novembro 01, 2010

Intolerância e preconceito tomam conta do Twitter e do Facebook

PICICA: Uma onda de preconceito e intolerância tomou conta do Twitter, tendo como alvo os nordestinos, após a vitória de Dilma Rousseff. Veja o texto abaixo comprobatório do ódio racista, estimulado pela campanha tucana. A dica é de uma amiga amazonense que mora no Rio de Janeiro. Omito o nome, que é para que ela não seja importunada pelos tuiteiros futriqueiros contrafeitos com a derrota do candidato tucano. No Facebook, o destinatário do ódio são os eleitores de Dilma Roussef e o PT. Trata-se de segmentos incultos das classes médias que destilam todo o veneno do ódio classista acumulado ao longo das conquistas do governo Lula, governo que conseguiu incluir mais gente na cultura dos nossos tempos do que o que a burguesia orientada por interesses subalternos conseguiu fazer em todos os tempos. Os autores de tamanha leviandade tem como fonte de leitura a revista VEJA  e seus colunistas. É de dar dó a pobreza dos seus argumentos. Vejamos o infantilismo perverso de alguns termos adotados por estas criaturas, néscios na arte de viver com os contrários. O termo "PTralhas", por exemplo, foi adotado a partir dos textos do colunista ultra-reacionário Reinaldo Azevedo, da revista supracitada. Já o termo "gentinha" é o termo farta e ideologicamente usado pelo preconceito de classe de uma elite que perdeu o rumo da história, e que vem alimentando o apartheid social que tomou conta de nossas cidades, coisa que não se via na Manaus dos anos 1960. Tais termos, adotados como rótulo para com as ações públicas dos petistas e dos eleitores do PT, é sinal de uma intolerância inaceitável numa sociedade que se quer civilizada. Acautelai-vos, fariseus. Não vos escondeis sob o manto da impunidade. Vossos argumentos, de que estais sendo vítimas de Patrulha Ideológica, são risíveis. Vossos comentários não são outra coisa do que a prática da projeção de seus ideais e valores de mundo. Nelas estão expressas a mais abjeta das ideologias: o ódio e o preconceito de classe. 

O dia em que o preconceito tomou conta do Twitter


Ontem, dia do resultado das eleições presidenciais, que deveria ser um dia de festa da democracia, ficou marcado como um dia em que o preconceito e o ódio tomou conta do Twitter, tão popular que é no Brasil. Um dia em que os Nordestinos foram tratados de forma altamente discriminatória. Um dia para não ser esquecido.
No Brasil, é muito comum se escandalizar com preconceito contra negros e gays. Casos assim ocupam páginas de jornais, provocam discussão e tem o tratamento que merecem ter. Mas, infelizmente, ainda existe o preconceito com relação à região de procedência, que é algo ainda pouco levado a sério e divulgado pela imprensa. E é algo que me assusta pela proporção com que tem crescido.
Eu sou Nordestina, de Fortaleza, Ceará. Nascida e criada aqui, com todos os sotaques e trejeitos característicos da região. Falo “oxente” e “vixe”, porque cresci com estas palavras fazendo parte do meu vocabulário. E tenho um baita orgulho de ser cearense. Por nada sairia daqui, porque aqui é o lugar que eu amo e onde me sinto feliz, com seus defeitos e virtudes.Por isso, me senti muito ofendida e triste com as mensagens que vi ontem no Twitter.
Para quem não acompanhou, tivemos um espetáculo digno de Goebbels. Vergonhoso, repugnante, capaz de fazer qualquer nordestino se sentir mal. Ver pessoas incitando a discriminação, pessoas com estudo e conhecimento incompatível com suas palavras, me provocou uma profunda tristeza.
Vejam vocês a que nível chegamos:

Retirado daqui: http://twitter.com/#!/kewenpantcho/status/29339798428

Retirado daqui: http://twitpic.com/32tlvx
E a pior de todas:
@mayarapetruso
Retirado daqui: http://twitpic.com/32ted4
Há muitos mais. Basta fazer uma busca no Twitter por “Nordestino“. Me recuso a comentar estes tweets.
Para quem não sabe, isso dá cadeia. Quem diz é a lei 7.716, de 1989, aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente. A lei afirma:
Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
Pena: reclusão de um a três anos e multa.
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de qualquer natureza:
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.
§ 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá determinar, ouvido o Ministério Público ou a pedido deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena de desobediência:
I – o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos exemplares do material respectivo;
II – a cessação das respectivas transmissões radiofônicas ou televisivas.
III – a interdição das respectivas mensagens ou páginas de informação na rede mundial de computadores.
O preconceito tem que ser divulgado, não pode simplesmente ser aceito ou ignorado. O preconceito é crime e deve que ser tratado como tal. Não é porque uma pessoa nasceu em outra cidade, outro estado, outra região que será menos capaz do que você. Somos todos brasileiros, apesar das diferenças regionais.
Da mesma forma como muitos nordestinos são discriminados ao ir para o sul/sudeste, somos todos discriminados ao irmos para os Estados Unidos ou Europa, porque para eles tanto faz se você fala oxente, meu ou bah. Você é brasileiro e será taxado e julgado por isso. Agora imagine sofrer isso no seu próprio país.
Espero que você que é leitor do Mundo Tecno, reflita sobre isso. Tenho certeza de que, como meu leitores são pessoas inteligentes, irão se arrepender caso tenha falado alguma bobagem, e eu o desculpo por isso. Espero também que tenham consciência de que, no final das contas, nós estamos todos no mesmo barco.
Respeito ao próximo é o primeiro passo para vivermos em um país melhor. Então, vamos nos respeitar?



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