PICICA: "Foi o Brasil que assinou a Convenção 169 da OIT? Neste País onde o chamado Estatuto do Índio está desde 1994 esperando regulamentação no Congresso à luz da Constituição de 1988, enquanto a PEC 215 vai tramitando e sendo aprovada nas comissões, a Portaria da AGU não necessita de comentários, exceto quanto à necessidade de denunciá-la e lutar contra ela! (Tania Pacheco)."
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AI-5 dos Povos Indígenas? Portaria da AGU publicada hoje no Diário Oficial é uma vergonha!
Foi o
Brasil que assinou a Convenção 169 da OIT? Neste País onde o chamado
Estatuto do Índio está desde 1994 esperando regulamentação no Congresso à
luz da Constituição de 1988, enquanto a PEC 215 vai tramitando e sendo
aprovada nas comissões, a Portaria da AGU não necessita de comentários,
exceto quanto à necessidade de denunciá-la e lutar contra ela! TP.
A Advogacia Geral da União baixou ontem,
dia 16 de julho, a Portaria 303, que diz considerar “a necessidade de
normatizar a atuação das unidades da AGU em relação às salvaguardas
institucionais às terras indígenas, nos termos do entendimento fixado
pelo Supremo Tribunal Federal na Petição 3.388-Roraima (caso Raposa
Serra do Sol), cujo alcance já foi esclarecido por intermédio do PARECER
nº153/2010/DENOR/CGU/AGU, devidamente aprovado”. E, a partir dessa
introdução, “resolve” [todos os negritos são deste Blog]:
“Art. 1º. Fixar a interpretação das
salvaguardas às terras indígenas, a ser uniformemente seguida pelos
órgãos jurídicos da Administração Pública Federal direta e indireta,
determinando que se observe o decidido pelo STF na Pet. 3.888-Roraima,
na forma das condicionantes abaixo:
“(I) o usufruto das riquezas do solo, dos rios e dos lagos existentes nas terras indígenas (art. 231, § 2º, da Constituição Federal) pode ser relativizado sempre que houver, como dispõe o art. 231, 6º, da Constituição, relevante interesse público da União, na forma de lei complementar”.
“(II) o usufruto dos índios não abrange o aproveitamento de recursos hídricos e potenciais energéticos, que dependerá sempre de autorização do Congresso Nacional“.
“(III) o usufruto dos índios não abrange a pesquisa e lavra das riquezas minerais, que dependerá sempre de autorização do Congresso Nacional assegurando-lhes a participação nos resultados da lavra, na forma da Lei”.
“(IV) o usufruto dos índios não abrange a garimpagem nem a faiscação, devendo, se for o caso, ser obtida a permissão de lavra garimpeira”.
“(V) o usufruto dos índios não se sobrepõe ao interesse da política de defesa nacional;
a instalação de bases, unidades e postos militares e demais
intervenções militares, a expansão estratégica da malha viária, a
exploração de alternativas energéticas de cunho estratégico e o
resguardo das riquezas de cunho estratégico, a critério dos órgãos
competentes (Ministério da Defesa e Conselho de Defesa Nacional), serão implementados independentemente de consulta às comunidades indígenas envolvidas ou à FUNAI“.
“(VI) a atuação das Forças Armadas e da Polícia Federal na área indígena, no âmbito de suas atribuições, fica assegurada e se dará independentemente de consulta às comunidades indígenas envolvidas ou à FUNAI“.
“(VII) o usufruto dos índios não impede a instalação, pela União Federal, de equipamentos públicos, redes de comunicação, estradas e vias de transporte, além das construções necessárias à prestação de serviços públicos pela União, especialmente os de saúde e educação”.
“(VIII) o usufruto dos índios na área
afetada por unidades de conservação fica sob a responsabilidade do
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade”.
“(IX) o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade responderá pela administração da área da unidade de conservação também afetada pela terra indígena com a participação das comunidades indígenas, que deverão ser ouvidas, levando-se em conta os usos, tradições e costumes dos indígenas, podendo para tanto contar com a consultoria da FUNAI”.
“(X) o trânsito de visitantes e
pesquisadores não-índios deve ser admitido na área afetada à unidade de
conservação nos horários e condições estipulados pelo Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade”.
“(XI) devem ser admitidos o ingresso, o trânsito e a permanência de não-índios no restante da área da terra indígena,
observadas as condições estabelecidas pela FUNAI”.
observadas as condições estabelecidas pela FUNAI”.
“(XII) o ingresso, o trânsito e a
permanência de não-índios não pode ser objeto de cobrança de quaisquer
tarifas ou quantias de qualquer natureza por parte das comunidades
indígenas”.
“(XIII) a cobrança de tarifas ou quantias de qualquer natureza também não poderá incidir ou ser exigida em troca da
utilização das estradas, equipamentos públicos, linhas de transmissão de energia ou de quaisquer outros equipamentos e instalações colocadas a serviço do público, tenham sido excluídos expressamente da homologação, ou não”.
utilização das estradas, equipamentos públicos, linhas de transmissão de energia ou de quaisquer outros equipamentos e instalações colocadas a serviço do público, tenham sido excluídos expressamente da homologação, ou não”.
“(XIV) as terras indígenas não poderão ser objeto de arrendamento ou de qualquer ato ou negócio jurídico que restrinja
o pleno exercício do usufruto e da posse direta pela comunidade indígena ou pelos índios (art. 231, § 2º, Constituição Federal c/c art. 18, caput, Lei nº 6.001/1973)”.
o pleno exercício do usufruto e da posse direta pela comunidade indígena ou pelos índios (art. 231, § 2º, Constituição Federal c/c art. 18, caput, Lei nº 6.001/1973)”.
“(XV) é vedada, nas terras indígenas, a qualquer pessoa estranha aos grupos tribais ou comunidades indígenas, a prática de caça, pesca ou coleta de frutos, assim como de atividade agropecuária
ou extrativa (art. 231, § 2º, Constituição Federal, c/c art. 18, § 1º.
Lei nº 6.001/1973)”.
“(XVI) as terras sob ocupação e posse
dos grupos e das comunidades indígenas, o usufruto exclusivo das
riquezas naturais e das utilidades existentes nas terras ocupadas,
observado o disposto nos arts. 49, XVI e 231, § 3º, da CR/88, bem como
a renda indígena (art. 43 da Lei nº 6.001/1973), gozam de
plena imunidade tributária, não cabendo à cobrança de quaisquer
impostos, taxas ou contribuições sobre uns e ou outros”.
“(XVII) é vedada a ampliação da terra indígena já demarcada“.
“(XVIII) os direitos dos índios
relacionados às suas terras são imprescritíveis e estas são inalienáveis
e indisponíveis (art. 231,§ 4º, CR/88)”.
“(XIX) é assegurada a participação dos
entes federados no procedimento administrativo de demarcação das terras
indígenas, encravadas em seus territórios, observada a fase em que se
encontrar o procedimento”.
Art. 2º. Os procedimentos em curso que
estejam em desacordo com as condicionantes indicadas no art. 1º serão
revistos no prazo de cento e vinte dias, contado da data da publicação
desta Portaria.
Art. 3º. Os procedimentos finalizados serão revisados e adequados a presente Portaria.
Art. 4º. O procedimento relativo à
condicionante XVII, no que se refere à vedação de ampliação de terra
indígena mediante revisão de demarcação concluída, não se aplica aos
casos de vício insanável ou de nulidade absoluta.
Art. 5°. O procedimento relativo à condicionante XIX é aquele fixado por portaria do Ministro de Estado da Justiça.
Art. 6º. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
Fonte: Combate ao Racismo Ambiental
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