PICICA: A baixa mobilização em defesa do nosso maior patrimônio paisagístico pelos parlamentares da bancada federal do Amazonas sempre nos intrigou, já que desde 2008 iniciamos o processo de resistência contra a construção do terminal portuário das Lajes. Tanto assim que, em 2009, vários deles, entre deputados e senadores, participaram de um debate com o movimento socioambiental SOS Encontro das Águas (que nasceu no Pro-Reitoria de Extensão, quando este escriba respondia pelo cargo, num encontro de organizações da sociedade civil e militantes ambientais). Daí em diante, silêncio. Registre-se, entretanto, que apenas dois parlamentares deram o ar de sua graça, um de maneira mais ostensiva e outro de modo mais comedido: um parlamentar estadual manteve alguma regularidade entre discurso e prática, acolhendo em vários momentos as demandas por audiência do referido movimento; e um senador acolheu uma demanda do movimento e iniciou entendimentos sobre a possibilidade de tombamento do Encontro das Águas com o Ministério da Cultura. E nada mais. O resto ficou por conta do movimento socioambiental, com as dificuldades inerentes à gigantesca tarefa de ganhar a adesão da opinião pública, sujeita à manipulação de propagandas oficiais. Finalmente, nesta semana, o deputado federal Francisco Praciano desencantou, depois de enfrentar críticas do movimento, e conseguiu articular uma audiência pública no Congresso Nacional, da qual participarão, além da atual ministra, integrantes do movimento socioambiental. Torço para que a bióloga Elisa Wandelli possa se fazer presente. É uma das mais competentes vozes sobre a questão do tombamento do Encontro das Águas. Durante algum tempo o nosso intrépido parlamentar queixava-se de que não lhe chegavam as informações. Com uma assessoria bem paga e competente, o argumento não se sustentava. Bastava acompanhar o PICICA para ter acesso a informações da hora. Resta-nos celebrar esse importante espaço político facilitado pelo companheiro. O custo-benefício, para o parlamentar que pretende ser prefeito de Manaus, saiu caro aos companheiros de luta que até hoje empunham a bandeira do tombamento do Encontro das Águas, posto que uma presença mais efetiva do parlamentar teria permitido irmos muito além do tímido tombamento do Encontro das Águas. O encontro dos rios Negros e Solimões tem uma extensão muito maior do que nos mostram os cartões postais. E ao longo deste percurso encontram-se dezenas de comunidades tradicionais de ribeirinhos, cujo futuro está ameaçado pela expansão da região metropolitana de Manaus. O distanciamento político entre o parlamentar e as bases que pensam e interferem na cena política amazonense pode ter comprometido a criação da Área de Conservação do Encontro das Águas, único modo de conservarmos a cultura ribeirinha, impedir a ocupação desordenada da urbe, conter a violência militar que recai sobre ribeirinhos e promover um verdadeiro desenvolvimento sustentável, protegendo nossos recursos naturais através do respeito aos saberes tradicionais, comprovadamente inofensivos ao ambiente. Desejo bons frutos desse encontro, e cumprimento o gesto tardio do futuro prefeito de Manaus, que poderá ser resgatado mais tarde, caso o povo o conduza à prefeitura. Fica aqui a dica desse velho militante das causas (im)possíveis. Pela criação da ÁREA DE CONSERVAÇÃO DO ENCONTRO DAS ÁGUAS.
. Deputado Francisco Praciano - PT-AM, futuro prefeito de Manaus
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