PICICA: Como é cruel a vida de jornalista. Depois de cumprir sua tarefa de repórter e elaborar seu texto, ver o resultado da sua matéria mutilada é frustrante. É o caso da matéria abaixo, caso não tenha havido auto-censura - outra condição a que estão assujeitados os profissionais da comunicação. Explico-me. O encontro dos "ambientalistas" abaixo referidos foi convocado por um movimento de jovens intitulado "NÃO TOMO COCA-COLA SE O PORTO DAS LAJES FOR INSTALADO NO ENCONTRO DAS ÁGUAS". Entretanto, este fato não é mencionado no corpo da matéria. Isente-se a jornalista. Nenhuma empresa jornalística, diriam os mais sensatos, cometeria o suicídio de enfrentar uma poderosa empresa como a Coca-Cola, mesmo que ela venha poluindo solo e mananciais, como a usina de cana-de-açucar de Presidente Figueiredo, construída com incentivos daquela empresa de refrigerantes; nem mesmo se ela tiver interesses na construção de um porto que provocará graves impactos ambientais, como o do terminal portuário das Lajes. Até aí morreu Neves. O que é assustador nesse cenário é a passividade do povo amazonense. Como é possível viver sem o mínimo de desobediência civil? Faria tão bem à saúde da cidade. Felizmente nem todos sofrem dessa leseira atávica. Um exemplo animador foi revelado por uma das "ambientalistas" presentes. Filiada ao Greenpeace, ela indagou porque a entidade não tomava posição favorável ao tombamento do Encontro das Águas. Diante do argumento de que esse fenômeno não tinha importância - argumento digno de "ambientalistas de araque" -, ato contínuo, irada, desfiliou-se da entidade. Bem vinda, companheira, teu lugar é ao lado dos "insensatos" que não aceitam viver sobre cabrestos. Sua doação dos adesivos para nossos carros, a favor do tombamento do Encontro das Águas, foi muito bem vinda. Eles já estão circulando. Hoje somos 25 "ambientalistas"; amanhã seremos multidão.
Ambientalistas protestam contra o Porto das Lajes em Manaus
O empreendimento privado tem como objetivo desafogar a carga e descarga de contêiners do Polo Industrial de Manaus (PIM) no centro da capital amazonense.
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Manaus - Um grupo com cerca de 25 ambientalistas e ativistas se reuniu neste domingo (25), no Parque dos Bilhares, zona centro-sul de Manaus, para discutir meios de impedir a construção do Porto das Lajes, no Encontro das Águas.
O empreendimento privado tem como objetivo desafogar a carga e descarga de contêiners do Polo Industrial de Manaus (PIM) no centro da capital amazonense e consiste num complexo portuário próximo ao Distrito Industrial, à margem do Encontro das Águas.
As obras haviam sido suspensas por falta de licenciamento ambiental. No dia 3 de agosto deste ano, porém, o Instituto de Proteção Ambiental do Estado do Amazonas (Ipaam) concedeu a licença ambiental para a construção do Porto, logo após Dimis da Costa Braga, juiz titular da 7º Vara da Seção Judiciária do Amazonas, ter anulado o tombamento da área.
Para o assessor parlamentar Israel Dourado, 32, morador do bairro Colônia Antônio Aleixo, zona leste, este empreendimento provocará um grande impacto ambiental e social para os moradores. Segundo ele, além do derramamento de óleo e dejetos sólidos das embarcações, o desmatamento das margens e encostas vai alterar a qualidade da água da região que poderá provocar assoreamento e poluição do Lago do Aleixo (principal lago pesqueiro da margem esquerda). "Isso afetará muito nossas vidas, vai acabar a beleza do lugar. Existem outros lugares onde eles podem construir esse porto, como em Itacoatiara, ou até mesmo no Puraquequara", ressalta.
A pedagoga Marisa Lima, 57, também moradora do local, diz que esse projeto é um absurdo. "Nós cuidamos daquela área, que além de ser turística, é nossa área de lazer. Com esse porto irá ficar tudo sujo, irão destruir nosso lago. Além do mais, temos uma adutora de água próximo ao local. Acham que todo mundo é ignorante? Como podem construir um porto ao lado de uma adutora de água?" desabafa, comentando os riscos de contaminação da água da adutora.
A companhia responsável pela obra, a Lajes Logística, afirma que os impactos não serão graves, além do beneficio de criação de empregos para a população. Porém, os moradores contestam.
Mais de 1500 internautas já compartilharam a campanha no facebook. Segundo o ativista de direitos humanos, Alexandre Victor, 24 anos, o objetivo da campanha é sensibilizar o consumidor sobre os danos gerados ao meio-ambiente, e exigir das empresas uma análise de impactos aos recursos humanos,"não somos contra o porto, mas somos contra a construção no encontro das águas", disse Alexandre.
Fonte: Diário do Amazonas
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