pessoas no Mirante do Encontro das Águas,
onde houve shows musicais
Defesa do Encontro das Águas
Elaíze Farias
Da equipe de A CRÍTICA
Moradores do bairro Colônia Antônio Aleixo, na Zona Leste, artistas, intelectuais, políticos, e demais membros da sociedade civil, assinaram ontem, durante manifestação em Comemoração ao Dia Mundial da Água, um abaixo-assinado pedindo a transformação do entorno do Encontro das Águas em Unidade de Conservação de Uso Sustentável e de Área de Relevante Interesse Ecológico. O documento com as assinaturas serão entregues ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO), entidade vinculada ao Ministério do Meio Ambiente. O Dia Mundial da Água é comemorado hoje.
A manifestação de ontem reuniu cerca de 90 pessoas no Mirante do Encontro das Águas (antiga Embratel), na Colônia Antônio Aleixo, cuja paisagem privilegiada do fenômeno hidrológico foi pano de fundo de um show musical com o grupo Imbaúba, liderado por Celdo Braga, a dupla Candinho e Inês e o cantor Pereira.
Para a bióloga Elisa Wandelli, membro do movimento SOS Encontro das Águas, a criação da Unidade de Conservação vai fortalecer o processo de tombamento da área. “O tombamento dá um status cultural e ambiental, mas é preciso também adotarmos procedimentos administrativos para preservar o local. A lei de unidade de conservação estabelece que se faça um plano de gestão, de zoneamento e, de estudos de demandas sociais da área do Encontro das Águas”, disse Elisa.
Conforme a bióloga o encaminhamento do pedido dos manifestantes ao ICMBIO ocorre após a inúmeras tentativas frustradas de transformar o Encontro das Águas em Unidade de Conservação no âmbito estadual. “Todas as nossas manifestações foram ignoradas. O Estado não tomou providência. Por isso estamos tentando no âmbito federal agora”, disse Elisa.
A proposta do movimento SOS Encontro das Águas é que a unidade de conservação contemple as duas margens dos rios Negros e Solimões, desde a Ilha de Marapatá e a foz do rio Negro, além da Ilha de Xiborena, Lago Catalão, Sítio Geológico Ponta da Lajes, Lago do Aleixo, Lago dos Reis e Ilha de Terra Nova.
A manifestação pediu também agilidade no processo de tombamento cultural e paisagístico do Encontro das Águas. Atualmente, o processo encontra-se em análise no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O grupo espera ainda que o projeto Porto das Lajes, cujo pedido de licenciamento ambiental está em análise, não seja construído nas proximidades do Encontro das Águas, embora o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) tenha sido constestado pelo Ministério Público Estadual (MPE).
Fonte: A Crítica
Nota do blog: A dupla de repórteres que cobriu o evento está entre os mais respeitados jornalistas da cidade: Elaíze Farias e o premiado fotógrafo Luiz Vasconcelos. Ambos haviam se retirado quando o cantor Nicholas Jr. arrebatou o público com sua música cabocla e irreverente (o cd desse artista versátil pode ser encontrado na banca de revista do Largo de São Sebastião). Também não viram os retardatários que chegaram no estonteante mirante das Lajes, que dá vista para o majestoso Encontro das Águas, aumentando o para mais de 100 o número de manifestantes. Valho-me do abuso dos adjetivos pra não cair no prosaico uso dos superlativos, tão comum entre nossa gente. Permitam-me mais um adjetivo: magnífico. Não tenho outra expressão para qualificar a garra dos militantes do movimento SOS Encontro das Águas. Contando com recursos próprios (poucos, mas sinceros), vale mais o peso simbólico do ato de defesa do Encontro das Águas do que o rio de dinheiro que a empresa subsidiária da VALE (aquela que não respeita meio ambiente) tem despejados nos cofres da mídia local para iludir a boa fé dos amazonenses. Valeu, cidadãos! Três presenças, para este blogueiro, foram emblemáticas: o Prof. Dr. Fernando Dantas, ex-coordenador do Mestrado de Direito Ambiental da Universidade do Estado do Amazonas - UEA, o primeiro professor a se manifestar contrário à construção do desastrado projeto do terminal portuário das Lajes; a Prof. Mestre Maria de Nazaré Côrrea da Silva, criadora do Programa Reescrevendo o Futuro da Universidade do Estado do Amazonas - UEA; e o médico Alfredo Loureiro, proprietário do Laboratório Reunidos, membro de uma tradicional família de comerciantes conhecidos pelo respeito com que tratam o patrimônio arquitetônico onde outrora funcionava a cadeia de lojas T. Loureiro. Os dois primeiros representam a opinião dos professores da UEA contrários aos danos socioambientais que serão provocados se os amazonenses não inibirem a voracidade do capital predatório. Já o nosso querido Alfredo Loureiro representa um importante segmento empresarial que respeita a memória arquitetônica, paisagística e cultural da cidade onde nasceu. Uma quarta presença me chamou atenção: o velho militante Braga, que não via desde 1984. Quem sabe um bom sinal do despertar da velha e boa militância, inclusive a dos partidos políticos que demoraram a entrar em cena. O que não faz um período eleitoral, não é minha gente?
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