PICICA: "A força política da psicanálise advém, justamente,
dessa abertura a toda sorte de diversidade. Nem de esquerda, nem de direita,
nem masculino, nem feminino, no meio das montanhas ou das nuvens, a força material da
psicanálise advém das respostas e soluções possíveis, UM por Um."
@DDito 13
Boletim da XVII Jornada da EBP-MG
IMPERDÍVEL o IV Seminário Preparatório
Todos Adictos?
Anote na sua agenda: 13 de setembro às 20h30 - Encontro com Antônio Beneti e Elisa
Alvarenga, sobre o tema "Todos Adictos?".
Na bagagem, inspirações diversas. As
preliminares sempre contam muito! Como prévia,
esse fim de semana, Elisa esteve no Seminário da NEL, na Bolívia, e Beneti
marcou presença na Semana de Gastronomia de Brumadinho Gourmet, no
interior de Minas. Espectro geográfico e gustativo interessante para abordar a temática "todos
adictos?".
Elisa, diretamente de La Paz, aguça nossa
curiosidade. Toma como norte da bússola a feminização do mundo e
pretende, a partir das intuições milanesas, investigar como podemos situar as adições nas fórmulas da sexuação. Entre o céu de La Paz e o de
Belô, Elisa pretende
desenvolver sua investigação, mas não sem antes nos deixar uma dica sobre sua apresentação, na forma de uma
questão: "Haveria
uma especificidade nas adições das mulheres em relação as dos
homens?" Muito interessante a força clínica dessa
pergunta, mesmo aqui, se cotejamos o que funcionou como fórmula inspiradora
para cada um de nossos colegas.
Beneti, quando conversamos, ainda não sabia bem o
caminho que iria percorrer, mas me contou que, preliminarmente, trabalhou
quinta e sexta num texto pra uma revista, mas sem deixar de assistir, no
Brumadinho Gourmet, uma apresentação notável de Toninho Horta e sua Banda Fantasma... Na era do
direito ao gozo, Beneti deu a largada a partir de um bom ponto de partida.
Agora, acabei de receber uma nota, assinada por ele, sobre o tema "Todos adictos?". Leiam a seguir,
suas pontuações. Demonstração da adição no real da vida
cotidiana, simples e com poesia.
Deixa-nos com gostinho de quero mais, desenvolvendo sua tese de que a toxicomania não é mais o que era.
A força política da psicanálise advém, justamente,
dessa abertura a toda sorte de diversidade. Nem de esquerda, nem de direita,
nem masculino, nem feminino, no meio das montanhas ou das nuvens, a força material da
psicanálise advém das respostas e soluções possíveis, UM por Um.
Então, é claro que podemos
aguardar uma conversa animada, animada por nossos convidados, pelo esforço de demonstração da força do (in)comum que não cessa, e como
isso se joga no cotidiano e na clínica dos dias de hoje. Quais os destinos desse impossível em nossa época, e que
insiste em qualquer esquina, beco, alcova, mesa, palco, espetáculo? Todos
adictos? O que pode a psicanálise no tempo da adição generalizada?
Até lá!
Fernanda Otoni - Coordenadora da XVII
Jornada da EBPMG
ATENÇÃO!
Dia
13 de setembro é o
ultimo dia para inscrição
com menor valor.
E você, já fez sua inscrição? Fique ligado!
A inscrição, com menor valor, encerra-se no dia 13 de setembro, dia do Seminário Preparatório com Elisa
Alvarenga e Antônio Beneti, na sede da EBPMG. Que tal chegar mais cedo e garantir o seu
lugar em nossa Jornada?
TODOS
ADICTOS ?
Antônio Beneti
Em abril passado, o TyA em Buenos Aires
trabalhou um pouco esse tema. Na Seção Clínica do Instituto
tivemos uma manhã de trabalho ao redor do tema das toxicomanias e do
tratamento do toxicômano na Saúde Mental. Na ocasião falei que a toxicomania não é mais o que
era. A EBP, através do seu
presidente, reuniu-se em audiência pública, no Senado, dia 29 agosto, com críticas da entidade
aos programas de saúde governamentais. Desta vez, o foco era o TDAH. Mas,
lembrem-se de que há pouco eram as toxicomanias e o tratamento do toxicômano em
Comunidades Terapêuticas.
As toxicomanias se constituem como o
tema da hora, sobretudo no Brasil, campeão mundial no consumo do crack, vice no
de cocaína e não sei em que posição, mas, certamente
abaixo, muito, dos EUA e Europa, no consumo de psicofármacos. Porque
temos cachaça pra segurar esse
rojão, como já há tempos Chico Buarque nos canta em uma de suas músicas: Meu caro amigo, se não me engano. Chico
faz menção a certo uso farmacêutico do álcool e que
podemos estender às drogas farmacêuticas: o anestésico da alma.
É certo que, nesse nosso contemporâneo comandado pelo
mais de gozar, a sexualidade passa do um da fusão ao Um sozinho,
cada Um ao seu modo, à sua maneira de gozar, nesta nova cara do direito humano:
o direito de cada um ao próprio gozo. Daí o modelo geral do seculo XXI ser o da adição. Cada Um com sua
droga e tudo podendo se tornar droga (Facebook - ponto prínceps da
Obscenidade Imaginária - virtual eletrônica), internet, trabalho, esportes.
Então, nós analistas, a psicanálise, temos que
nos haver com isso que está aí: todos aditos, toxicomania generalizada.
No caso da farmácia contemporânea, nesse auge
das terapias medicamentosas, fundadas num pragmatismo excludente da
subjetividade, encontramos o que vou chamar de gozo anestésico. E sobretudo
entre os adultos consumidores de pastilhas ansiolíticas,
antidepressivas, e hipnóticas, isso é impressionante em termos de intensidade e é mais estarrecedor
ainda a anfetaminação ritalínica entre crianças e a canabisação e viagração dos adolescentes
e adultos jovens onde uma certa dor do encontro com o outro sexo é anestesiada com
um entorpecente ou com um Outro da garantia eretiva
peniana como no caso do Viagra: sexo sem quaisquer sinais dolorosos de uma
angústia fóbica.
Isso contrasta com a definição "deesseemeniana" das adições onde a
subjetividade está excluída. Aqui, temos o sujeito incluído, buscando o
parceiro anestésico, caso-a-caso, a partir de sua singularidade nessa
parceria.
É com isso que temos que nos haver para
tornar possível a introdução do ato analítico nesse campo,
desde que a psicanálise é o que se espera de um analista. A produção de efeitos analíticos,
caso-a-caso, não dependem do ambiente, do divã ou do consultório. Dependem da
relação de quem sustenta o discurso analítico e a experiência com a qual
está comprometido. Por isso podemos encontrar efeitos analíticos nas instituições não segregativas da
dimensão do sujeito do inconsciente, do falasser, aí parceiro do
objeto droga. E, algumas vezes precisamos dessas instituições pouco
existentes nesse contemporâneo adicto, pouco amoroso e sexual.
Enfim, são algumas pontuações para nos
orientarmos na mesa de trabalhos de quinta próxima.Fonte: Jornada da Escola Brasileira de Psicanálise - MInas Gerais
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