PICICA: "No final dos anos 1990, na passagem do moderno ao pós-moderno
simbolizada pela queda do muro de Berlim, a proposta teórica e política
de Negri se afirma como uma potente máquina de renovação da crítica. Império, Multidão e Comum
são os três tomos – escritos com Michael Hardt – desse trabalho
inovador sobre as novas formas da soberania, a produção de subjetividade
e o horizonte da democracia."
Revista Cult
Uma filosofia prática
O comunismo é a multidão que se tornou comum
Giuseppe Cocco
A análise neo-marxista da composição da classe operária fordista e de suas novas formas de luta corresponde ao período militante – no operaismo italiano – que antecipou e acompanhou a insurreição social de 1968 contra a sociedade disciplinar. A crítica da modernidade como crise nunca resolvida do poder constituinte e o resgate da “via maldita da metafísica moderna” – com os estudos sobre Baruch Spinoza, o Livro de Jó e o Poder Constituinte – correspondem à vivencia da derrota: o primeiro período de prisão (1979-1983) e o início do exílio francês. Seus livros são puros atos de resistência: o sofrimento da prisão apreende a transmutação da dor de Jó em resistência ontológica. Na anomalia selvagem da filosofia spinoziana, Negri apreende o conceito de potência que lhe permite afirmar, definitivamente, a primazia da resistência, de um poder constituinte que – mesmo que possa ser reduzido a poder constituído – nunca poderá ser eliminado: no meio das celebrações apologéticas da pós-modernidade como fim da história e de qualquer revolução. Negri afirma a impossibilidade de terminar (“termidorizar”) a revolução. Seu “estilo visionário” – escreveu Pierre Macherey – “é o da utopia, no sentido de um pensamento que não se satisfaz com o que existe e se projeta, em alta velocidade, em direção à representação de um mundo diferente, de um mundo outro do qual ele prefigura e antecipa a realização”.
No final dos anos 1990, na passagem do moderno ao pós-moderno simbolizada pela queda do muro de Berlim, a proposta teórica e política de Negri se afirma como uma potente máquina de renovação da crítica. Império, Multidão e Comum são os três tomos – escritos com Michael Hardt – desse trabalho inovador sobre as novas formas da soberania, a produção de subjetividade e o horizonte da democracia.
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