, dia 31 de janeiro, comemora-se 50 anos de publicação do livro “Aparição do Clown”, do padre poeta L. Ruas. Para comemorar esta data a Livraria Valer realizará a partir das 10h da manhã um encontro com estudiosos e pessoas interessadas na obra do escritor.

Ao longo de cinco anos, o historiador Roberto Mendonça pesquisou sobre a vida e obra de L. Ruas e, durante o evento, apresentará o resultado de seu estudo. Em seguida, a palavra será aberta aos presentes para manifestação. O evento comemorativo contará ainda com exposição de livros e fotos do homenageado, declamação de poemas de L. Ruas, feitas por integrantes do Clam – Clube Literário do Amazonas, e a apresentação do músico Mauri Marques, que musicou alguns poemas de L. Ruas.

Na ocasião a segunda edição do livro “Aparição do Clown” estará à venda com 50% de desconto.

Considerada uma das mais importantes obras da literatura amazonense, “Aparição do Clown” é composto de um só poema e seus desdobramentos. O poema ocupa as 105 páginas do livro, ora reeditado pela Valer, dentro da Coleção Resgate.

“Aparição do Clown” é um poema místico e filosófico. Na apreciação do Professor Tenório Telles, o livro reproduz simbolicamente a trajetória de Cristo na terra, a promessa de redenção do mundo, a busca do homem, um palhaço no palco da vida à procura da sua verdadeira face, em sua tentativa de reencontro com o divino.

Sacerdote da arquidiocese de Manaus, Luiz Augusto de Lima Ruas nasceu em Manaus, em 1931, e exerceu seu ministério sacerdotal nas paróquias de Educandos, Colônia Oliveira Machado, dos Remédios e Sagrado Coração de Jesus, onde se despediu da atividade religiosa. Ao tempo de sua ordenação, em 1954, passou a lecionar algumas disciplinas em colégios, como o Colégio Estadual (francês), o Instituto de Educação do Amazonas (psicologia) e no então Instituto Christus, que teve sempre sua colaboração. Também foi professor de Psicologia, na Faculdade de Filosofia, quando esta foi criada. Iniciou sua atividade jornalística no Universal, jornal da Igreja Católica, que circulava aos domingos e existiu entre os anos de 1953-58.

Adotando o nome literário de L. Ruas passou, em 1956, a colaborar com o jornal A Crítica. Dispunha de uma coluna diária (Ronda dos Fatos) onde cuidava com propriedade de problemas da vida humana. Deixou este jornal em 1960. Em 1955, a convite de Jorge Tufic e encaminhado por Bosco Araújo, juntou-se ao movimento literário Clube da Madrugada, do qual foi presidente no biênio de 1957-58. Colaborou fartamente no Suplemento, editado pelo Clube, enquanto este circulou encartado em O Jornal, no período de 1962-72.

L. Ruas também esteve envolvido no movimento cinematográfico da cidade, escrevendo para a revista Cinéfilo, que circulou em quatro edições. Todavia, o movimento militar de 1964 fez o padre Ruas amargar dias de prisão junto com outros companheiros intelectuais e políticos. Faleceu em 1º de abril de 2000, estando sepultado no cemitério de São João Batista.

Obras publicadas:

· 1959 – A Aparição do Clown, poesia. Reeditado pela Valer em 2000.
· 1970 – Linha d´Água, crônicas reunidas e publicadas no jornal A Crítica.
· 1979 – Os Graus do Poético, ensaios. Publicado por ocasião dos 25º aniversário da Rádio Rio Mar, onde também colaborou como cronista.
· 1985 – Poemeu, poesia. Premiado pelo Governo do Estado.

Evento: Comemoração dos 50 anos de publicação do livro “Aparição do Clown”, de L. Ruas
Data: 31 de janeiro de 2009 (sábado)
Horário: 10h
Local: Espaço Cultural da Livraria Valer – Rua Ramos Ferreira, 1195 – Centro
Contatos: 3635-1324 (Livraria Valer); 3302-2571 / 9608-9010 (historiador Roberto Mendonça)

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Nota do blog: A expressão "vermelho" era justaposta à todos aqueles que faziam oposição ao regime militar, lá pelos idos dos anos 1970. Tanto faz se a oposição era ostensiva ou não. Bastava simpatizar com a idéia de uma vida mais democrática... catampimba!... tascavam o rótulo no cidadão provido do mínimo de inteligência. Havia uma outra expressão tão ou mais estigmatizadora: subversivo. Muitas vezes assim foi tratado o Padre Ruas, um símbolo da minha geração, respeitado pela sua biografia. Lembro-me dele, já em idade avançada e adoentado, quando o procurei na Igreja dos Remédios, onde era o pároco em 1989, para lhe pedir apoio ao vídeo que dirigi na época - Balbina no País da Impunidade (sobre o desastre ambiental provocado pela construção de uma usina hidrelétrica): precisava de um sino para associar o som à morte que se abateu sobre a fauna local. Ruas fez questão de me levar até a área de acesso à torre da igreja para mostrar a impossibilidade de chegar até o sino: a escada que dava acesso ao lugar deteriorou-se com o tempo, apodreceu e se desfez. Percebendo minha aflição, depois da negativa do pároco da Catedral de N.S. da Conceição, indicou-me o da igreja de Educandos, que me receberia generosamente. O gesto de solidariedade para com os povos ribeirinhos foi para mim um sinal de que no peito do respeitável ancião morava, ainda, um coração "vermelho".
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