setembro 14, 2011

Terrorismo militar no Puraquequara, a 20 minutos de Manaus

PICICA: O Exército está aterrorizando, desta vez, a vida do trabalhador rural Wilson Gomes Neves, esposa e três filhos. Há 18 anos ele mora e trabalha na costa do Jatuarana. A paz daquela comunidade foi rompida em meados de 1990. Das duzentas famílias ali residentes, só restam pouco mais de 90, com o clima de intimidação provocada pelos militares. A cada mudança de comando militar, as comunidades sofrem novas arbitrariedades. Na semana passada, sem mandado oficial, puseram abaixo uma casa que Wilson estava construindo para sua moradia, depois que uma outra fora seriamente avariada com a enchente passada. Atualmente ele mora na casa de um juiz. Em troca Wilson cuida da propriedade do juiz. Hoje a casa do pai de Wilson, que está em Manaus a tratamento de saúde, foi ao chão. Trinta militares armados invadiram a propriedade de 300 x 3000 mt e, em franco desrespeito à lei, atentaram contra os direitos civis de Wilson. Amanhã os militares voltarão para levar a madeira da casa que foi desfeita. Saíram ameaçando por abaixo a casa do juiz em que mora Wilson e sua família. Alô! A ditadura acabou, senhores! De volta à caserna! Deixem nossas comunidades tradicionais em paz. 

Conflito entre exército e populares continua em comunidade no Puraquequara

Na manhã desta quarta-feira (14), o grupo de oficiais do Comando Militar da Amazônia (CMA) retornou à Comunidade Jatuarana na área rural do bairro Puraquequara para dar seguimento às ações de demolição dos imóveis de moradores da comunidade

Morador da comunidade Jatuarana mostra título definitivo da terra (Euzivaldo Queiroz)

Na última sexta-feira (09), um grupo de oficiais do Comando Militar da Amazônia (CMA) esteve na comunidade Jatuarana e destruiu a casa do agricultor Wilson Gomes Neves, 35. De acordo com o agricultor, o grupo alegou que o imóvel estava em área pertencente ao exército. As terras são motivo de disputa entre exército e moradores  há pelo menos oito anos.

Na manhã desta quarta-feira (14), o exército voltou à área e deu seguimento à demolição das casas dos moradores da comunidade. Segundo o agricultor que já teve sua casa demolida na semana passada, eram pelo menos 30 homens armados, enquanto outros realizavam o desmonte das casas.

“Estamos vivendo uma espécie de terrorismo. Eles ameaçaram que fariam, voltaram e fizeram. Eles não tem nenhum mandado oficial para realizar a ação. Eu e minha família já moramos aqui há 18 anos. Eu possuo o registro e escrituras destas terras, mas eles continuam destruindo tudo e alegando que as terras pertencem à eles”, relata Neves.

São 86 famílias morando atualmente na comunidade, em sua maioria, agricultores. Segundo o morador, a ação foi denunciada no Ministério Público Federal (MPF/AM), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Defensoria da União e Polícia Civil. “Na semana passada fizemos a denúncia junto à esses órgãos, mas até agora nenhuma providência foi tomada”, destaca.

“É duro ver sua vida sendo destruída em poucas horas e não poder fazer nada. Eles prometeram voltar na manhã desta quinta-feira (15) para levar as madeiras das casas que já foram desmontadas e os animais de nossas criações. Nós não temos pra onde ir”, desabafa o agricultor.

Fonte: A Crítica

Nenhum comentário: