setembro 10, 2012

Jornada da Escola Brasileira de Psicanálise - MInas Gerais: IV Seminário Preparatório "Todos Adictos?"

PICICA: "A força política da psicanálise advém, justamente, dessa abertura a toda sorte de diversidade. Nem de esquerda, nem de direita, nem masculino, nem feminino, no meio das montanhas ou das nuvens, a força material da psicanálise advém das respostas e soluções possíveis, UM por Um.


@DDito 13
Boletim da XVII Jornada da EBP-MG




 IMPERDÍVEL o IV Seminário Preparatório

Todos Adictos?


Anote na sua agenda: 13 de setembro às 20h30 - Encontro com Antônio Beneti e Elisa Alvarenga, sobre o tema  "Todos Adictos?".
Na bagagem, inspirações diversas. As preliminares sempre contam muito! Como prévia,  esse fim de semana, Elisa esteve no Seminário da NEL, na Bolívia, e Beneti marcou presença na Semana de Gastronomia de Brumadinho Gourmet, no interior de Minas. Espectro geográfico e gustativo interessante para abordar a temática "todos adictos?".
Elisa, diretamente de La Paz, aguça nossa curiosidade. Toma como norte da bússola a feminização do mundo e pretende, a partir das intuições milanesas, investigar como podemos situar as adições nas fórmulas da sexuação. Entre o céu de La Paz e o de Belô,  Elisa pretende desenvolver sua investigação, mas não sem antes nos deixar uma dica sobre sua apresentação, na forma de uma questão: "Haveria uma especificidade nas adições das mulheres em relação as dos homens?" Muito interessante a força clínica dessa pergunta, mesmo aqui, se cotejamos o que funcionou como fórmula inspiradora para cada um de nossos colegas.
Beneti, quando conversamos, ainda não sabia bem o caminho que iria percorrer, mas me contou que, preliminarmente, trabalhou quinta e sexta num texto pra uma revista, mas sem deixar de assistir, no Brumadinho Gourmet, uma apresentação notável de Toninho Horta e sua Banda Fantasma... Na era do direito ao gozo, Beneti deu a largada a partir de um bom ponto de partida. Agora, acabei de receber uma nota, assinada por ele, sobre o tema "Todos adictos?". Leiam a seguir, suas pontuações. Demonstração da adição no real da vida cotidiana, simples e com poesia. Deixa-nos com gostinho de quero mais, desenvolvendo sua tese de que a toxicomania não é mais o que era.
A força política da psicanálise advém, justamente, dessa abertura a toda sorte de diversidade. Nem de esquerda, nem de direita, nem masculino, nem feminino, no meio das montanhas ou das nuvens, a força material da psicanálise advém das respostas e soluções possíveis, UM por Um.
Então, é claro que podemos aguardar uma conversa animada, animada por nossos convidados, pelo esforço de demonstração da força do (in)comum que não cessa, e como isso se joga no cotidiano e na clínica dos dias de hoje. Quais os destinos desse impossível em nossa época, e que insiste em qualquer esquina, beco, alcova, mesa, palco, espetáculo? Todos adictos? O que pode a psicanálise no tempo da adição generalizada?
Até lá!
Fernanda Otoni - Coordenadora da XVII Jornada da EBPMG
ATENÇÃO!
Dia 13 de setembro é o ultimo dia para inscrição com menor valor.
E você, já fez sua inscrição? Fique ligado!
A inscrição, com menor valor, encerra-se no dia 13 de setembro, dia do Seminário Preparatório com Elisa Alvarenga e Antônio Beneti, na sede da EBPMG.  Que tal chegar mais cedo e garantir o seu lugar em nossa Jornada?
TODOS ADICTOS ?
Antônio Beneti
Em abril passado, o TyA em Buenos Aires trabalhou um pouco esse tema. Na Seção Clínica do Instituto tivemos uma manhã de trabalho ao redor do tema das toxicomanias e do tratamento do toxicômano na Saúde Mental. Na ocasião falei que a toxicomania não é mais o que era.  A EBP, através do seu presidente, reuniu-se em audiência pública, no Senado, dia 29 agosto, com críticas da entidade aos programas de saúde governamentais. Desta vez, o foco era o TDAH. Mas, lembrem-se de que há pouco eram as toxicomanias e o tratamento do toxicômano em Comunidades Terapêuticas.
As toxicomanias se constituem como o tema da hora, sobretudo no Brasil, campeão mundial no consumo do crack, vice no de cocaína e não sei em que posição, mas, certamente abaixo, muito, dos EUA e Europa, no consumo de psicofármacos. Porque temos cachaça pra segurar esse rojão, como já há tempos Chico Buarque nos canta em uma de suas músicas: Meu caro amigo, se não me engano. Chico faz menção a certo uso farmacêutico do álcool e que podemos estender às drogas  farmacêuticas: o anestésico da alma.
É certo que, nesse nosso contemporâneo comandado pelo mais de gozar, a sexualidade passa do um da fusão ao Um sozinho, cada Um ao seu modo, à sua maneira de gozar, nesta nova cara do direito humano: o direito de cada um ao próprio gozo. Daí o modelo geral do seculo XXI  ser o da adição. Cada Um com sua droga e tudo podendo se tornar droga (Facebook - ponto prínceps da Obscenidade Imaginária - virtual eletrônica), internet, trabalho, esportes. Então, nós analistas, a psicanálise, temos que nos haver com isso que está aí: todos aditos, toxicomania generalizada.
No caso da farmácia contemporânea, nesse auge das terapias medicamentosas, fundadas num pragmatismo excludente da subjetividade, encontramos o que vou chamar de gozo anestésico. E sobretudo entre os adultos consumidores de pastilhas ansiolíticas, antidepressivas, e hipnóticas, isso é impressionante em termos de intensidade e é mais estarrecedor ainda a anfetaminação ritalínica entre crianças e a canabisação e viagração dos adolescentes e adultos jovens onde uma certa dor do encontro com o outro sexo é anestesiada com um entorpecente ou com um Outro da garantia eretiva peniana como no caso do Viagra: sexo sem quaisquer sinais dolorosos de uma angústia fóbica.
Isso contrasta com a definição "deesseemeniana" das adições onde a subjetividade está excluída. Aqui, temos o sujeito incluído, buscando o parceiro anestésico, caso-a-caso, a partir de sua singularidade nessa parceria.
É com isso que temos que nos haver para tornar possível a introdução do ato analítico nesse campo, desde que a psicanálise é o que se espera de um analista. A produção de efeitos analíticos, caso-a-caso, não dependem do ambiente, do divã ou do consultório. Dependem da relação de quem sustenta o discurso analítico e a experiência com a qual está comprometido. Por isso podemos encontrar efeitos analíticos nas instituições não segregativas da dimensão do sujeito do inconsciente, do falasser, aí parceiro do objeto droga. E, algumas vezes precisamos dessas instituições pouco existentes nesse contemporâneo adicto, pouco amoroso e sexual.
Enfim, são algumas pontuações para nos orientarmos na mesa de trabalhos de quinta próxima.

Fonte: Jornada da Escola Brasileira de Psicanálise - MInas Gerais

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