Descompromisso - Decididamente a empresa Login Logística Intermodal não tem a menor intenção de reconhecer as falhas do relatório de impacto ambiental produzido a seu pedido por especialistas em meio ambiente (não teria sido melhor que uma empresa idônea fosse responsável pela confecção do relatório de impacto ambiental e social, e de preferência de fora do estado?). Segundo o Centro de Ciências do Ambiente da UFAM, apenas 5 pontos contemplaram os critérios exigidos para a obra do porto das Lajes. Outros 50 estavam fora das especificações. Por aí, a empresa já está sob suspeição. Melhor seria acatar a sugestão do IPHAN: pedir estudos complementares dos impactos sociais e ambientais para os técnicos do IBAMA, com uma equipe de profissionais de fora do estado.
No programa Encontro com o Povo de ontem à noite, durante os "esclarecimentos" do Sr. Gabizo, representante da empresa construtora, o que se viu foi o apelo ao imaginário do telespectador para (des)identificar o local de maior impacto ambiental a ser provocado pela obra. É bom que o movimento SOS Encontro das Águas se prepare para enfrentar mais uma enxurrada de contra-informações.
Google-Earth neles - Teria bastado usar esse moderno instrumento de navegação para reconhecer que Lajes, Soka-Sagai, Alumazon e boca do lago do Aleixo (onde está situado o igapó em que acontece a reprodução dos peixes) é tudo uma coisa só, do ponto de vista de sistema ecológico. Se os dois primeiros sofrerão mais com o desagradável impacto visual de navios cargueiros, os dois últimos, além de estarem próximos da futura captação de água da zona Leste da cidade de Manaus, é exatamente entre um e outro que ficará o mal fadado porto, epicentro do anunciado desastre ambiental. Ora, pois!
Tem mais. Certamente, os conteiners ficarão escondidos a mais de dois mil metros em terra firme (só faltava eles ficarem empilhados na frente do majestoso rio Amazonas!), mas é no porto, na beira-rio, o local de maior impacto. Sem falar na destruição de sítios arqueológicos, mata adentro.
Resumo da ópera - O programa Encontro com o Povo teria prestado melhor serviço, se os entrevistados fossem os ribeirinhos e pescadores que conhecem tudo do regime das águas, da desova dos peixes, e outras coisas da natureza amazônica.
O ponto alto do programa deu-se quando a empresa se viu obrigada a convidar os senadores da república contrários ao projeto da Lajes. Com eles será impossível tergiversar. Vitória do movimento social.
Aproveite e leia o excelente artigo da jornalista Hermengarda Junqueira: "Na marra, não dá!"
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