Comendo bola - Sou obrigado a reconhecer que o povo do Núcleo de Cultura Política do Amazonas tem razão em exigir esclarecimentos sobre o imbróglio que envolve a comunicação transparente dos interesses envolvidos na construção de um porto intermodal em Manaus. Todos estávamos comendo bola: assessorias, opinião pública e o escambau. Sendo que a mais desavisada delas é a opinião pública (o que quer que isso signifique), sempre dependente das notícias publicadas na mídia, ora pois!
Porto intermodal? Que raios significa isso? Acaso tem relação com o projeto do Porto das Lajes, cuja construção irá gerar um grande impacto ambiental, como vem sendo anunciada pela sociedade civil organizada? Certamente a matéria do jornal italiano Roma (texto reproduzido abaixo) esclarece, em parte, o que inutilmente tentou-se negar. Não havia precisão, maninho!
Esclarecimento - São legítimos os interesses de construção de um porto que ponha fim ao caos provocado no centro da cidade de Manaus por uma estrutura que já não atende as demandas do nosso Parque Industrial. E mais ainda, pela importância de um porto intermodal (você ainda vai saber do que se trata). O que não é correto é subtrair informações de interesse público acerca dos agentes envolvidos. Mesmo porque um deles, o cavaliere Punzo, desconhece a legislação brasileira. Quem o autorizou a dizer que a construção do porto intermodal seria iniciada num prazo não superior a 24 meses? Ora, um bom Relatório de Impacto Ambiental não se faz em menos de 2 anos. Ademais a discussão envolve o Conselho Estadual de Meio Ambiente. Se na Itália o poderoso empresário tem essas facilidades, aqui temos uma sociedade civil organizada, o que que há?
Bom, vamos à matéria, que muita água ainda vai rolar!
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Interporto Campano conquista a Amazônia
O governador da região brasileira em visita a Nola comissiona um estudo ao presidente Punzo
do nosso enviado – Rosa Benigno
O polo intermodal de Nola conquistou o governador da Amazônia, Eduardo Braga. O anúncio chegou de surpresa, no final de uma visita que o representante do Estado confederado brasileiro efetuou à estrutura do cavaliere Gianni Punzo. Uma manhã preparada por Lucianno Cimmino, presidente honorário da Inticom spa (marca Yamamay) e transcorrida entre os galpões do Cis, o pólo do frio, a área logística da Seda (a indústria de Antonio D’Amato) e o Vulcão Bom.
Promover a Fundação para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (o pulmão verde do planeta), uma área riquíssima de vegetação, animais e mesmo grupos humanos ainda desconhecidos, que se desenvolve economicamente com um ritmo anual igual ao da China (+12%) mas próprio por isso deve ser protegida das especulações industriais que ameaçam de destruir aquilo que representa um patrimôno natural para a humanidade inteira.
Não era evidente que, do tour, saísse um acordo. Mas, impressionado pela integração com a paisagem do Vulcão Bom (onde ainda se está trabalhando para a plantação de arbustos pata mimetizar a obra de Renzo Piano na zonal rural de Nola) e, provavelmente, das “sfogliatelle” que experimentou com grande prazer assim que chegou ao Cis, Eduardo Braga, no final da visita ao sistema interporto, anunciou oficialmente: “Formaremos uma comissão para estudar a realização de um porto intermodal, composta por técnicos do Governo de Manaus, responsáveis da Fundação e do Cis – Interporto – Vulcão. O projeto vai partir em breve”.
Uma surpresa para o próprio Cimmino que o havia já acompanhado o governador da Amazônia a Gallarate, onde havia sido fechado um acordo para a criação de um centro de pesquisa para a experimentação de fibra textil (juta, malva, algodão) que será feito em colaboração com a univesidade de Bustarsizio.
O porto intermodal de Nola, depois de Milão, foi a outra única etapa italiana do tour mundial do governador da Amazônia, que tocou os Estados Unidos e vai prosseguir na Espanha (Madrid) e depois em Cidade do México.
Punzo vai recambiar a visita de Braga para exportar na América do Sul o “seu” modelo de interporto Cis-Vulcão, obviamente em escala muito mais ampla.
A Amazônia é uma região riquíssima e vastíssima (1 milhão e 600 mil km2) onde já estão implantadas multinacionais como a Honda, Sony, Coca-cola e Pepsi Cola. Manaus, a capital, é uma área franca quase ao centro da imensa bacia fluvial do rio Amazonas, na confluência entre o rio Negro e rio Solimões. E é próprio dali que saem, todos os dias, cerca de cinquenta naves de médias dimensões para transportar importantes quantidades de mercadorias na direção dos países fronteiriços (Venezuela, Perú, Colombia) para que sejam distribuidas em todo o mundo. “Devemos começar a olhar um pouco o Ocidente, no lugar de ter o olhar fixado para o lado Oriental”, afirmou Luciano Cimmino, que trabalha há dezenas de anos no Brasil e recentemente, com o grupo Yamamay, entrou na Fundação para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia. Agora também o porto inermodal de Nola fará parte da Fundação e não se pode excluir que será seguida depois pela Kimbo. Durante a visita do governador também estava presente Marizia Rubino. “Estamos aqui para avaliar com interesse eventuais colaborações naquele território, afirmou, sem querer se comprometer muito, a senhora Rubino.
Punzo, ao contrário, tem intenção de não perder tempo. “Estamos na época dos computadores, não mais da caneta - afirmou o proprietário do porto intermodal de Nola –, visitarei a Amazônia para avaliar pessoalmente o que pode ser feito e para realizá-lo em um período não superior a 24 meses”.
Fonte: Jornal Roma
10 abril 2008
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