ARTIGO EM RESPOSTA AS NOTíCIAS VEICULADAS NO DIÁRIO DA MANHÃ DE 19 DE JUNHO E DIÁRIO POPULAR DO SR. SÉRGIO SIQUEIRA E SENHORA MIRSCA SIMÕES LOPES, QUE NA DEFESA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO-PRÉDIO DO CAPS CASTELO, O PRIMEIRO CHAMA NOSSO SERVIÇO DE "ÓRGÃO INSANO DA SECRETARIA DE SAÚDE PARA TRATAMENTO DOS DOENTES MENTAIS" E A SEGUNDA PROPÕE QUE UTILIZEM O PRÉDIO COMO MEMORIAL DA FAMÍLIA SIMÕES LOPES.
DESVALORIZAÇÃO DA HISTÓRIA DE UM CAPS QUE FEZ HISTÓRIA, PRESERVOU E REVITALIZOU O PRÉDIO DURANTE 13 ANOS.
SERÁ ENVIADO PARA PUBLICAÇÃO EM NOME DOS TRABALHADORES E USUÁRIOS DO CAPS CASTELO.
AGRADECEMOS TODA E QUALQUER MANIFESTAÇÃO DE APOIO NA MÍDIA LOCAL E NACIONAL.
ATENCIOSAMENTE, USUÁRIOS, FAMILIARES E TRABALHADORES
CAPS-CASTELO
Centro de Atenção Psicossocial
Rua Nereu Ramos, 28 - Simões Lopes - Pelotas - RS
NOVO TEL: [53] 3227 6465
SOBRE CASTELO SIMÕES LOPES E NOTÍCIAS VEICULADAS NA MÍDIA LOCAL
Foi com imenso pesar, misturado com sentimento de indignação que lemos as matérias veiculadas no Diário da Manha de 19 de junho, que tratavam do Castelo Simões Lopes. É especialmente desalentador para um grupo de usuários e trabalhadores do SUS, que o cuidou e protegeu durante 13 anos (1993-2006) e lutou a cada dia por sua preservação e revitalização. Nesses anos que estivemos lá foram raros os roubos e depredações. Havia um respeito da comunidade pelo que se fazia ali. Foram várias administrações que passaram pela cidade e todas nos respeitaram e valorizaram nosso trabalho, nunca questionando nossa permanência ali, independente de partidos políticos. Na medida do possível e das verbas públicas, conseguimos cuidar e fazer melhorias, porque freqüentemente alertávamos o gestor municipal da precariedade do prédio. Para quem não sabe ainda ou não se lembra mais, o Castelo Simões Lopes foi abrigo, continente, palco para o primeiro Centro de Atenção Psicossocial da cidade -Caps Castelo. “Caps são serviços de saúde abertos e comunitários do Sistema Único de Saúde (SUS), lugar de referencia e tratamento para pessoas que sofram com transtornos mentais, cuja severidade e/ou persistência justifiquem sua permanência num dispositivo de cuidado intensivo, comunitário, personalizado e promotor de vida. Não só realiza o acompanhamento clinico como também propõe a reinserção social pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direito civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários (Saúde Mental no Sus: Os Centros de Atenção Psicossocial, pg. 13).
Torna-se imprescindível então, dar alguns esclarecimentos quanto ao trabalho que desenvolvemos naquele prédio nesse período de 13 anos, sendo sete desses em conjunto com a Casa de Cultura que ali funcionava de forma muito precária e limitada a poucas pessoas que se mostravam insatisfeitas em relação à localização da Casa de Cultura num bairro de Pelotas... Mas nosso convívio era solidário, embora um que outro tente denegrir nossas relações. Quantos jantares elaborados pelos usuários para as entidades da Casa de Cultura, quantos churrascos assados pela direção da Casa de Cultura para estes usuários, e os funcionários sempre solícitos para atender a demandas diárias do serviço num convívio harmonioso... Isso por si só, já não seria suficiente para atestar o respeito e harmonia do trabalho? A falta de verbas da Secretaria de Cultura para reformas e o apoio da Coordenação Nacional, Estadual e Municipal de Saúde Mental para este que foi chamado na mídia de “insano órgão da secretaria da saúde”, para continuidade do serviço naquele local, fez com que fosse decretado pelo Prefeito Municipal como de responsabilidade da Secretaria de Saúde para bem de se ter verbas para reforma e preservação.
Historiando um pouco, no período citado, o Caps Castelo foi palco de grandes momentos de arte, saúde e transformações. Sim, não nos restringíamos a doença, trabalhamos sempre com as potencialidades, com as infinitas possibilidades que cada um de nós pode ter mesmo com limitações. Fomos considerados modelo de cuidado em saúde mental e referência no RS, comprovado em prêmios e publicações. Principalmente porque também foi espaço de aprendizagem, práticas de estágio e formação. Mestres e Doutores hoje, foram aprendizes com os ditos “insanos”. E sempre amplamente divulgado, com apoio da mídia... Mas ainda hoje vemos que isso também esta sendo esquecido e até mesmo negado. Hoje somos platéia, assistindo passivamente o descaso, a desvalorização, a omissão, a negligência com alguns de nossos valores e pior de tudo, o desrespeito com os cidadãos que estiveram naquela casa e todos estupefatos, porque é inaceitável.
Mas nunca paramos de lutar, já fizemos o nosso “Abraço ao Castelo” amplamente divulgado em todo Brasil, já colhemos abaixo assinado com mais de 600 assinaturas, e ano passado em Audiência Pública na Câmara dos Vereadores, conseguimos que o Ministério da Saúde assumisse nossa causa e a Coordenação Nacional de Saúde Mental defendesse junto a nós bem como a Secretaria de Saúde, o retorno ao prédio, disponibilizando verba específica para sua reforma e adequação do funcionamento do serviço. Porque juntos acreditamos que os espaços “públicos” da cidade têm que ser ocupados pelos seus cidadãos e cidadãs e transformados em locais de Saúde, Arte e Cultura. E não queremos que só objetos contem a história, mas as pessoas que a vivem possam ser ouvidas e respeitadas. Queremos a preservação da nossa identidade, do nosso território, da nossa cultura. Da nossa História. Ou por ser popular, não merece um espaço digno? Pois bem, queremos esclarecer que nós também fizemos “história” nos salões do castelo e nos seus jardins. E que Saúde e Cultura podem conviver no mesmo espaço, um não precisa excluir o outro para sobreviver.
E para finalizar, a pergunta que não quer calar: não seria “Loucura” ou “Insanidade” uma cidade não incentivar possibilidades, sonhos e projetos que repercutem no desenvolvimento social e são saneadores da pior doença da humanidade: a exclusão social??
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http://www.diariopopular.com.br/
Cidade: Mobilização pelo Castelo Simões Lopes
Tânia Cabistany
O estado de abandono e a ação de vândalos, que diariamente provocam a depredação do Castelo Simões Lopes, motivou a campanha Salve o Castelo! Abaixo-assinado que circula pela cidade será encaminhado à prefeitura de Pelotas, com pedido de providências urgentes para coibir a destruição do patrimônio, que é de todos os pelotenses, observa Mirsca Simões Lopes, que lidera a movimento.
Mirsca relembra que o Castelo foi vendido ao município após a morte de sua avó, no Governo Anselmo Rodrigues, com a proposta de transformar o local em um centro de cultura. Na administração de Fernando Marroni as entidades culturais foram deslocadas do espaço, que deu lugar ao Centro de Atenção Psicossocial (Caps). Entretanto, o Caps também saiu de lá e desde então o Castelo está fechado. A mobilização pela recuperação do prédio histórico, segundo Mirsca, é também uma homenagem à tia Hilda Simões Lopes, que antes de morrer tentou buscar a recuperação do patrimônio.
Alguns contatos foram mantidos com secretários municipais, na busca de solução. O Castelo hoje é o retrato do abandono. Praticamente todos os vidros foram quebrados, as portas roubadas ou jogadas no chão e o piso hidráulico está danificado. O forro e o telhado também apresentam problemas sérios e as paredes são pichadas a cada dia. Até a fiação é furtada, diz Mirsca, que reúne no documento a ser enviado à prefeitura um levantamento fotográfico do prédio. Quem quiser apoiar a campanha ou apresentar sugestões deve entrar em contato pelo telefone (53) 3027-2328.
Secretário manda cercar aberturas
O secretário de Saúde de Pelotas, Francisco Isaías, mandou cercar ontem as aberturas do Castelo, mais uma vez, na tentativa de coibir a ação de vândalos. Pediu também o apoio da Guarda Municipal para ajudá-lo a monitorar o local e tentar preservar o que resta. Em janeiro deste ano também haviam sido colocados tapumes pela Secretaria para impedir as constantes invasões, que resultam no furto de fios e luminárias, além de depredações no prédio.
Isaías lembra que projeto de R$ 650 mil, com vistas à recuperação do prédio, foi enviado pela Secretaria ao Ministério da Saúde, conforme acordado em setembro do ano passado, quando veio a Pelotas o assessor técnico da pasta, Francisco Cordeiro, que participou de audiência pública na Câmara de Vereadores.
“Protocolamos o projeto, faz quase um ano e nada”, diz Isaías. A idéia seria de reformar o prédio e levar o Caps de volta para lá. O município não dispõe de recursos para aplicar em saúde mental e a retomada do Castelo pelo Caps permanece na dependência da verba do Governo Federal. Os recursos solicitados seriam empregados na recuperação interna e parte da externa.
Na época, Cordeiro garantiu que o Governo Federal contemplaria cerca de 150 projetos na área de saúde mental e a expectativa é de que os sete Caps de Pelotas fossem incluídos.
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