PICICA: "O Teatro tem este poder: o de mostrar o ser humano mortal Paramentado
com as vestes que lhe conferem Autoridade, muitas vezes destruindo a
própria humanidade dos que se Paramentam, que passam a agir como
Aparelhos, pois a Mascara se colou à pele
Jean Genet, em sua Obra Prima “O Balcão”, mostra um Bordel onde os
clientes vestem as máscaras sociais de Papa, de Juiz, de Rainha, de
General, de Polícia, etc… para transar seu “p(h)oder” com as putas que
fingem acreditar em suas representações.
Na peça há uma Revolução e estas Máscaras das Autoridades são depostas, mas os partidários anti–revolucionários que restam vão ao Bordel e pedem que os clientes que frequentavam o Puteiro apareçam no Balcão do Palácio do Governador com suas Fantasias para conter a humanidade revoltosa com elas: suas Máscaras de Poder."
BOCA NO MUNDO: Querem Criminalizar a Liberdade Total
Pois é. Acabo de receber esta intimação
policial como “Ilmo. Sr. Diretor da Associação Teat(r)o Oficina Uzyna
Uzona, para fazer comparecer no 23º DISTRITO POLICIAL DE PERDIZES, dia
11 de junho, um dos nossos tecno-artistas associados para elucidar os
fatos, e mais: reconhecer os atores de teatro em fotos ou vídeos
postadas na web sob o título “Decapitação do Papa na PUC”, na “Ocupação
da PUC pela Democracia”.
Os alunos e muitos professores ocuparam a
Universidade em virtude da nomeação para a Reitoria de uma candidata
que pegou 3º lugar na eleição, mas foi a escolhida antidemocraticamente
pelos representantes do Vaticano no Brasil por estar de acordo em
transformar a PUC num “Recinto de Pregação Fundamentalista ROMANA”.
Ratzinger, antes de ser Bento XVI, já tinha castrado o movimento da Teologia da Libertação, de importância imensa para a vida cultural, religiosa e social do Brasil.
No ano passado, quando sua fé como Papa já estava se perdendo, o representante de Deus na Terra quis tornar a PUC o que era no seu início.
Eu fiz dois anos de Filosofia na PUC nesta fase inicial, antes dos anos 60, ao mesmo tempo que fazia Direito na São Francisco.
Desisti porque, entre outros, nosso professor Alexandre Correia, por exemplo, explicava com argumentos na matéria que lecionava, Lógica, a transubstanciação da Eucaristia em Corpo de Cristo… Vocês acreditam?
O Livro de Filosofia adotado no curso era um Catecismo trans-medíocre do Padre Leonel Franco.
Mas depois a PUC evoluiu de acordo com a evolução da Igreja nos anos 60,70 e 80 e tornou-se mesmo um reduto das mais decisivas lutas para derrubar a Ditadura Militar no Brasil.
O velho fundamentalismo do ensino havia sido superado e a Universidade Católica de Perdizes tornou-se Exemplar no Brasil e no Mundo pela sua prática da Liberdade Criadora nos Ensinos da Ciência, das Tecnologias e das Artes.
No ano passado estudantes da PUC foram nos procurar quando estávamos fazendo a peça “Acordes”, de Bertolt Brecht, chamando-nos outra vez à luta pela Liberdade do Ensino Laico no Estado Brasileiro Laico, na PUC agora ameaçada pela regressão à uma Universidade Fundamentalista Católica Apostólica ROMANA.
Os estudantes tinham ocupado a PUC e não permitiam a entrada da reitora imposta pelos representantes do Papa em São Paulo.
Na peça “Acordes” havia um Bonecão que representava o Capitalismo e que era despedaçado por dois Palhaços numa Cena de Circo de Horrores, no estilo tradicional teatral de “Gran Guignol”.
Então adaptamos o texto para a situação que a PUC estava sofrendo e apresentamos esta cena clássica do “Circo-Teatro” de Todos os Tempos: a Desmontagem, a DesParamentação, a retirada de uma Máscara Papal, tal como o próprio Ratzinger que acabou, ele mesmo, safando-se, saindo dela.
Será que a Bruxaria Teatral tem este poder? Libertou Ratzinger da própria Estrutura de sua Fantasia Papal?
Jean Genet, em sua Obra Prima “O Balcão”, mostra um Bordel onde os clientes vestem as máscaras sociais de Papa, de Juiz, de Rainha, de General, de Polícia, etc… para transar seu “p(h)oder” com as putas que fingem acreditar em suas representações.
Na peça há uma Revolução e estas Máscaras das Autoridades são depostas, mas os partidários anti–revolucionários que restam vão ao Bordel e pedem que os clientes que frequentavam o Puteiro apareçam no Balcão do Palácio do Governador com suas Fantasias para conter a humanidade revoltosa com elas: suas Máscaras de Poder.
Bertolt Brecht tem em “Galileu Galilei”
uma das mais belas cenas de teatro: mostra um Cardeal a favor da
liberdade da Ciência, amigo de Galileu que vai se tornar Papa, mas à
medida que vai se paramentando de Cardeal da Santa Inquisição, passa a
argumentar a favor da prisão e tortura do grande físico Galileu porque
ele afirma que a Terra gira.
No final da Paramentação, quando recebe a Mitra, o Cardeal Libertário concorda com a intimação do seu ídolo: o físico GG, para as salas de Tortura da Polícia da Inquisição.
Querer incriminar os artistas de Teat(r)o
por esta cena é um atentado à liberdade de expressão do ator, isto é,
ao “Anarquista Coroado”, como Artaud, um dos maiores sacerdotes Xamãs do
Teatro afirma.
O Teatro é realmente o lugar onde tudo
que é humano, transumano, subumano, animal, vegetal, mineral, pode ser
vivido em forma de Máscaras de Dionísios, seu deus.
É o espaço da Liberdade Total. Nós das Artes, que lutamos contribuindo para abolir a Censura no Brasil durante a Ditadura Militar e ganhamos esta conquista não podemos recuar e aceitar a CENSURA à nossa atividade.
Esta criminalização da etherna atividade
teatral à Liberdade de “rir corrigindo os costumes” demonstra que quem
nos processa quer criminosamente o retorno do “Imperialismo Romano
Católico Apostólico”, intrometendo-se no Estado Democrático e Laico
brasileiro em forma de Criminalização Inquisitorial.
O Brasil é um país de maior número de
católicos no mundo. Eu mesmo sou batizado, fiz 1ª Comunhão, mas por ter
uma educação religiosa fundamentalista tirei o meu Corpo deste campo
minado de Perversões.
Os brasileiros católicos não são romanos, são católicos antropófagos – frequentam o espiritismo, a Macumba, o Candomblé, a Umbanda, o Budismo – trepam com camisinha, portanto não somente para fabricar filhos, mas pelo prazer desta prática sagrada que é o ato sexual em si – um ato de amor, de criação e procriação quando há consentimento das partes.
Se casam, como os gays de hoje. Se a mulher que é mulher sabe o que quer e quiser abortar, aborta e depois confessa e comunga.
Sou vizinho de um lugar onde de 15 em 15 dias se encontram casais católicos carismáticos que passam os sábados e domingos dançando ao som do Tambor com toques até de Mãe Menininha.
Há, como diz Oswald de Andrade, um sentimento religioso “órfico” em todos nós, diante do Mistério da Vida no Cosmos.
Nossos ancestrais – minha avó paterna era
índia – eram antropófagos, comiam carne humana tanto do inimigo mais
forte para lhe adquirir as qualidades quanto dos entes queridos, filhos,
irmãos, pais, avós, mulheres e maridos.
Era uma Cerimônia não para matar a fome, mas religiosa como a Eucaristia Católica que é uma sublimação da Antropofagia.
Talvez por isso no Brasil o catolicismo popular da maioria não tem a rigidez de outras religiões.
O Fundamentalismo é imposto pela religião
do Hemisfério Norte, que antropofagiou o Império Romano e seus cristãos
entregues aos leões, e tornou-se a Religião Católica Apostólica do
Império Romano com ambições colonialistas e imperiais no mundo todo.
Esse tempo passou.
Vivemos de acordo com o que desejamos para nós mesmos e para todos, de mais gostoso.
A submissão a podres poderes é um assunto
que está querendo retornar pelos que se sentem inseguros diante das
revoluções que vem trazendo outros ares aos nossos tempos, desde 1967.
Por isso diante desta intimação delicada,
que tem por traz dela os fundamentalistas que querem nos criminalizar,
ponho a BOCA NO MUNDO.
José Celso Martinez Corrêa
orgulhosamente
Presidente da Associação Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona
Paz Humor Amor e Muito Mais
Fonte: Blog do Zé Celso
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