PICICA: O Exército está aterrorizando, desta vez, a vida do trabalhador rural Wilson Gomes Neves, esposa e três filhos. Há 18 anos ele mora e trabalha na costa do Jatuarana. A paz daquela comunidade foi rompida em meados de 1990. Das duzentas famílias ali residentes, só restam pouco mais de 90, com o clima de intimidação provocada pelos militares. A cada mudança de comando militar, as comunidades sofrem novas arbitrariedades. Na semana passada, sem mandado oficial, puseram abaixo uma casa que Wilson estava construindo para sua moradia, depois que uma outra fora seriamente avariada com a enchente passada. Atualmente ele mora na casa de um juiz. Em troca Wilson cuida da propriedade do juiz. Hoje a casa do pai de Wilson, que está em Manaus a tratamento de saúde, foi ao chão. Trinta militares armados invadiram a propriedade de 300 x 3000 mt e, em franco desrespeito à lei, atentaram contra os direitos civis de Wilson. Amanhã os militares voltarão para levar a madeira da casa que foi desfeita. Saíram ameaçando por abaixo a casa do juiz em que mora Wilson e sua família. Alô! A ditadura acabou, senhores! De volta à caserna! Deixem nossas comunidades tradicionais em paz.
Conflito entre exército e populares continua em comunidade no Puraquequara
Na manhã desta quarta-feira (14), o grupo de oficiais do Comando Militar da Amazônia (CMA) retornou à Comunidade Jatuarana na área rural do bairro Puraquequara para dar seguimento às ações de demolição dos imóveis de moradores da comunidade
Morador da comunidade Jatuarana mostra título definitivo da terra
Na
última sexta-feira (09), um grupo de oficiais do Comando Militar da
Amazônia (CMA) esteve na comunidade Jatuarana e destruiu a casa do
agricultor Wilson Gomes Neves, 35. De acordo com o agricultor, o grupo
alegou que o imóvel estava em área pertencente ao exército. As terras
são motivo de disputa entre exército e moradores há pelo menos oito
anos.
Na
manhã desta quarta-feira (14), o exército voltou à área e deu
seguimento à demolição das casas dos moradores da comunidade. Segundo o
agricultor que já teve sua casa demolida na semana passada, eram pelo
menos 30 homens armados, enquanto outros realizavam o desmonte das
casas.
“Estamos
vivendo uma espécie de terrorismo. Eles ameaçaram que fariam, voltaram e
fizeram. Eles não tem nenhum mandado oficial para realizar a ação. Eu e
minha família já moramos aqui há 18 anos. Eu possuo o registro e
escrituras destas terras, mas eles continuam destruindo tudo e alegando
que as terras pertencem à eles”, relata Neves.
São
86 famílias morando atualmente na comunidade, em sua maioria,
agricultores. Segundo o morador, a ação foi denunciada no Ministério
Público Federal (MPF/AM), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Defensoria
da União e Polícia Civil. “Na semana passada fizemos a denúncia junto à
esses órgãos, mas até agora nenhuma providência foi tomada”, destaca.
“É
duro ver sua vida sendo destruída em poucas horas e não poder fazer
nada. Eles prometeram voltar na manhã desta quinta-feira (15) para levar
as madeiras das casas que já foram desmontadas e os animais de nossas
criações. Nós não temos pra onde ir”, desabafa o agricultor.
Fonte: A Crítica
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