PICICA: "Lembro-me que
ainda em 1989 durante a campanha Lula Presidente, campanha do “Brasil
Criança”, acompanhei o nosso candidato a Presidência da República em uma
visita à Hidrelétrica de Balbina no Amazonas para ver o absurdo de um
grande projeto hidrelétrico na Amazônia. Depois, em 1994, noutra viagem
importante, na “Caravana das Águas”, visitamos juntos o projeto de mudas
de guaraná da Embrapa, em Maués. Com o nariz sobre 23.000 mudas de
Guaraná destinadas pela Embrapa a uma só empresa, a Antártica,
esquecendo os milhares de pequenos agricultores e produtores de guaraná
daquele município, vimos juntos a óbvia necessidade de uma mudança
radical de política agrícola da Empresa Brasileira de Pesquisas
Agropecuárias.
Hoje, como naquele tempo e como bem antes durante a Ditadura Militar, o nosso governo, traindo o seu passado, está aí emaranhado, como aqueles governos ou até de forma ainda mais sofisticada praticando as mesmas atitudes ditatoriais. Investimento no Agronegócio é uma burrice, pois essencialmente depreda a biodiversidade e como tal é um exterminador das fontes de sustento do Brasil das gerações futuras."
EM TEMPO: Companheiro Egydio, lembro ainda que num dos comícios de Lula em 1989, em Manaus, na Praça da Saudade, entreguei para Marisa uma cópia do vídeo "Balbina no País da Impunidade", em que você aparece dando seu depoimento sobre o desaparecimento de aldeias waimiri-atroaris com a construção da usina hidrelétrica, que pode ser vista no meu blog: www.rogeliocasado.blogspot.com A luta continua.
PT Socialista e Luta Indígena
O PT no poder
parece que esqueceu toda a trajetória que o construiu, as pessoas e a
causa que o construíram e até a história de pessoas que compõe o governo
no poder.
Abril Indígena Foto: Valter Campanato, 2013. |
Lembro-me que
ainda em 1989 durante a campanha Lula Presidente, campanha do “Brasil
Criança”, acompanhei o nosso candidato a Presidência da República em uma
visita à Hidrelétrica de Balbina no Amazonas para ver o absurdo de um
grande projeto hidrelétrico na Amazônia. Depois, em 1994, noutra viagem
importante, na “Caravana das Águas”, visitamos juntos o projeto de mudas
de guaraná da Embrapa, em Maués. Com o nariz sobre 23.000 mudas de
Guaraná destinadas pela Embrapa a uma só empresa, a Antártica,
esquecendo os milhares de pequenos agricultores e produtores de guaraná
daquele município, vimos juntos a óbvia necessidade de uma mudança
radical de política agrícola da Empresa Brasileira de Pesquisas
Agropecuárias.
Hoje, como naquele tempo e como bem antes durante a Ditadura Militar, o nosso governo, traindo o seu passado, está aí emaranhado, como aqueles governos ou até de forma ainda mais sofisticada praticando as mesmas atitudes ditatoriais. Investimento no Agronegócio é uma burrice, pois essencialmente depreda a biodiversidade e como tal é um exterminador das fontes de sustento do Brasil das gerações futuras.
Investimento em grandes projetos hidrelétricos na Amazônia é igualmente exterminador de fontes de sustento das gerações futuras. Por que não investir em trilhos contra o desperdício de energia do ineficiente transporte. Sozinha, a economia de energia gasta nos congestionamentos urbanos, se fosse poupada, seria capaz de evitar várias Belo Montes. Abrir o caminho às mineradoras para a pesquisa e lavra em áreas indígenas, projeto do ex-lider do Governo no Senado, Sen. Romero Jucá, é mais uma burrice para favorecer interesses multinacionais que se enriquecem roubando os recursos não renováveis dos povos indígenas e do Brasil como um todo.
Hoje, como naquele tempo e como bem antes durante a Ditadura Militar, o nosso governo, traindo o seu passado, está aí emaranhado, como aqueles governos ou até de forma ainda mais sofisticada praticando as mesmas atitudes ditatoriais. Investimento no Agronegócio é uma burrice, pois essencialmente depreda a biodiversidade e como tal é um exterminador das fontes de sustento do Brasil das gerações futuras.
Investimento em grandes projetos hidrelétricos na Amazônia é igualmente exterminador de fontes de sustento das gerações futuras. Por que não investir em trilhos contra o desperdício de energia do ineficiente transporte. Sozinha, a economia de energia gasta nos congestionamentos urbanos, se fosse poupada, seria capaz de evitar várias Belo Montes. Abrir o caminho às mineradoras para a pesquisa e lavra em áreas indígenas, projeto do ex-lider do Governo no Senado, Sen. Romero Jucá, é mais uma burrice para favorecer interesses multinacionais que se enriquecem roubando os recursos não renováveis dos povos indígenas e do Brasil como um todo.
Como anteontem durante o Governo Militar e como ontem, durante o Governo
Sarney, os índios resistem sem necessidade de armas de fogo, assim
resistirão também a este Governo e contra ele sairão ainda mais
fortalecidos e com novas alianças, anunciando sempre mais vigorosamente a
necessidade de uma Reforma Agrária para os seus irmãos humilhados da
sociedade nacional, primeiro e principal objetivo da existência do
Partido dos Trabalhadores. E principalmente, a demarcação de territórios
comunais.
É muito doloroso que a sociedade, à frente os povos indígenas, tenha que partir para o confronto contra o PT-Governo, para evitar que este se afunde de vez no Agronegócio dilapidador da biodiversidade e ainda para impedir a exploração predatória e a exportação como commodities dos recursos minerais não renováveis, por empresas multinacionais. A biodiversidade é o principal esteio para pesquisa das futuras gerações do povo brasileiro e a sociodiversidade é fonte de alegria e riqueza cultural, por isso devem ser defendidas.
A hora é de confronto e toda a sociedade brasileira terá que se posicionar. De um lado estão os índios e os trabalhadores familiares com ou sem terra, cujas armas e munição são mudas e sementes variadas. Do lado de lá, os agronegociantes, mineradores, donos das empresas de construção e, ao que tudo indica, o Governo com as tradicionais armas de fogo letais.
Companheira Dilma, é hora de acordar, antes que seja tarde! Não se iluda, os seus aliados ruralistas, que não são agricultores, não irão sossegar enquanto não tiverem depredado toda a nação, inclusive, as áreas indígenas.
É humilhante ver uma ministra do nosso governo, propor a revisão das demarcações de terras indígenas dos últimos 25 anos. Seria para ampliar esses territórios já livres do capitalismo? Infelizmente não! Será para anexá-los ao agronegócio, abri-los para a exploração capitalista da mineração, ou cobri-los com as águas de lagos hidrelétricos. Não será para questionar estes milhares de latifúndios muitos deles grilados ou conquistados a base da pistolagem, ou até instalados à custa de trabalho escravo, de 1500 até 2013, de Roraima ao Rio Grande do Sul. E nem será para, finalmente, iniciar a reforma agrária, atendendo a um clamor da sociedade que já vem desde a colonização portuguesa e que foi apresentado e aclamado no Primeiro Encontro Nacional do PT no dia 31 de maio de 1980, como prioridade do Programa Partidário.
Casa da Cultura do Urubuí, 15 de maio de 2013.
Egydio Schwade
Fonte: Casa da Cultura do Urubuí
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