PICICA: Valter Calheiros, fotógrafo, integrante do movimento socioambiental "SOS Encontro das Águas" enviou as fotografias abaixo com uma mensagem de alerta sobre o temor da população residente no Bairro Nova Vitória – Zona Leste de Manaus. Segundo ele, o bairro, também conhecido como "Vales", compõe o cenário das muitas tragédias anunciadas na cidade de Manaus. Tragédias que poderiam ser evitadas. Várias áreas do Nova Vitória estão sob risco. Com as fortes chuvas previstas para este mês de fevereiro, aumenta a possibilidade de deslizamento de terras. É tanta a preocupação que os moradores, no dia 10.02, interditaram a principal avenida do bairro para pedir moradia digna para suas famílias. Segundo Calheiros, como o problema é de conhecimento das autoridades e noticiada pelos meios de comunicação diariamente, a sociedade manauara poderia ajudar essas famílias pressionando os governos para que a solução não seja novamente deixada para o próximo mandatário municipal ou estadual. "São vidas em risco; o motivo clama por urgência", diz ele lembrando que o sofrimento de muitas crianças e suas famílias não pode esperar. O alerta tem como finalidade evitar os atrasos da burocracia do setor público e as desculpas das autoridades em agilizar o aluguel social ou as indenizações das casas sob risco. As fotografias falam por si, mas o silêncio da sociedade cala fundo em que tem noção mínima de cidadania, comos nós, meu querido Valter. Torço para que o movimento "SOS Encontro das Águas" evolua para "SOS Manaus", tanto são os impactos socioambientais que a cidade vem sofrendo pela ausência de racionalidade no seu planejamento urbano. E aí, só um movimento social forte é capaz de tirar a cidade de sua letargia quanto ao seu futuro. O Plano Diretor da Cidade, por exemplo, que deve orientar para onde vai a urbanização da cidade, sumiu da pauta do debate público. Com a ausência da autoridade constituída para zelar pela cidade, Manaus, como uma das sub-sedes da Copa do Mundo de 2014, caminha para o caos. Não há milagres possíveis para por fim ao acúmulo de sucessivos erros administrativos. Tem muito trabalho, isto sim! Mas não é o que se vê por aqui. E se depender das classes médias, tudo continuará como dantes no quartel de Abrantes. A luta é popular, caso contrário a maquiagem atingirá apenas as áreas centrais da cidade, excluindo, mais uma vez, a população periférica da solução dos problemas estruturais da urbe. E por falar em urbanização da cidade, tão graves são os seus problemas que seu planejamento deveria ser entregue aos poetas. Mas, cá pra nós, os poetas estão tão acabrunhados que são incapazes de voltar às praças, subir no tamborete e entoar seus cânticos de indignação e luta. Ah, multidão! Como tardas a despontar no horizonte!
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