Exposição Revolução Genômica
Freud entre o biológico e o cultural
Neurocientista Sidarta Ribeiro e psicanalista Mario Eduardo Pereira falam do diálogo hoje possível entre os seus campos de conhecimento.
Edição Online - 30/06/2008
Pesquisa FAPESP - As possibilidades efetivas de um encontro produtivo entre neurociência e psicanálise em benefício de uma visão nova e rica a respeito do que é especificamente ser humano essa questão jamais esgotada – na confluência incontornável entre o biológico e o cultural não parecem exatamente fáceis no curto prazo. Essa é a sensação que fica do debate dos “Novos fundamentos neurológicos para a teoria freudiana”, comandado pelo neurocientista Sidarta Ribeiro, 37 anos, e pelo psiquiatra e psicanalista Mario Eduardo Costa Pereira, 48 anos, na tarde do sábado, 17 de maio, no Pavilhão Armando de Arruda Pereira, Parque do Ibirapuera, dentro da programação cultural da exposição Revolução Genômica. Até porque psicanálise e neurociência são ambas campos de conhecimento autônomos, com objetos, métodos e linguagens bem diversos, um aparentemente mais confortável hoje entre as humanidades e o outro solidamente plantado na área das ciências biomédicas, e não há nenhum desejo manifesto dos seus especialistas de ver um absorvido pelo outro.
Na verdade, Sidarta Ribeiro, diretor científico do Instituto Internacional de Neurociência de Natal Edmond e Lily Safra, detalhou durante o debate determinadas experiências recentes no campo da neurociência que, em sua visão, dão suporte a cinco proposições centrais de A interpretação dos sonhos, a bela pedra fundamental do edifício freudiano. E Mario Eduardo Costa Pereira, livre-docente do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenador do Serviço de Psicanálise do Hospital das Clínicas da mesma universidade, depois de resumir as idéias de Freud sobre a questão da hereditariedade, procurou mostrar em que dimensão o criador da psicanálise faz um debate com os temas da genética psiquiátrica contemporânea. Em seu entendimento, Freud em nenhum momento da construção de sua teoria e de sua proposta terapêutica descartou os elementos biológicos, de tal modo que situou mesmo a hereditariedade entre as precondições da neurose. Entretanto, observou, questão crucial em Freud, que é a tomada de posição do sujeito, jamais se resolveria no campo do experimento genético, mas só no campo da clínica e da escuta.
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Fonte: Pesquisa FAPESP online
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