PICICA: "[...] momento histórico e estratégico da luta dos Povos da Terra
no MS, em que os indígenas e em especial o Povo Terena decidiram dizer
basta às mentiras do Estado e Governo brasileiros, e à violência
incentivada com o silencio conivente do Governo do Estado, inimigo
declarado dos povos indígenas de Mato Grosso do Sul. E, num momento em
que os nativos somam mais um mártir na luta pela terra e território no
Estado, com a morte do índio terena Oziel Gabriel, durante uma
reintegração de posse na Terra Indígena Buriti, a semana passada."
Marcha indígena, quilombola e camponesa começou hoje e se dirige para Campo Grande/MS
do site da CPT
JORNADAS
UNITÁRIAS DE LUTA EM MS: pela demarcação das terras indígenas e
quilombolas, reforma agrária, contra o capital e pela soberania popular.
Organizada pelos movimentos sociais populares de Mato Grosso do Sul, a
marcha desde Anhanduí, 60 km de Campo Grande, se iniciou hoje de manhã, 3
de junho, com aproximadamente 1000 pessoas.
A mesma se
realiza num momento histórico e estratégico da luta dos Povos da Terra
no MS, em que os indígenas e em especial o Povo Terena decidiram dizer
basta às mentiras do Estado e Governo brasileiros, e à violência
incentivada com o silencio conivente do Governo do Estado, inimigo
declarado dos povos indígenas de Mato Grosso do Sul. E, num momento em
que os nativos somam mais um mártir na luta pela terra e território no
Estado, com a morte do índio terena Oziel Gabriel, durante uma
reintegração de posse na Terra Indígena Buriti, a semana passada.
A marcha dos
Povos da Terra, junto com os estudantes, militantes de sindicatos,
entidades e organismos de defesa dos direitos humanos, é para
reivindicar a demarcação das terras indígenas, titulação e demarcação
dos territórios quilombolas e exigir a reforma agrária que esta
totalmente parada no Estado.
Além disso, a
marcha tem um caráter político de grande importância por conta que os
movimentos sociais no Estado têm avançado num processo unitário
importante, valorizando a unidade entre indígenas, camponeses e
quilombolas, diretamente enfrentados ao agronegócio e latifúndio, à
violência e a desterritorialização provocada pelo agro capital, sendo as
principais vítimas os legítimos donos das terras nesta parte do país.
O poder econômico e político, as transnacionais, o Governo Federal e
Estadual, segundo os organizadores das Jornadas de Luta, têm usado como o
argumento um império ideológico inserido em frases como: “os indígenas
têm que se integrarem à economia nacional”, falácias como “o
desenvolvimento não pode parar”; “reforma agrária já foi feita, agora
precisa melhorar os assentamentos”, etc. Assim esse mesmo império, com
os mesmos argumentos, defende o indefensável: uma “economia urbanoide”
para esvaziar os campos e as terras e deixá-los nas mãos de investidores
e invasores estrangeiros, das transnacionais da monocultura, dos
agrotóxicos, e das financeiras agropecuárias. E pior de tudo isso é que
esses pacotes devem avançar a qualquer custo, ainda se custar à própria
vida, cultura e os modos peculiares de vida dos indígenas, camponeses e
quilombolas, fundamentalmente. O Tribunal Popular-MS, um dos
organizadores da marcha tem sido um dos espaços mais importantes nos
dois últimos anos desse processo de articulação, diálogo e unidade dos
Povos da Terra no Estado.
A marcha que
se iniciou hoje vai durar quatro dias, sendo que o objetivo, além de
dar visibilidade à problemática fundiária no Estado, dará lugar para
momentos de estudos e formação política dos participantes da marcha, que
vem pela BR 163. Os movimentos sociais do campo entendem que a
construção da unidade não é uma mera retórica de discursos e sim um
processo que tem que ser construído e demonstrado sobre tudo na pratica
se for verdadeira.
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