Bela Adormecida
Gostei muito de “Sleeping Beauty” (Julia Leigh, 2011).
O filme é seco, expõe o tamaaaanho do vaziO que a cerimônia elitizada das perversões requintadas pode atingir, paira uma coisa de seres olímpikos ali, na sujeição das “escravas”, na formalidade gelada das refeições contratadas durante as noites de loucuras. A cafetina é elegantíssima&requintada, a clientela tem apresentação formal&pomposa, impondo às moçoilas prostituídas seu Poder natural (leia-se, $$$$). Suas fraquezas são orientadas de cima pra baixo: eles pagam, eles mandam… simples assim.
Num mundo tãããão desigual y perdido como o que vivemos (desde sempre??), onde pulula a desigualdade de classes, o desemprego, a falência das ideologias(?), resta a muuuuitos o abandono mortífero sinalizado por Peter Sloterdijk: “… privado de seu destino, o indivíduo moderno o substitui por uma experimentação fatal consigo mesmo”.
Após a suspensão intensa na trama que caminha no fio da navalha – se uma mosca voasse na sala a gente ouviria, num break dos diálogos do filme -, o drama termina como o Adagietto da 5ª Sinfonia de Mahler, plácido&belo, sem “soluções” e/ou fortíssimos, p ra total inquietação&perplexidade da tchurma, que esperava algo + (?)espetaculoso/(?)moralizante.
Perversões tornadas centro do Existir, afinal, desvelam o vaziO afetivo&existencial que as permeia&infiltra.
Julia Leigh sabe disso, e entrega à sua heroína a batata quente. Melhor impossível.
Fonte: Psicotramas
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