PICICA: Com o sucesso dos referendo sobre a água na Itália, o jornalista Adrea Palladino recupera uma data que entrou para a história como o primeiro grande movimento contra a globalização. Enquanto isso, no Brasil tem gente apostando que manifestações como a Marcha da Liberdade não passe de uma marolinha. Como o PICICA não espera pra ver, vamos engrossar o coro dos descontentes neste sábado no Parque dos Bilhares (lugar da concentração da Marcha pela Liberdade de Expressão).
APERTURA di Andrea Palladino
FINO A IERI - As privatizações selvagens, os tabus da centro-esquerda, a repressão policial de todas as formas de desobediência civil nascidas fora dos partidos
FINO A IERI - As privatizações selvagens, os tabus da centro-esquerda, a repressão policial de todas as formas de desobediência civil nascidas fora dos partidos
O tsunami de água pública
De Andrea Palladino (il manifesto 14 junho 2011)
Da primeira revolta internacional contra as corporações até o Fórum de Corviale, a história de uma virada global e local construída a partir de baixo
Existe uma data esquecida atrás do sucesso extraordinário, histórico, dos referendos sobre a água. Fevereiro de 1997: na mailing list Forum international sur la globalisation, aparece uma mensagem de um pesquisador estadunidense, Tony Clarke. E um documento em anexo que em poucos dias inicia a circular em dezenas de países, o Multilateral Agreement on Investment. Dois meses antes, Martin Khor, diretor do Third World Network, Ong com sede na Malásia, havia conseguido obter o rascunho daquele acordo sobre investimentos que a Ocse estava preparando em segredo e que será depois conhecido apenas com a sigla Mai. Khor havia digitalizado os documentos para poder divulgá-los o máximo possível, através de internet. Foi uma explosão, o verdadeiro anúncio do terceiro milênio, a data de nascimento do movimento mundial contra a globalização. E ontem na Itália (13 junho ndr), quatorze anos depois, celebrava-se a primeira vitória popular daquela grande onda, nova, desobediente, crescida fora dos aparatos de partido, em rede, criativa e capaz de mudar radicalmente a realidade, do local ao global.
A oposição ao Multilateral Agreement on Investment foi capaz de impedir aquela primeira tentativa da parte das corporações de impor as regras baseadas na supremacia das multinacionais por sobre os interesses dos governos nacionais. Era somente a primeira etapa porque as grandes empresas de serviços nunca abandonaram aquele projeto, simplesmente mudaram de estratégia depois da inesperada oposição internaciomal da sociedade civil. O espírito do acordo sobre investimentos da Ocse logo depois foi retomado plenamente através das grandes privatizações dos bens comuns, do Brasil até a África do Sul, da Inglaterra até a Itália. A partir de 1997 porém, o grãozinho de areia que havia momentaneamente bloqueado a engrenagem das privatizações multiplicou-se ao infinito, mostrou-se em Seattle e depois em Genova(1). Deixou nas calçadas as primeiras vítimas como Carlo Giuliani (2), viu serem massacrados os mais jovens na escola Diaz (3), naquele açougue que era apenas uma mostra do massacre social que se preparava.
Na Itália foi depois de 2001 que iniciaram as grandes privatizações da água. Um timing perfeito, ritmado pelos dois governos de Berlusconi e pela timidez do governo Prodi, quando a ala liberista do PD (4) - representada pela dupla Bassasini - Lanzillotta - abraçou plenamente as teorias elaboradas pela Ocse alguns anos antes. Mas o grãozinho do movimento nascia subterrâneo, nos territórios, ampliava as próprias forças através de batalhas locais de cidades como Aprilia, Arezzo, Frosinone, de regiões como a Campania, a Sicília, os Castelos romanos. A força do movimento crescia junto com o consenso popular diante das aberrações da privatização da água.
A etapa central do sucesso do referendo teve como cenário o longo prédio em forma de serpente em Corviale (5), na subúrbio de Roma. O Fórum dos movimentos pela água (6), em 2006, alcançara o amadurecimento para a construção de um caminho de cinco anos que explodiu ontem nas urnas. Desde 2003 muitos entre aquelas organizações haviam participado de uma outra campanha, dessa vez europeia, contra a norma que privatizava os serviços públicos, a famigerada diretiva Bolkestein (http://it.wikipedia.org/wiki/Direttiva_Bolkestein).
A oposição ao Multilateral Agreement on Investment foi capaz de impedir aquela primeira tentativa da parte das corporações de impor as regras baseadas na supremacia das multinacionais por sobre os interesses dos governos nacionais. Era somente a primeira etapa porque as grandes empresas de serviços nunca abandonaram aquele projeto, simplesmente mudaram de estratégia depois da inesperada oposição internaciomal da sociedade civil. O espírito do acordo sobre investimentos da Ocse logo depois foi retomado plenamente através das grandes privatizações dos bens comuns, do Brasil até a África do Sul, da Inglaterra até a Itália. A partir de 1997 porém, o grãozinho de areia que havia momentaneamente bloqueado a engrenagem das privatizações multiplicou-se ao infinito, mostrou-se em Seattle e depois em Genova(1). Deixou nas calçadas as primeiras vítimas como Carlo Giuliani (2), viu serem massacrados os mais jovens na escola Diaz (3), naquele açougue que era apenas uma mostra do massacre social que se preparava.
Na Itália foi depois de 2001 que iniciaram as grandes privatizações da água. Um timing perfeito, ritmado pelos dois governos de Berlusconi e pela timidez do governo Prodi, quando a ala liberista do PD (4) - representada pela dupla Bassasini - Lanzillotta - abraçou plenamente as teorias elaboradas pela Ocse alguns anos antes. Mas o grãozinho do movimento nascia subterrâneo, nos territórios, ampliava as próprias forças através de batalhas locais de cidades como Aprilia, Arezzo, Frosinone, de regiões como a Campania, a Sicília, os Castelos romanos. A força do movimento crescia junto com o consenso popular diante das aberrações da privatização da água.
A etapa central do sucesso do referendo teve como cenário o longo prédio em forma de serpente em Corviale (5), na subúrbio de Roma. O Fórum dos movimentos pela água (6), em 2006, alcançara o amadurecimento para a construção de um caminho de cinco anos que explodiu ontem nas urnas. Desde 2003 muitos entre aquelas organizações haviam participado de uma outra campanha, dessa vez europeia, contra a norma que privatizava os serviços públicos, a famigerada diretiva Bolkestein (http://it.wikipedia.org/wiki/Direttiva_Bolkestein).
Daquele encontro em Corviale não se há registro nos principais jornais nacionais.
Afinal, aquele movimento que se ocupava da água, que defendia os bens comuns - quando tais palavras eram consideradas quase um tabú também na esquerda. Aquele movimento que exigia a saida das multinacionais da gestão dos serviçoes hídricos -quando a prefeitura de esquerda de Roma dava tudo à Acea (7) que por sua vez promovia acordos secretos com os franceses da Suez (8). Aquele movimento parecia uma coisa minúscula para os comentaristas mais renomados da imprensa.
Daquele Fórum de Corviale nasceu a pedra fundamental do movimento pela água pública: a Lei de iniciativa popular pela gestão exclusivamente pública, apresentada no Congresso com o aval de 450 mil assinaturas - uma cifra record. Provavelmente raros foram os parlamentares que leram aqueles artigos e muito menos aceitaram de discuti-lo. Não entenderam que aqueles milhares de assinaturas eram na realidade somente a primeira pedra para a construção de um consenso que ontem quase tocou 30 milhões de italianos, devolvendo ao país a possibilidade de decidir e de mudar o estado das coisas.
Seriam necessárias milhares de páginas para contar aquilo que aconteceu nestes quatorze anos. Serve sobretudo ter a mente descondicionada dos rituais da política obsoleta dos aparatos de partido. O movimento que tornou possível o milagre é a encarnação da metáfora da Catedral e do Bazar, utilizada anos atrás para descrever a filosofia do open source. As grandes realizações medievais tinham um arquiteto capaz de controlar até mesmo o mínimo movimento do último dos artesãos. Esse modelo é o oposto daquele do Bazar, onde a informação é sempre compartilhada e corre horizontamente, em uma rede neural de iguais que abate todos os tipos de hierarquias. Assim a Itália que apresentou-se ontem às urnas é constituida de milhares de grãos, de comitês capazes, sozinhos, de conduzir batalhas sem descanso contra os gigantes da água. A experiência, o conhecimento, o estudo de contratos injustos, o desmascaramento das estratégias comerciais mais imundas - como aquela de cortar a água com a presença de seguranças armados - são o imenso patrimônio compartilhado, aberto, open source. Um modelo que foi capaz de envolver, cidade por cidade, município por município, bairro por bairro, todas aquelas pessoas que haviam perdido toda a esperança de mudança.
Seriam necessárias milhares de páginas para contar aquilo que aconteceu nestes quatorze anos. Serve sobretudo ter a mente descondicionada dos rituais da política obsoleta dos aparatos de partido. O movimento que tornou possível o milagre é a encarnação da metáfora da Catedral e do Bazar, utilizada anos atrás para descrever a filosofia do open source. As grandes realizações medievais tinham um arquiteto capaz de controlar até mesmo o mínimo movimento do último dos artesãos. Esse modelo é o oposto daquele do Bazar, onde a informação é sempre compartilhada e corre horizontamente, em uma rede neural de iguais que abate todos os tipos de hierarquias. Assim a Itália que apresentou-se ontem às urnas é constituida de milhares de grãos, de comitês capazes, sozinhos, de conduzir batalhas sem descanso contra os gigantes da água. A experiência, o conhecimento, o estudo de contratos injustos, o desmascaramento das estratégias comerciais mais imundas - como aquela de cortar a água com a presença de seguranças armados - são o imenso patrimônio compartilhado, aberto, open source. Um modelo que foi capaz de envolver, cidade por cidade, município por município, bairro por bairro, todas aquelas pessoas que haviam perdido toda a esperança de mudança.
Por isso, ontem celebrou-se uma vitória realmente e profundamente popular, que tem como protagonista absoluto a mudança inelutàvel , desenvolvida a partir de baixo. Tão forte que conseguiu superar a muralha mediatica construida quando já era tarde demais, capaz de prosseguir - com força ainda maior - aquela luta de longa duração pela reconquista dos bens comuns, pela reconstrução de um futuro possìvel e justo
(1) - Encontro do G8 de 2001 na cidade de Genova, onde uma manifestação em origem de caráter pacífico contra as políticas neoliberalistas dos países industrializados e pelo azeramento das dívidas dos países pobres transformou-se num massacre por parte das forças de segurança italianas. http://it.wikipedia.org/wiki/G8_Genova
(2) - Jovem morto pelas forças de segurança durante o G8 de Genova de 2001 http://it.wikipedia.org/wiki/Carlo_Giuliani
(3)- Violenta operação noturna na escola Diaz - onde estavam hospedados manifestantes durante o G8 de Genova de 2001 - da parte de centenas de policiais e carabineiros. http://it.wikipedia.org/wiki/G8_Genova
(4) - Partido Democrático - Ex- Partido comunista italiano. Após a decisão de eliminar o termo "comunista", em 1991, o partido adotou vários nomes: Pds - Partito della sinistra, DS - Democratici di Sinistra, até a sigla atual. http://it.wikipedia.org/wiki/Partito_Democratico_%28Italia%29
(5) - Corviale - bairro periferico de Roma, no caso especifico do texto refere-se ao complexo de prédios construido entre os anos 70 e 80 como parte do programa de moradia para todos. É conhecido como "serpentone", grande serpente e é formado por dois edifícos de 1 km e 9 andares que totalizam 1200 apartamentos. link http://it.wikipedia.org/wiki/Corviale
(6) Fórum onde estão reunidos os comitês e associações italianos pela água bem comum. O primeiro encontro do fórum foi em 2006 http://www.acquabenecomune.org/raccoltafirme/
(7) - Acea - Multinacional italiana
(8) - Suez - Multinacional francesa
***
APERTURA di Andrea Palladino
FINO A IERI - Le privatizzazioni selvagge, i tabù del centrosinistra, la repressione poliziesca di ogni forma di disobbedienza civile nata fuori dai partiti
FINO A IERI - Le privatizzazioni selvagge, i tabù del centrosinistra, la repressione poliziesca di ogni forma di disobbedienza civile nata fuori dai partiti
L'onda anomala dell'acqua pubblica
Dalla prima rivolta internazionale contro le corporation al Forum di Corviale, cronaca di una svolta globale e locale costruita dal basso
C'è una data dimenticata dietro il successo straordinario, epocale, dei referendum sull'acqua. Febbraio 1997: sulla mailing list Forum international sur la globalisation appare un messaggio di uno studioso statunitense, Tony Clarke. E un documento allegato, che nel giro di pochi giorni inizia a circolare in decine di paesi, il Multilateral Agreement on Investment. Due mesi prima Martin Khor, direttore del Third World Network, Ong con base in Malesia, era riuscito a ottenere la bozza di quell'accordo sugli investimenti che l'Ocse stava segretamente preparando, che verrà da lì a poco conosciuto semplicemente come Mai. Khor aveva scansionato il documento per poterlo divulgare il più possibile, attraverso la rete internet. Fu un'esplosione, il vero annuncio del terzo millennio, la data di nascita del movimento mondiale contro la globalizzazione. E ieri in Italia, quattordici anni dopo, si celebrava la prima vittoria popolare di quell'onda lunga nuova, disobbediente, cresciuta fuori dalle segreterie di partito, reticolare, creativa e in grado di cambiare radicalmente la realtà, dal locale al globale.
L'opposizione al Multilateral Agreement on Investment fu in grado di bloccare quel primo tentativo di imporre le regole delle corporation, che si basavano sulla supremazia delle multinazionali rispetto agli stessi governi. Era solo la prima tappa, perché le grandi società dei servizi non abbandonarono mai quel progetto, cambiando semplicemente strategia dopo l'inaspettata opposizione internazionale della società civile. Lo spirito dell'accordo sugli investimenti dell'Ocse è subito dopo rientrato in pieno nelle grandi privatizzazioni dei beni comuni, dal Brasile al Sudafrica, dall'Inghilterra all'Italia. Dal 1997, però, il granellino di sabbia che aveva momentaneamente bloccato l'ingranaggio delle privatizzazioni si è moltiplicato all'infinito, si è mostrato a Seattle, e poi a Genova. Ha lasciato sui marciapiedi le prime vittime, come Carlo Giuliani, ha visto massacrare i più giovani nella scuola Diaz, nella macelleria che era solo un assaggio del massacro sociale che si preparava.
In Italia è dopo il 2001 che partono le grandi privatizzazioni dell'acqua. Un timing perfetto, scandito dai due governi Berlusconi e dalla timidezza del governo Prodi, quando l'ala liberista del Pd - composta dalla coppia Bassanini-Lanzillotta - abbracciò in pieno le teorie elaborate dall'Ocse qualche anno prima. Ma il granellino dei movimenti cresceva sotterraneo, nei territori, ampliava la propria forza attraverso le battaglie locali di Aprilia, di Arezzo, di Frosinone, della Campania, della Sicilia, dei Castelli Romani. Aggiungeva alla forza del movimento la crescita del consenso popolare, di fronte all'aberrazione della privatizzazione dell'acqua.
La tappa centrale del successo del referendum ha come scenario il lungo serpentone di Corviale, nella periferia estrema di Roma. Il Forum dei movimenti dell'acqua, nel 2006, aveva già raggiunto la maturità che serviva per iniziare a costruire il cammino durato cinque anni che è esploso ieri nelle urne. Dal 2003 aveva partecipato a un'altra campagna, stavolta europea, contro la direttiva che privatizzava i servizi pubblici, la famigerata Bolkestein.
Di quell'incontro a Corviale non rimane nessuna cronaca nelle principali testate nazionali. In fondo quel movimento che si occupava di acqua, che difendeva i beni comuni quando quelle parole erano considerate quasi tabù anche nel centrosinistra, che chiedeva l'uscita delle multinazionali dalla gestione dei servizi idrici, mentre l'ultimo governo di centrosinistra della capitale affidava tutto ad Acea, stringendo accordi segreti con i francesi di Suez, sembrava una cosa minuscola per gli opinionisti più accreditati.
Dal quel Forum di Corviale è poi uscita la pietra miliare del movimento per l'acqua pubblica, la legge di iniziativa popolare, presentata in Parlamento accompagnata da 450 mila firme, una cifra record. Ben pochi parlamentari, probabilmente, hanno mai letto quegli articoli, né tanto meno hanno cercato di discuterla. Non hanno capito che quelle migliaia di firme erano in realtà solo la prima pietra per la costruzione di un consenso che ieri ha sfiorato i 30 milioni di italiani, restituendo al paese la possibilità di decidere e di cambiare lo stato delle cose.
Servirebbero migliaia di pagine per raccontare quello che in questi quattordici anni è accaduto. Serve soprattutto la mente sgombra dai rituali della politica decotta delle segreterie di partito. Il movimento che ha reso possibile il miracolo è l'incarnazione della metafora della Cattedrale e del Bazar, utilizzata anni or sono per descrivere la filosofia dell'open source. Le grandi realizzazioni medioevali avevano un architetto in grado di controllare anche il minimo movimento dell'ultimo scalpellino; un modello opposto a quello del Bazar, dove l'informazione è sempre condivisa e corre orizzontalmente, in una rete neurale di pari che abbatte ogni gerarchia. Così l'Italia che si è presentata ieri nelle urne è fatta di migliaia di granelli, di comitati in grado da soli di condurre battaglie senza sosta contro i giganti dell'acqua. L'esperienza, la conoscenza, lo studio dei contratti capestro, lo smascherare le strategie commerciali più immonde - come quella di staccare l'acqua con i vigilantes armati - sono l'immenso patrimonio condiviso, aperto, open source. Un modello che è stato in grado di coinvolgere città per città, municipio per municipio, quartiere per quartiere tutte quelle persone che avevano perso ogni speranza di cambiare. Per questo ieri si è celebrata una vittoria realmente e profondamente popolare, che ha un protagonista assoluto, il cambiamento non più arrestabile cresciuto dal basso. Così forte da superare lo sbarramento mediatico costruito quando ormai era troppo tardi, e in grado ora di proseguire - con ancora più forza - quella lotta di lunga durata per la riconquista dei beni comuni, per la ricostruzione di un futuro possibile e giusto.
L'opposizione al Multilateral Agreement on Investment fu in grado di bloccare quel primo tentativo di imporre le regole delle corporation, che si basavano sulla supremazia delle multinazionali rispetto agli stessi governi. Era solo la prima tappa, perché le grandi società dei servizi non abbandonarono mai quel progetto, cambiando semplicemente strategia dopo l'inaspettata opposizione internazionale della società civile. Lo spirito dell'accordo sugli investimenti dell'Ocse è subito dopo rientrato in pieno nelle grandi privatizzazioni dei beni comuni, dal Brasile al Sudafrica, dall'Inghilterra all'Italia. Dal 1997, però, il granellino di sabbia che aveva momentaneamente bloccato l'ingranaggio delle privatizzazioni si è moltiplicato all'infinito, si è mostrato a Seattle, e poi a Genova. Ha lasciato sui marciapiedi le prime vittime, come Carlo Giuliani, ha visto massacrare i più giovani nella scuola Diaz, nella macelleria che era solo un assaggio del massacro sociale che si preparava.
In Italia è dopo il 2001 che partono le grandi privatizzazioni dell'acqua. Un timing perfetto, scandito dai due governi Berlusconi e dalla timidezza del governo Prodi, quando l'ala liberista del Pd - composta dalla coppia Bassanini-Lanzillotta - abbracciò in pieno le teorie elaborate dall'Ocse qualche anno prima. Ma il granellino dei movimenti cresceva sotterraneo, nei territori, ampliava la propria forza attraverso le battaglie locali di Aprilia, di Arezzo, di Frosinone, della Campania, della Sicilia, dei Castelli Romani. Aggiungeva alla forza del movimento la crescita del consenso popolare, di fronte all'aberrazione della privatizzazione dell'acqua.
La tappa centrale del successo del referendum ha come scenario il lungo serpentone di Corviale, nella periferia estrema di Roma. Il Forum dei movimenti dell'acqua, nel 2006, aveva già raggiunto la maturità che serviva per iniziare a costruire il cammino durato cinque anni che è esploso ieri nelle urne. Dal 2003 aveva partecipato a un'altra campagna, stavolta europea, contro la direttiva che privatizzava i servizi pubblici, la famigerata Bolkestein.
Di quell'incontro a Corviale non rimane nessuna cronaca nelle principali testate nazionali. In fondo quel movimento che si occupava di acqua, che difendeva i beni comuni quando quelle parole erano considerate quasi tabù anche nel centrosinistra, che chiedeva l'uscita delle multinazionali dalla gestione dei servizi idrici, mentre l'ultimo governo di centrosinistra della capitale affidava tutto ad Acea, stringendo accordi segreti con i francesi di Suez, sembrava una cosa minuscola per gli opinionisti più accreditati.
Dal quel Forum di Corviale è poi uscita la pietra miliare del movimento per l'acqua pubblica, la legge di iniziativa popolare, presentata in Parlamento accompagnata da 450 mila firme, una cifra record. Ben pochi parlamentari, probabilmente, hanno mai letto quegli articoli, né tanto meno hanno cercato di discuterla. Non hanno capito che quelle migliaia di firme erano in realtà solo la prima pietra per la costruzione di un consenso che ieri ha sfiorato i 30 milioni di italiani, restituendo al paese la possibilità di decidere e di cambiare lo stato delle cose.
Servirebbero migliaia di pagine per raccontare quello che in questi quattordici anni è accaduto. Serve soprattutto la mente sgombra dai rituali della politica decotta delle segreterie di partito. Il movimento che ha reso possibile il miracolo è l'incarnazione della metafora della Cattedrale e del Bazar, utilizzata anni or sono per descrivere la filosofia dell'open source. Le grandi realizzazioni medioevali avevano un architetto in grado di controllare anche il minimo movimento dell'ultimo scalpellino; un modello opposto a quello del Bazar, dove l'informazione è sempre condivisa e corre orizzontalmente, in una rete neurale di pari che abbatte ogni gerarchia. Così l'Italia che si è presentata ieri nelle urne è fatta di migliaia di granelli, di comitati in grado da soli di condurre battaglie senza sosta contro i giganti dell'acqua. L'esperienza, la conoscenza, lo studio dei contratti capestro, lo smascherare le strategie commerciali più immonde - come quella di staccare l'acqua con i vigilantes armati - sono l'immenso patrimonio condiviso, aperto, open source. Un modello che è stato in grado di coinvolgere città per città, municipio per municipio, quartiere per quartiere tutte quelle persone che avevano perso ogni speranza di cambiare. Per questo ieri si è celebrata una vittoria realmente e profondamente popolare, che ha un protagonista assoluto, il cambiamento non più arrestabile cresciuto dal basso. Così forte da superare lo sbarramento mediatico costruito quando ormai era troppo tardi, e in grado ora di proseguire - con ancora più forza - quella lotta di lunga durata per la riconquista dei beni comuni, per la ricostruzione di un futuro possibile e giusto.
Fonte: Il Manifesto
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