janeiro 18, 2015

"A liberdade contra a infâmia [vídeo]" (Observatório da Imprensa) Para o meu brother Simão Pessoa, com o desejo de voltarmos a publicar o velho "BODÓ NA LAMA"

PICICA: "Bem-vindos à era do lápis. Tal como o conhecemos, tem mais de 400 anos. Infalível, durável, leve, barato, adorado por crianças e adultos. Em plena era digital, se transformou em poderoso símbolo da liberdade de expressão. Só ele consegue suplantar o fuzil AK-47 que na semana passada massacrou dezessete cidadãos franceses, doze deles jornalistas gráficos. Milhões de franceses o empunharam em protesto no último domingo (11/1)." EM TEMPO: "Bodó na Lama", citado no título, era uma publicação inspirada na imprensa nanica, porém com viés punk-anarco-sindicalista, temida pelos plantonistas do poder, que circulou nos anos 1990 no BAR DO ARMANDO para um seleto público de vagabundos, intelectuais, artistas e vândalos da época. Tinha como editor o multimídia Simão Pessoa, e como colaboradores o publicitário Durango Duarte e o ativista Rogelio Casado, responsável pelos cartuns, sob o pseudônimo ROCA. Abaixo a memória visual daquela gloriosa época: dois dos autores da publicação maldita e a cartum-conceito centrada no boteco de onde víamos o mundo cercados de garrafas por todos os lados, enquanto o peixe - bodó - jazia no fundo da lama. Simão Pessoa é autor dos clássicos "MANUAL DO CANALHA" (elogiado por nada menos que Millôr Fernandes) e o "MANUAL DO ESPADA", mantendo até hoje o posto de . Durango Duarte é o especialista em pesquisas eleitorais preferido entre 10 dos 10 'formadores de opinião pública' e Roca pretende voltar a empunhar o lápis como instrumento de resistência.




 
Simão Pessoa e Rogelio Casado num sarau etílico no Bar do Armando

A liberdade contra a infâmia [vídeo]

13/01/2015 na edição 833
Editorial do Observatório da Imprensa na TV nº 765, exibido em 13/1/2015


Bem-vindos à era do lápis. Tal como o conhecemos, tem mais de 400 anos. Infalível, durável, leve, barato, adorado por crianças e adultos. Em plena era digital, se transformou em poderoso símbolo da liberdade de expressão. Só ele consegue suplantar o fuzil AK-47 que na semana passada massacrou dezessete cidadãos franceses, doze deles jornalistas gráficos. Milhões de franceses o empunharam em protesto no último domingo (11/1).



Bem-vindos à edição extra do Observatório da Imprensa na TV. Interrompemos a série sobre o golpe militar de 1964 para mostrar os efeitos da tragédia do nosso tempo: a religião transformada em arma de guerra, o sagrado vencido pelo profano, nome de Deus a serviço do Demônio.


A extraordinária resposta do povo francês ao banho de sangue perpetrado pelos terroristas dias antes nos remete obrigatoriamente ao valores e palavras que inspiraram os revolucionários de 1789: Liberté, Egalité, Fraternité. Estas palavras mágicas, mesmo para quem não tem familiaridade com o idioma, constituem o trinômio elementar do dicionário político universal.


A França reencontrou-se com o seu passado e o mundo livre reencontrou-se com a França. A derrubada do absolutismo e do poder clerical voltou à ordem do dia. O combate implacável ao terrorismo só será bem sucedido se acompanhado por um compromisso integral com a democracia e o secularismo republicano.


Os princípios básicos da revolução dos direitos humanos conhecida como a Revolução Francesa estavam embutidos em cada edição do Charlie Hebdo. Esta semelhança apertou o gatilho das armas dos jihadistas e está levando o mundo livre a adotar como sua identidade o título de uma publicação semanal fundada há apenas 44 anos. 


“Écrasez l’infâme”, arrasem a infâmia, proclamava o filósofo Voltaire. Domingo passado, no Boulevard Voltaire, em Paris, cerca de 250 anos depois, percebemos as armas capazes de liquidar a intolerância e o fanatismo religioso: unidade, serenidade, respeito ao outro.


Je suis Charlie, somos todos Charlie, significa que somos zelosos defensores da liberdade de expressão, respeitamos os jornalistas porque defendem o nosso direito de pensar mas também podemos discutir os seus erros.


Com a intransigência e o sangue de dezessete franceses livres, os novos maquis, o mundo de repente tornou-se um imenso Observatório da Imprensa. (Alberto Dines)



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