junho 28, 2011

Universidade do Estado do Amazonas, o projeto que deu novas perspectivas aos jovens do interior

PICICA: Todas as atenções estão voltadas para a Escola Superior de Ciências Sociais, da Universidade do Estado do Amazonas - UEA. Desde ontem ela é a arena de debates alusivos aos 10 anos de existência da universidade estadual. Como bem disse, na tarde ontem, o poeta Celdo Braga - convidado para a abertura simbólica -, foi a UEA quem deu outra perspectiva de vida para o jovem interiorano. Falou-se do milagre. Faltou dar nome ao santo. Esta façanha deve-se ao ex-governador Amazonino Mendes (vixe!), filho de um dos municípios mais distantes do Estado do Amazonas. É fato histórico. Não tem porque negar, como o faz a doença infantil do esquerdismo. É o lado positivo da conturbada trajetória de um político com pendores populistas. Também não cabe nenhuma ingenuidade. Alguém tem dúvida de que nos livramos do mais retrógrado aparelhismo institucional, quando por decisão popular Amazonino foi convidado a vestir pijamas e recolher-se à mansão à beira do igarapé do Tarumã? De todo modo não se pode imputar a ele a decisão que retirou por decreto governamental parte dos recursos financeiros destinados à manutenção da universidade - recurso proveniente do Polo Industrial de Manaus. Recompor a base original desses recursos é tarefa inadiável, sob pena da qualidade do ensino ser duramente atingida. A lamentar a qualidade  do som, que impediu o recital do poeta Celdo Braga. Na tentativa de colóquio, brilhou a verve crítica do poeta ao abordar a questão da relação entre universidade e cultura. O meio universitário não foge à regra. Está de costas para a cultura amazonense. Citou o caso emblemático de alguém que, provocado, não sabia nomear cinco plantas ornamentais existentes em Manaus, tampouco sabia dizer o nome de dez peixes da região. O diferencial ficou por conta da presença de duas indígenas universitárias que recitaram poesias alusivas ao seu universo, igualmente desconhecido pela comunidade acadêmica. Tal como os afrodescendentes, o tema do indigenismo deveria ser curricular. Afinal quando libertaremos esse conhecimento a fim de afirmar nossa potência criadora, tão pródiga, generosa e abundante no ambiente que nos cerca, tão bem definido naquilo que o poeta Thiago de Mello chama de "Pátria das Águas"? É esse buraco negro na formação dos universitários amazonenses que os deixam apáticos na defesa do nosso território, ameaçado pelo avanço das fronteiras agrícolas. Ressalve-se que foi da Escola Superior de Ciências Sociais que vieram tímidos ensaios de participação, por ocasião da resistência popular à construção do Porto das Lajes nas imediações do nosso Encontro das Águas. E não foi dos estudantes. Foi do professorado. Menos mal. Um deles entendeu que não basta interpretar o mundo. É preciso criar um outro mundo. Mãos à obra. Abaixo a resignação estóica. É na criação que afirmamos nosso ser e afirmamos o sentido da vida, aqui e agora. Vida longa para a universidade que queremos. Em tempo: À noite na abertura oficial do evento, o professor Ranniery Mazzilly, coordenador do evento, tornou público o resultado do projeto de extensão "Nós & Voz", realizado em parceria com a Associação Chico Inácio (filiada à Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial), presenteando a Pro-Reitora de Extensão com uma caixa de trufas e balas de chocolate, produzidas por pessoas com transtorno mental. Foi saudado com emoção pelo público presente, com a certeza de que ali estava um autêntico compromisso de inclusão social de pessoas com transtorno mental - historicamente excluídas da vida social nos últimos duzentos anos -, através da Economia Solidária. Vida longa para o projeto "Nós & Voz.

SEMANA UEA 10 ANOS

“Universidade: Uma Dimensão Superior da Vida.”

Nenhum comentário: