Renda dos pobres sobe mais do que a dos ricos entre 2003 e 2008, segundo Ipea
Valor Online 23/06/2008
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BRASÍLIA - A renda do trabalho da população mais pobre teve um crescimento nominal de 21,9% entre 2003 e 2008 (primeiro trimestre), enquanto a dos mais ricos subiu 4,9%, segundo estudo divulgado hoje pelo presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Pochmann. Contribuiu para isso a valorização do salário mínimo e o maior crescimento da economia, embora a alta dos juros e a inflação ameacem reverter a redução verificada na desigualdade, alertou o economista.
O quinto levantamento sobre queda da desigualdade entre as pessoas ocupadas feito pelo Ipea se restringe, entretanto, apenas às seis principais regiões metropolitanas do país (Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo), que representam 37,1% do Produto Interno Bruto (PIB) e um quarto da população.
Mas Pochmann acredita que é " uma boa amostra ", enquanto não é concluída a pesquisa nas demais regiões do país. A evolução dos rendimentos é apurada com base dos dados sobre emprego formal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dividindo-se os salários em 10 faixas.
Os 10% com menor renda apresentavam média de R$ 169,22 mensais em 2003 passando a R$ 206,38 ao fim de 2007, enquanto os 10% do topo da lista saíram de R$ 4.625,74 para R$ 4.853,03 em igual intervalo.
Segundo Pochmann, o que melhor apontaria a redução da desigualdade de rendimentos no trabalho é o índice de Gini, que varia de 0 a 1. Quanto mais perto de 1, maior desigualdade e vice-versa.
Por esse indicador houve uma queda de 7% na desigualdade entre o quarto trimestre de 2002 e o primeiro trimestre deste ano (o índice foi de 0,543 ponto para 0,505 ponto). Para o presidente do Ipea, porém, " é uma diferença primitiva " , pois países com o índice acima de 0,45 ponto ainda têm uma distribuição de renda " muito injusta ".
Ele vê a massa salarial na relação com o PIB ainda muito longe de níveis históricos. Com dados apenas até 2005, ele citou que naquele ano os salários equivaliam a 39,1% do PIB, quase 10 pontos percentuais abaixo dos 48,8% do PIB que representavam em 1995, por exemplo, um ano após o lançamento do plano real e da saída do Brasil da fase de hiperinflação.
Pochmann defendeu maior valorização salarial com uma reforma tributária que torne progressivo o imposto sobre a renda no trabalho, ou seja, " para que os mais pobres paguem menos " e alíquotas maiores para quem ganha mais. Para ele, a proposta do Executivo de mudança no sistema tributário que está no Congresso não avança nesse sentido.
(Azelma Rodrigues Valor Online)
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