PICICA: Uma máquina de guerra a serviço da "limpeza territorial".
A MÁQUINA CABRALESCA, DUALISMO E FORÇA MILITAR
Rio de Janeiro Março de 2014
A máquina de guerra Cabralesca está
presente em várias atividades de “limpeza territorial”,
operações especiais em várias favelas da cidade do Rio de Janeiro
durante esta noite em um misto de necessidade de exposição
midiática, campanha eleitoral e preparação do terreno para
recepção do grande jogos.
A máquina que produz UPP social,
aprendeu como manter uma estabilidade para si entre o conflito, a paz
e a pacificação. Garante uma ocupação de território de forma
economicamente viável, lança ao trabalho praças e outros policiais
em geral pobres, com pouco treinamento e com toda uma estrutura
militar de policiamento. Sai mais barato e mais substituível por o
pobre para trabalhar ali, porém aquela que deveria ser apenas a
primeira porta do estado, se torna a única, e por sua vez incapaz de
corresponder a complexidade de serviços que os estado precisaria
dispor nos territórios ocupados.
A máquina Cabralesca, que
desde as jornadas de junho está apagada tentando se levantar, se vê
diante um dilema; com o advento da copa do mundo e eleições batendo a
porta, tem que buscar uma reestruturação urgente, e encontra sua resposta no
mesmo universo estratégico que encontrou em 2010.
Em uma linha muito
requintada de ações onde: por um lado temos uma UPP cada vez mais
fragilizada economicamente e politicamente visto não ter se mostrado
eficiente a que veio, investidas sistemáticas de abuso de poder e
impunidade por parte da força policial militar por um lado, e o
continuo armamento dentre o mais pobres da população expoem a
cidade ao perfeito clima de terror, onde PMs pobres e garoto pobres
de favela estão em cosntante conflito, armados ou não. Coloca o
jogo neste patamar, apenas controlar a máquina de poder capaz de
liberar o medo na população, assim enquanto por um lado Policiais
em operação ostensiva desnecessária atiram, acertam com um tiro de
fuzil e, sob alegação de socorrer, arrastam o corpo da professora
Cláudia pelas ruas do subúrbio carioca; sendo liberados da cadeia
devido decisão do ministério público militar. Por um outro lado,
policiais da UPP totalmente despreparados são ordenados a impor a
ordem em seus territórios para prepará-los para os jogos.
A máquina estrutura
este jogo de poder e conflito em que através de peças pobres e
facilmente substituíveis, publiciza sua guerra, e nos vende um
spaghetti western constante, cuja própria máquina tem poder de
despersonificar em números estatísticos ou transformar em fato
político e notícias de jornal, como bem queira movimentar-se no
tabuleiro. Desta forma a máquina gera e retroalimenta o dualismo entre um presumido bem e
mau e operacionaliza este dualismo como bem queira, fazendo assim com
que em algumas horas todas a pessoas de um território sejam más
diante de uma corporação policial boa, defensora, e em outra hora
um policial seja singularizado para que o título de maldade não
resvale na instituição.
Resumir a base de
complexidades dos problemas a serem enfrentados a relações
dualistas tem outras vantagens estratégicas, uma delas a citar é a
inversão de posicionamento, enquanto para qualquer estado soberano
um governo admitir a necessidade de um sistema de segurança militar
contra os de sua própria cidade, seria admitir a falencia deste
estado diante de uma constante guerra civil, em uma postura dualista
de valores entre bom e mal, conegue-se convencer que é o bom
mediante a postura ser para um presumido bem maior.
Porém no caso do Rio de
Janeiro pré Copa, o ponto mais interessante sobre isto, talvez
esteja em como o alinhamento estadual-federal, se utiliza de forma
brilhante deste dualismo, em que por um lado lança de suas
engrenagens militantes em um constante temor da ameaça do controle
do território nacional por uma nova ditadura militar e de outro lado
envia tropas militares a apoiar as ações de controle territorial
e a aceleração dos processo de remoções nas favelas cariocas, deixando de priorizar uma construção em conjunto com os moradores.
Fonte: Linhas de Fuga
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