março 23, 2014

"A MÁQUINA CABRALESCA, DUALISMO E FORÇA MILITAR", por Rodrigo Bertame

PICICA: Uma máquina de guerra a serviço da "limpeza territorial".

A MÁQUINA CABRALESCA, DUALISMO E FORÇA MILITAR

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Rio de Janeiro Março de 2014

               A máquina de guerra Cabralesca está presente em várias atividades de “limpeza territorial”, operações especiais em várias favelas da cidade do Rio de Janeiro durante esta noite em um misto de necessidade de exposição midiática, campanha eleitoral e preparação do terreno para recepção do grande jogos.

        A máquina que produz UPP social, aprendeu como manter uma estabilidade para si entre o conflito, a paz e a pacificação. Garante uma ocupação de território de forma economicamente viável, lança ao trabalho praças e outros policiais em geral pobres, com pouco treinamento e com toda uma estrutura militar de policiamento. Sai mais barato e mais substituível por o pobre para trabalhar ali, porém aquela que deveria ser apenas a primeira porta do estado, se torna a única, e por sua vez incapaz de corresponder a complexidade de serviços que os estado precisaria dispor nos territórios ocupados.

       A máquina Cabralesca, que desde as jornadas de junho está apagada tentando se levantar, se vê diante um dilema; com o advento da copa do mundo e eleições batendo a porta, tem que buscar uma reestruturação urgente, e encontra sua resposta no mesmo universo estratégico que encontrou em 2010.

        Em uma linha muito requintada de ações onde: por um lado temos uma UPP cada vez mais fragilizada economicamente e politicamente visto não ter se mostrado eficiente a que veio, investidas sistemáticas de abuso de poder e impunidade por parte da força policial militar por um lado, e o continuo armamento dentre o mais pobres da população expoem a cidade ao perfeito clima de terror, onde PMs pobres e garoto pobres de favela estão em cosntante conflito, armados ou não. Coloca o jogo neste patamar, apenas controlar a máquina de poder capaz de liberar o medo na população, assim enquanto por um lado Policiais em operação ostensiva desnecessária atiram, acertam com um tiro de fuzil e, sob alegação de socorrer, arrastam o corpo da professora Cláudia pelas ruas do subúrbio carioca; sendo liberados da cadeia devido decisão do ministério público militar. Por um outro lado, policiais da UPP totalmente despreparados são ordenados a impor a ordem em seus territórios para prepará-los para os jogos.

          A máquina estrutura este jogo de poder e conflito em que através de peças pobres e facilmente substituíveis, publiciza sua guerra, e nos vende um spaghetti western constante, cuja própria máquina tem poder de despersonificar em números estatísticos ou transformar em fato político e notícias de jornal, como bem queira movimentar-se no tabuleiro. Desta forma a máquina gera e retroalimenta o dualismo entre um presumido bem e mau e operacionaliza este dualismo como bem queira, fazendo assim com que em algumas horas todas a pessoas de um território sejam más diante de uma corporação policial boa, defensora, e em outra hora um policial seja singularizado para que o título de maldade não resvale na instituição.

       Resumir a base de complexidades dos problemas a serem enfrentados a relações dualistas tem outras vantagens estratégicas, uma delas a citar é a inversão de posicionamento, enquanto para qualquer estado soberano um governo admitir a necessidade de um sistema de segurança militar contra os de sua própria cidade, seria admitir a falencia deste estado diante de uma constante guerra civil, em uma postura dualista de valores entre bom e mal, conegue-se convencer que é o bom mediante a postura ser para um presumido bem maior.

        Porém no caso do Rio de Janeiro pré Copa, o ponto mais interessante sobre isto, talvez esteja em como o alinhamento estadual-federal, se utiliza de forma brilhante deste dualismo, em que por um lado lança de suas engrenagens militantes em um constante temor da ameaça do controle do território nacional por uma nova ditadura militar e de outro lado envia tropas militares a apoiar as ações de controle territorial e a aceleração dos processo de remoções nas favelas cariocas, deixando de priorizar uma construção em conjunto com os moradores.

Fonte: Linhas de Fuga

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