Corrupção e partidos
21/06/2013
Por Hertz Leal
Por Hertz Leal, no grupo Favela não se cala
Temos que falar em partidos e corrupção. O que nós diríamos se estivéssemos no lugar da Dilma?
A situação política das manifestações do povo na rua
requer uma decisão nossa, então vamos ao conflito entre o que diz a
imprensa financiada pelo poder econômico refletida nas ruas pela posição
de algumas facções com agressões aos partidos e gritos contra a
corrupção e a nossa proposta de emancipação pelas lutas populares.
Nós dos movimentos sociais que sempre convocamos
manifestações para lutar contra as injustiças sociais na saúde, na
educação, nos transportes, na dívida pública, na falta de moradia
(contra às remoções), nas leis de exceção em razão de Copa do Mundo e
Olimpíadas, na destruição da natureza, no massacre aos povos
originários, na discussão dos gastos públicos e pela partição popular,
estamos acordados e querendo o povo nas ruas para conquistar à
transformação social e muitos de nós temos participação ou simpatia por
poucos partidos de esquerda e contamos com apoio de raros parlamentares
destes partidos.
A democracia burguesa em todo o mundo está sendo
contestada, pois ela representa 1% da população, ou seja, os interesses
dos poderes econômicos. No Brasil o quarto poder que é a comunicação
comercial, que também reflete o pensamento desta elite econômica, busca
influenciar a posição política das pessoas que assistem à televisão e
aos outros meios, então o primeiro passo para uma nova democracia é a
democratização dos meios de comunicação, ou seja, a quebra dos
monopólios, da concentração através de lei específica e do investimento
em meios de comunicação independentes do mercado, ligados aos movimentos
sociais e às universidades. Precisamos de um amplo debate para diminuir
a força do pensamento único estabelecido pela concentração dos meios de
comunicação. Com a voz de vários pensamentos políticos podemos
estabelecer uma discussão política democrática sobre partidos,
representação política e propor uma reforma política que poderá diminuir
a corrupção.
A discussão é representação política e corrupção,
qual a solução imediata. Nós sabemos que quem corrompe é quem tem
dinheiro, a máfia dos transportes em todas as capitais sustenta um
mensalão nas câmaras de vereadores. As empreiteiras, os bancos, o
agronegócio e as multinacionais sustentam o financiamento das campanhas
eleitorais e mantém um lobby permanente com escritórios de advocacia que
azeitam além do poder legislativo o poder judiciário e indicam nomes
para ministérios e secretarias. Vamos falar de corrupção a sério, não
entendemos como a presidente Dilma com seu partido sendo julgado pelo
mensalão não teve a coragem de atacar com a reforma política e o
financiamento público e exclusivo das campanhas eleitorais, vemos que o
governo é refém da corrupção estabelecida, mas quando a direita udenista
representada pela Globo e a Veja falam em corrupção estão apenas
querendo mudar a gerência da quadrilha dos 1% que saqueiam o país com
seus lucros exorbitantes e a utilização de paraísos fiscais através do
capital financeiro.
A Dilma tem que se pronunciar sobre reformas
estruturais é o momento de reforma política, com o uso da rede para
ouvir, debater e encaminhar as vontades populares, precisamos já do
financiamento público exclusivo das campanhas eleitorais. As audiências
públicas, os conselhos não podem continuar sendo instrumentos formais
que debatem e depois eles fazem conforme os interesses econômicos,
utilizando leis de exceção como estamos vendo, com o não cumprimento da
Constituição, do Estatuto das Cidades, dos direitos indígenas e de
tantas leis em razão dos interesses do Poder Econômico que realmente
manda no país, mas só o conflito e a consciência das pessoas através das
lutas por direitos poderá conquistar a transformação, provavelmente o
governo se pronunciará com medidas paliativas para manter tudo com os
mesmos mandantes.
Nossa luta é também contra alguns grupos que querem
tomar o poder a força, dando golpes para saquear ainda mais o país e
reduzir o debate político, com palavras de fora partido e contra a
corrupção, mas querem uma solução conservadora e autoritária como foi
golpe de 1964. Então apesar da nossa crítica profunda ao sistema temos
que pensar numa transição conseguindo apoio dos trabalhadores e
oprimidos de outros países, pois a crise é mundial, o capitalismo é um
sistema mundial que destrói a natureza e as condições de uma sociedade
que nos faça felizes. A influência dos EUA e das corporações
internacionais em nosso país é muito grande, o processo de globalização
aprofundou a dominação internacional, então precisamos pensar no
processo de emancipação da dominação capitalista e da corrupção do
sistema, com a organização popular e com a união contra o fascismo da
direita que se apresenta no cenário.
Nas ruas, nas favelas e por toda cidade juntos pela transformação social.
—
Fonte: Rede Universidade Nômade
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