junho 13, 2011

"O Brasil em brasa: Greves, Protestos…" (Catatau)

PICICA: "(...)se os ânimos não forem logo contidos por mídias e especialistas de plantão, falta pouco - muito pouco - para o mesmo problema dos bombeiros ser amplamente reconhecido como o dos professores, dos hospitais, da saúde, do transporte público…"

O Brasil em brasa: Greves, Protestos…


 
Sobre os dois termos acima, greves e protestos, desde as últimas semanas ocorre no Brasil algo muito, mas muito singular.
Em primeiro lugar vimos a "blitz da Educação" da Globo, com seu (e da Veja) mais novo "especialista" de plantão, falando de boca cheia sobre como deveriam ser professores e escolas.
Mas quase ao mesmo tempo estourou o vídeo de Amanda Gurgel, a professora indignada do Rio Grande do Norte.
O Brasil viveu então algo muito curioso: o principal instrumento de difusão da "cultura" existente no país foi praticamente obrigado a apresentar, durante a mesma semana, um especialista capataz do Capital no Jornal Nacional e uma professora comunista do PSTU no Faustão (caso o leitor permita os trocadilhos).
A auto-reação não demorou muito. Na semana seguinte a Globo asseverou o tom contra os grevistas de diversos estados e funções. Para além das greves dos professores, outros setores também paralisaram. Em São Paulo houve paralisações no metrô e nos ônibus. Em diversos lugares até mesmo hospitais e médicos interromperam suas funções em protesto. E lá estavam os vigilantes jornalistas com sua cobertura padrão: grevistas causam problemas e atrapalham tudo, do trânsito à vida dos homens bons. Quando esses médicos irresponsáveis param, morre gente.
Mas inesperadamente ocorre uma nova guinada na Província de Santa Cruz (a que vulgarmente chamamos de Brasil). Bombeiros do Rio de Janeiro são presos e a categoria inteira protesta contra o ínfimo salário. No Rio de Janeiro os bombeiros recebem um salário de miséria: pouco mais de mil reais, quase o de um professor.
E todo mundo percebeu tudo de um modo singularmente ampliado: nenhuma situação dita "pública" se garante quando setores essenciais, como o dos bombeiros, são mantidos em regime de penúria.
Vimos algo que a cobertura não mostrava (ou insistia em não mostrar): se o bombeiro ganha pouco e se a tropa não possui condições mínimas de funcionamento, aí sim morre gente. Morre gente todo dia, e isso independe do trabalho de cada bombeiro ser ou não exemplar. Não é culpa do bombeiro o fato de não haver condições adequadas para o exercício da profissão de bombeiro.
Não adianta cada um "dar um jeitinho". A situação não se sustenta. E se alguns jornais se mostram sempre tão contrários aos protestos, desde alguns dias é notável certo impasse da cobertura frente ao grande apoio popular aos bombeiros.
Esse impasse logo passa. Mas se os ânimos não forem logo contidos por mídias e especialistas de plantão, falta pouco - muito pouco - para o mesmo problema dos bombeiros ser amplamente reconhecido como o dos professores, dos hospitais, da saúde, do transporte público…

Fonte: Catatau

Um comentário:

Anônimo disse...

Amanda Gurgel é militante de um partido emergente. Isso ficou claro quando apareceu, pouco tempo depois do vídeo ser publicado no Youtube, em um programa político, já como candidata a cargo eletivo. A greve dos bombeiros também foi ativada pelo mesmo partido que ela representa, o PSTU, que conseguiu se infiltrar no sindicato dos professores locais. C'est la politique, mon chèr!