setembro 15, 2011

Comunidade Tradicional do Jatuarana: vítima de racismo ambiental


PICICA: Recebi a mensagem abaixo do companheiro Valter Calheiros, militante do movimento socioambiental SOS Encontro das Águas, no dia 12/09. Posto-a como recebi. Calheiros tem razão, a comunidade tradicional do lago e da costa do Jatuarana está sendo vítima de racismo ambiental. Veja abaixo a entrevista que fizemos com o trabalhador rural que vem sendo molestado pelo Exército Nacional. Aguarde a postagem de novos vídeos. Neste momento, a chamado da comunidade estou me dirigindo para a região do Puraquequara, de onde partiremos em caravana para a costa do Jatuarana. O Exército está em ação, mais uma vez, na propriedade particular do nosso entrevistado. A mídia ficou de se fazer presente. Como até agora ninguém apareceu, estou atendendo o chamado da comunidade. Se por acaso não retornar, peço que comuniquem ao meu advogado Dr. Felix Valois. Em tempo: Ao chegar à beira do lago do Puraquequara, fui informado de que a caravana teria seguido seu destino na companhia de um jornal local. Aproveitei para almoçar no restaurante do povo da Permacultura, indicado pelo meu amigo Vitor Tez. Ao retornar para casa, fui informado que o jornal participou da caravana, tendo comunicado que não poderia ir ao Jatuarana fazer a cobertura da repulsiva conduta militar para com a comunidade tradicional do Jatuarana. Lástima! Entretanto, outros companheiros se fizeram presente na caravana. Aguardem pelas imagens da nova ação dos militares. Desta vez, eles cometeram a ousadia de fincar uma placa nas terras do trabalhador rural Wilson Guedes Neves, sinalizando-a como sua propriedade. É revoltante! Fique com mais um vídeo da entrevista do dia 11/09, domingo.



SOS ENCONTRO DAS ÁGUAS - COMUNIDADE DO JATUARANA.

O Jornal a Crítica deste sábado (10set) traz a disputa travada pelos comunitários do Jatuarana contra o Exército Brasileiro.

A violência em nossa cidade é pautada nos acontecimentos registrados nas páginas dos jornais e em programas de TV moldados exclusivamente com objetivos de promoção pessoal e política. Assim, as demais formas de violências passam despercebidas da população e não ganham repercussão alguma.

A repressão do Estado torna a comunidade do Jatuarana uma zona de conflito em que as garantias constitucionais como o direito a moradia, a cultura, a convivência familiar e comunitária, sejam ditadas e estabelecidas pela força do Exército Brasileiro. Tal situação exige da sociedade civil a missão de articulação em ambito regional, nacional e internacional para divulgar os fatos.

Resistência é a palavra de ordem dos comunitários do Jatuarana, mas é necessário uma efetiva aliança, cooperação e mobilização dos movimentos sociais e de toda a sociedade nas intervenções junto ao Estado Brasileiro.

ENTRADA PROIBIDA – ÁREA MILITAR. Esses são os dizeres da placa colocada na entrada do cemitério. Absurdo, truculência, autoritarismo, ... O cemitério do Jatuarana é um “campo santo” lugar privilegiado que conta a história da comunidade, sendo assim lugar comum a todos e de visitação das famílias.

A luta do povo pela terra na comunidade do Jatuarana nos remete a refletir sobre Racismo Ambiental.

“Chamamos de Racismo Ambiental às injustiças sociais e ambientais que recaem de forma implacável sobre etnias e populações mais vulneráveis. O Racismo Ambiental não se configura apenas através de ações que tenham uma intenção racista, mas, igualmente, através de ações que tenham impacto “racial”, não obstante a intenção que lhes tenha dado origem. (…) O conceito de Racismo Ambiental nos desafia a ampliar nossas visões de mundo e a lutar por um novo paradigma civilizatório, por uma sociedade igualitária e justa, na qual democracia plena e cidadania ativa não sejam direitos de poucos privilegiados, independente-mente de cor, origem e etnia” (Pacheco: 2007).

Jornal A Crítica 09/09/2011
COMUNIDADE DO JATUARANA
Exército é acusado de demolir estrutura de imóvel,
na área rural de Manaus

Conflito na área da comunidade Jatuarana teria resultado no desmonte da estrutura de uma casa, pertencente a um morador do lugar.

Manaus, 09 de Setembro de 2011
SÍNTIA MACIEL

  
Um abraço.

Valter Calheiros

Um comentário:

Anônimo disse...

Que absurdo! A que ponto chegamos! Se o Exército está tendo esse tipo de comportamento totalmente arbitrário e nazista está mais do que na hora dos órgãos competentes; Direitos humanos, OAB,Ministério público, Ministério da defesa, etc. Saírem do comodismo, das salas refrigeradas e mostrar serviço, ensinar à essa corporação que ela tem regras, normas a serem cumpridas e respeitadas, dar um basta nesta desavergonhada situação que essa meia dúzia de coronéis de fim de carreia está criando para com certeza tirar grandes proveitos em cima de inocentes e indefesos comunitários ribeirinhos que, independente de terem ou não documento da Terra onde moram há tantos anos, teem todo o Direito de alí viverem em paz, enquanto esse bando de soldados boiados e inúteis devem tumar o rumo das fronteira, onde realmente eles poderam ser úteis e menos prejudiciáis.