abril 01, 2013

"Nuvem" (Psicotramas)

PICICA: "Quando o ouvi ser recitado, pensei na relação entre o eterno y o transitório. Después, lendo-o inteiro, achei que falava do que há de eterno no amar. Em seguida, percebi que a individualidade do amado desaparece e o que é lembrado é somente o momento na memória pela conjunção beijo & nuvem. Final-mente, notei o sentido do poema dentro do filme. Uma malíííícia: [...]" 

Nuvem


nuvem
 .
O poema de Brecht que o personagem Wiesler, o espião do imperdível “A Vida dos Outros”, lê no livro que rouba do escritor que ele tá espionando, e ao ler é uma das coisas que o induzem a questionar sua atitude e acabar mudando…
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Recordação de  Marie A.
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Naquele dia, num mês azul de setembro,
em silêncio, à sombra da ameixeira,
eu a tomei nos braços: amor pálido
e quieto como um sonho formoso.
E acima de nós, no belo céu de verão
havia uma nuvem que olhei longamente:
era bem alva, estava bem no alto.
Ao olhar novamente, desapareceu.
Desde então muitas luas se passaram
mostrando o céu no seu alvor.
As ameixeiras foram talvez cortadas
E se me perguntares para onde foi o amor,
Respondo: Não consigo lembrar.
Mas sei, sim, o que queres dizer.
Suas feições, porém, para sempre se foram.
Sei apenas que naquele dia a beijei.
E mesmo o beijo, já teria esquecido
não fosse aquela nuvem no céu.
Dela sei e sempre saberei:
Era bem alva, estava bem no alto.
As ameixeiras talvez ainda cresçam.
E ela agora deve ter muitos filhos.
Mas aquela nuvem que cresceu alguns minutos
quando olhei novamente… desapareceu.
(trad. Paulo César de Souza)
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Interessante esse momento lírico de Brecht… lembrar do efêmero que parecia eterno (beijo), através do eterno que parecia efêmero (nuvem)… só o 1º verso foi recitado no filme.
ERINNERUNG AN DIE MARIE A. An jenem Tag im blauen Mond September
Still unter einem jungen Pflaumenbaum
Da hielt ich sie, die stille bleiche Liebe
In meinem Arm wie einen holden Traum.
Und über uns im schönen Sommerhimmel
War eine Wolke, die ich lange sah
Sie war sehr weiß und ungeheuer oben
Und als ich aufsah, war sie nimmer da.

(…) .
Quando o ouvi ser recitado, pensei na relação entre o eterno y o transitório. Después, lendo-o inteiro, achei que falava do que há de eterno no amar. Em seguida, percebi que a individualidade do amado desaparece e o que é lembrado é somente o momento na memória pela conjunção beijo & nuvem. Final-mente, notei o sentido do poema dentro do filme. Uma malíííícia: tinha uma nuvem, ela sumiu, tinha uma máquina de escrever escondida, ela sumiu. 

Fonte: Psicotramas

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