PICICA: O professor Dr. Gilson Monteiro, da Universidade Federal do Amazonas, está indignado com toda razão. É dele o post abaixo sobre a ameaça da liberdade de expressão no Amazonas e no vizinho estado do Pará. Aqui, no Amazonas, a médica Bianca Abinader (foto abaixo), recebeu suspensão de 90 (noventa) dias de trabalho, para finalmente ser demitida do Programa Saúde da Família, da Prefeitura de Manaus, num desfecho imoral que contou com a participação da radio CBN local. A participação de Bianca, via mídia digital, de uma ação cidadã contra a Taxa do Lixo, votada pela maioria dos vereadores que apoia o prefeito Amazonino Mendes, foi elidida pelo noticiário em favorecimento da criação de um factóide grosseiramente manipulado. O pano de fundo dessa história faz parte de um roteiro conhecido: a promiscuidade entre poder público e interesses privados. Se é lamentável que o cidadão não tenha seus direitos assegurados, pior é a lentidão das nossas entidades de classe. O Conselho Regional de Medicina demorou em defender a médica Bianca Abinader, como revela o jornalista Mario Bentes em seu blog, no post Seiscentos dias depois, CREMAM se posiciona sobre ‘Caso Bianca’. Já no Pará, a jornalista Franssinete Florenzano, servidora de carreira da Assembleia Legislativa do Estado do Pará (ALE-PA), foi exonerada depois de criticar na mídia digital o 2° vice-presidente da Câmara Municipal de Belém. A mídia corporativa, zelosa em garantir a sua liberdade de expressão, não repercute quando a pimenta está a arder no olho dos outros. É bem verdade que no caso em que o professor Gilson Vieira foi agredido pelo irmão de uma autoridade da política regional, o caso mereceu a devida cobertura da mídia local, já que o professor, como jornalista que é, goza do prestígio de ser um respeitado analista dos processos eleitorais, seus candidatos e suas plataformas. De todo modo, em causa a ameaça ao exercício da liberdade de pensamento e sua devida expressão. Esse ranço, legado pela didatura militar, que norteia o comportamento dos políticos brasileiros, tem seus dias contados. A sociedade mudou, senhores, principalmente para aqueles que vivem de imagem. Vossa imagem está mais suja que pau de galinheiro. Depois não reclamem das urnas! No caso de Manaus, ganhará o prefeito que se comprometer publicamente em reparar a injustiça sofrida pela médica Bianca Abinader. Quanto ao jornalismo manipulador do espaço noticioso, e em cuja imagem reflete-se o jornalismo antidemocrático, são as novas gerações que dão sinais de que esse mundinho de maquinhações está com a validade vencida. Não há mais espaço para jornalismo pinóquio. Mesmo ali onde as tensões das demandas sociais, acumuladas durante o falso desenvolvimento dos modelos concentradores de renda, e embalado pela concessão desenfreada de estações repetidoras, no rádio e na TV, para atender o apetite da oligarquia midiática brasileira, ainda esteja em processo de construção, é visível o crescimento da insatisfação social com o atual modelo de comunicação no país. Daí o surgimento do movimento pela democratização da mídia, para por fim ao coronelismo midiático, sustentado pelo clientelismo político. Por enquanto, embalada no alto nível de aceitação de seu governo, Dilma Rousseff tarda em tomar a iniciativa de acolher a demanda social por uma outra mídia, plural e democrática.
Dra. Bianca Abinader
Jornalista exonerada no Pará por críticas a vereador
Enquanto nos demais lugares do mundo as ditas redes sociais (que prefiro chamar de mídias digitais), principalmente o Twitter e o Facebook, são essenciais para o processo de mobilização e participação política da sociedade, no Norte, quando não são usadas para, descaradamente, puxar o saco dos políticos e de seus parentes, as são para punir jornalistas ou quem nelas se manifestar. A médica Bia Abinader, por exemplo, fui punida com 90 dias de suspensão por criticar o prefeito de Manaus, Amazonino Mendes (PTB). Um absurdo! Um ataque insano à liberdade de manifestação do pensamento e ao direito de a médica discordar politicamente do chefe. Mas como Amazonino Mendes age de acordo com os interesses dos seus prepostos e não da sociedade, a médica foi punida. Agora, a jornalista Franssinete Florenzano, servidora de carreira da Assembleia Legislativa do Estado do Pará (ALE-PA), que está à disposição do Tribunal de Contas do Pará (TCPA), teve de optar entre exercer livremente a profissão de jornalista ou assessorar o conselheiro Luis Cunha. Tudo porque a Câmara Municipal de Belém, principalmente o 2° vicepresidente da Casa, vereador Gervásio Morgado (PR) possui ingerência inconcebível sobre as decisões do TCPA. Ele esteve, no dia 28 de agosto de 2011, nos gabinetes da presidência e da vice-presidência dessa Corte e exigiu, aos gritos, a exoneração da servidora, por não aceitar notícias críticas veiculadas no blog dela. Como pode um reles 2° vicepresidente da Câmara dos Vereadores tenha tanta ingerência junto ao Tribunal de Contas de um Estado? É inaceitável a coação moral e a violência psicológica sofrida pela jornalista paraense. A jornalista Franssinete Florenzano desabafou: “Nem preciso lhe dizer que escolhi a minha dignidade e o livre exercício da profissão e de manifestação e expressão como cidadã, como a Constituição me garante. Também avisei que vou desmentir publicamente se aparecer na minha exoneração “a pedido”. Não tive escolha, foi coação moral. Eu teria, veja só, que tirar do ar o blog, o site, e até os meus perfis no twitter e no Facebook! Disse ao conselheiro que sempre fui honesta justamente para que ninguém pudesse me chantagear. Não aceito essa violência e não me submeto a tramóias e conveniências políticas. Estou esperando a qualquer momento minha exoneração. Mas volto para a Alepa de cabeça erguida. A herança da minha filha será o exemplo de trabalho e caráter que deixarei a ela.” E nós, que sempre defendemos os direitos constitucionais e a liberdade de expressão, vamos fazer o quê? Vamos ficar calados, parados, “esperando a morte chegar”, como diria Raul Seixas? Ou reagimos ou os crápulas, os imbecis e os medíocres nos engolirão.
Fonte: Blog do Gilson Monteiro
Um comentário:
Todo mundo devia andar por aí usando nariz vermelho. Vivemos numa verdadeira palhaçada.
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