Itália não tem crise?
O escarcéu de algumas autoridades da direita italiana, incluindo seu presidente, contra o asilo político que o governo brasileiro concedeu a Cesare Battisti me fez pensar numa coisa: será que eles não têm mais nada com que se preocupar? Será que não tem crise econômica ou política interna para se preocuparem?
Claro que têm. O caso Battisti serve apenas para desviar a atenção de parte de seu eleitorado de problemas econômicos e sociais graves, como imigração, pobreza, falência de empresas, máfia.
O que tem me irritado neste caso do Battisti é que o argumento mais consistente usado pelo jornal O Globo - e que acabou se tornando argumento na boca de todos os que lêem o Globo - é o tal dois pesos e duas medidas, segundo o qual o Tarso Genro teria expulsado "sumariamente" (sempre usam o termo "sumariamente, para ficar mais forte) os dois pugilistas cubanos do Brasil, de volta a Cuba. Ora, este argumento é uma mentira, já repetida diversas vezes neste blog. Os dois cubanos pediram para voltar. Há relatos de representantes da OAB, do Ministério Público, e do governo, informando que eles declararam, em diversas ocasiões, que gostariam de voltar o mais rápido possível a seu país de origem.
Outra noite, eu discuti com um amigo meu. Ele era da opinião de que o governo brasileiro deveria tê-los retido por mais tempo. Eu argumentei: e como eles viveriam? De que viveriam? De mesada do governo? Ora, o governo tem outras preocupações do que ficar dando mesada para cubano que-quer-voltar-pra-Cuba. Mantê-los contra a vontade dos mesmos é que seria, a meu ver, uma violência indesculpável.
Agora, falam que eles estão sendo perseguidos em Cuba. Ora, desculpem-me, mas aí o problema é deles! O Nassif também é perseguido pelo Serra. As crianças palestinas são perseguidas por Israel. Os afegãos são perseguidos pelos americanos. Não conheço esses cubanos, sou a favor da democracia e contra qualquer tipo de perseguição, mas há crianças suficientes nas ruas da minha cidade para me preocupar com dois atletas que largaram a competição no meio para se drogar, beber e transar com prostitutas, seduzidos por um pilantra alemão.
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