Médicos Sem Fronteiras é uma organização humanitária internacional que leva cuidados de saúde a vítimas de catástrofes, conflitos, epidemias e exclusão social, independentemente de raça, política ou crenças. É também nossa missão sensibilizar a sociedade sobre as condições de vida das populações que atendemos - clique para saber mais
Diário de Bordo: Luis Otávio Guimarães, administrador, conta sua primeira experiência com MSF
PARTE 3 - 10 de novmebro de 2007, Malauí.
Estou muito satisfeito com a minha vida de expatriado, mesmo não sendo das mais fáceis. Oficialmente começamos a trabalhar às 8h, mas a maioria dos expatriados chega entre 7h e 7h30m, pois precisamos arrumar os carros, equipamentos, enfim, tudo necessário para um dia de trabalho, que só vai terminar lá pelas 18h. Depois, alguns ficam na cidade de Limbe (15 km de Blantyre) e outros vão para o hospital em Thyolo, que fica a 35km de Limbe, que também chamamos de terreno (field). Alguns programas do MSF ainda se extendem a outras vilas, que não são possíveis encontrar em qualquer mapa. Essas vilas algumas vezes não sao acessíveis por estradas e para chegar até elas usamos motos.
O trabalho da logística tem como objetivo criar ambientes e situações seguras onde a equipe médica possa exercer sua função. Isto é, na logística é necessário planejar e executar : · Meios de Transporte (Frete, carros, caminhões, transportes aéreos e fluviais)· Meios de Armazenagem (Galpões)· Meios de Suprimentos (alimentação/água potável / material de trabalho)· Meios de Comunicação (Rádio, Satélites, Celulares, Telefones, Internet)· Infra-estruturas (Construções / Barracas / Tendas médicas /Eletricidade/Água)· Segurança (Guardas, regras de uso de carros, código de conduta no campo)· Manutenções em Gerais
Devido a esse leque de atividades, algumas vezes a logística é conhecida por "Jack for all trade", alguma coisa em português como "Pau pra toda obra". Se alguém tem interesse por esse campo, é bom observar desde hoje que a prioridade sempre deverá ser o projeto. Essa é a razão da existência da logística no terreno ou na capital.
Já me senti bastante realizado com algumas atividades realmente ligadas a logística como o transporte de material pra ajudar os desabrigados pelas enchentes em Moçambique. Em fevereiro e março, mais de 80 mil pessoas ficaram desabrigadas por causa da cheia do Rio Zambezi. Esse rio vem da Zâmbia e corta Moçambique de Oeste a Leste, até a cidade de Beira.
Montamos uma operação de emergência conhecida como "Operação Mutarara". Veio uma equipe de apoio de Bruxelas e também de Moçambique. Além da operação de emergência, era necessário continuar com as atividades dos projetos de HIV em Thyolo e em Tete. As dificuldades logísticas eram muitas e esse tipo de desafio deixa qualquer um animado. Foi fretado um avião que iria trazer os kits de emergência de Bruxelas e ainda passaria em Nairóbi (Quênia), onde temos um armazém central com grande quantidade de medicamentos, barracas e alimentação. Esse avião pousou em Lilongwe, pois na cidade de Blantyre o aeroporto não era grande o suficiente pra receber o equipamento. Fretamos aproximadamente oito caminhões para fazer a primeira viagem do aeroporto à área de emergências. Alugamos um outro armazém para estocar o material restante e as próximas remessas do kit cólera, barracas e kit nutricionais. Essa operação durou aproximadamente 35 dias. Mesmo com tantos desabrigados (80 mil), cheguei a ler no jornal local que o número de vítimas esse ano não ultrapassou o número de 30, o que é um sucesso. Parabéns a todos que ajudaram nessa operação.
Por: Luis Otávio Guimarães
Leia a primeira parte do diário de bordo
Leia a segunda parte do diário de bordo
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Um comentário:
Dr. Rogelio,
Obrigado pela divugacao do trabalho humanitario. Espero que mais pessoas se interessem por ele.
Luiz Otaio Guimaraes
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