PICICA - Blog do Rogelio Casado - "Uma palavra pode ter seu sentido e seu contrário, a língua não cessa de decidir de outra forma" (Charles Melman) PICICA - meninote, fedelho (Ceará). Coisa insignificante. Pessoa muito baixa; aquele que mete o bedelho onde não deve (Norte). Azar (dicionário do matuto). Alto lá! Para este blogueiro, na esteira de Melman, o piciqueiro é também aquele que usa o discurso como forma de resistência da vida.
novembro 21, 2009
O cinema, segundo David Pennington
David Pennington, amazonense nascido em Liverpool, criado em Manaus à base de peixe e farinha se mandou pra Brasília, onde é professor doutor de uma cátedra de cinema. Sabe-deus como ele sobrevive à falta dessa alimentação vital na dieta dos amazonenses.
Amigo de Jorge Bodanzky, David participou de várias produções do criador de "Iracema - uma viagem transamazônica". Lembro-me de um deles: "O terceiro milênio". Esse filme deu a conhecer ao mundo a existência do senador Evandro Carreira, alcunhado pelos adversários como "senador pororoca". Descontado o caráter folclórico, suas teses continuam atuais. Na época, David era o único amazonense a possuir um Nágara (gravador de áudio de cinema). Virou lenda.
Quando David vem a Manaus, nos encontramos ao acaso. Quase sempre! Da última vez, perdi de vista o nosso intrépido professor. E a ocasião era especialíssima. Ele veio para o lançamento do livro de sua tese de doutorado: Manaus e Liverpool - uma ponte marítima centenária, à venda nas boas livrarias do ramo.
Um capítulo do livro me emociona em particular. Trata-se do capítulo sobre "A fantástica trajetória da Booth Line". Essa companhia inglesa nasceu em Liverpool, onde David veio ao mundo. Aos seis anos de idade, em 1953 (ano do nascimento deste blogueiro), ele viria para Manaus à bordo do tansatlântico Hildebrand, da Booth Line, o mesmo navio onde meu pai, o comandante Rogelio Casado Marinho, da Marinha Mercante Brasileira, prático daquela companhia inglesa de navegação, viajaria com minha mãe em lua de mel no ano de 1952.
A companhia já não existe mais, nem meu pai e minha estão entre nós. Guardo na memória dias inesquecíveis em viagens para Belém, na companhia de meu pai, à bordo do transatlântico Anselm, e alguns navios cargueiros da Booth Line, todos com nomes latinos: Vamos, Venimos, Valiente, Veloz, entre outros.
David protagonizaria, nos anos 1990, quando era dono do bar Metrô, na vila Municipal de Manaus, um episódio aqui relatado sobre o resgate de uma obra do pintor Afrânio de Castro, que vale a pena reler.
Por ora, fique com sua definição pouco ortodoxa do que é cinema. Grande David Pennington! It's a pleasure son of a bitch to see you here on YouTube, baby. Goodbye, my boy!
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