PICICA: "Deleuze definiu a tarefa do professor como sendo a de reconciliar o aluno com sua solidão."
EM TEMPO: O seminário "Como viver só", de Peter Pal Pelbart, é uma dica de Akil Denaha.
VACÚOLOS DE SOLIDÃO
Eu gostaria de começar com uma pequena anedota, que eu presenciei no
início dos anos 80, em meio a uma aula de Gilles Deleuze, em Paris,
freqüentada como se sabe por um público tão heterogêneo, feito de
artistas, arquitetos, drogaditos, psicóticos, filósofos etc. Lá pelas
tantas, um dos louquinhos, talvez paciente de Guattari, ou ex-interno da
clínica psiquiátrica de La Borde no sul da França, interrompe o curso
de Deleuze sobre cinema, pra perguntar porque hoje em dia se deixava as
pessoas tão sozinhas. E ele começou uma lamentação sobre a falta de
comunicação da vida moderna, sobre o abandono etc. E Deleuze sentiu que
sua aula ia descarrilar, e antes de propor um intervalo, respondeu
gentilmente, ”O problema não é que nos deixam sós, é que não nos deixam
suficientemente sós”. Não posso
adivinhar o que esta resposta Zen, pode ter provocado no aflito
interlocutor, mal sabia ele que alguns anos depois, numa entrevista
chamada Abecedário, Deleuze definiu a tarefa do professor como sendo a
de reconciliar o aluno com sua solidão.
E ao longo de sua vida,
Deleuze não se cansou de escrever que nós sofremos de um excesso de
comunicação que estamos como diz ele, “trespassados de palavras inúteis,
de uma quantidade demente de falas e imagens, e que melhor seria
arranjar vacúolos de solidão e de silêncio, pra que se tivesse por fim
algo a dizer”. E o próprio Deleuze nunca deixou de reivindicar a solidão
absoluta. Mesmo nos personagens que privilegiou na Filosofia ou na
Literatura, vemos essa nota voltar com insistência.
Peter Pál Pelbart - Como viver só
VACÚOLOS DE SOLIDÃO
Eu gostaria de começar com uma pequena anedota, que eu presenciei no início dos anos 80, em meio a uma aula de Gilles Deleuze, em Paris, freqüentada como se sabe por um público tão heterogêneo, feito de artistas, arquitetos, drogaditos, psicóticos, filósofos etc. Lá pelas tantas, um dos louquinhos, talvez paciente de Guattari, ou ex-interno da clínica psiquiátrica de La Borde no sul da França, interrompe o curso de Deleuze sobre cinema, pra perguntar porque hoje em dia se deixava as pessoas tão sozinhas. E ele começou uma lamentação sobre a falta de comunicação da vida moderna, sobre o abandono etc. E Deleuze sentiu que sua aula ia descarrilar, e antes de propor um intervalo, respondeu gentilmente, ”O problema não é que nos deixam sós, é que não nos deixam suficientemente sós”. Não posso adivinhar o que esta resposta Zen, pode ter provocado no aflito interlocutor, mal sabia ele que alguns anos depois, numa entrevista chamada Abecedário, Deleuze definiu a tarefa do professor como sendo a de reconciliar o aluno com sua solidão.
E ao longo de sua vida, Deleuze não se cansou de escrever que nós sofremos de um excesso de comunicação que estamos como diz ele, “trespassados de palavras inúteis, de uma quantidade demente de falas e imagens, e que melhor seria arranjar vacúolos de solidão e de silêncio, pra que se tivesse por fim algo a dizer”. E o próprio Deleuze nunca deixou de reivindicar a solidão absoluta. Mesmo nos personagens que privilegiou na Filosofia ou na Literatura, vemos essa nota voltar com insistência.
Peter Pál Pelbart - Como viver só
Eu gostaria de começar com uma pequena anedota, que eu presenciei no início dos anos 80, em meio a uma aula de Gilles Deleuze, em Paris, freqüentada como se sabe por um público tão heterogêneo, feito de artistas, arquitetos, drogaditos, psicóticos, filósofos etc. Lá pelas tantas, um dos louquinhos, talvez paciente de Guattari, ou ex-interno da clínica psiquiátrica de La Borde no sul da França, interrompe o curso de Deleuze sobre cinema, pra perguntar porque hoje em dia se deixava as pessoas tão sozinhas. E ele começou uma lamentação sobre a falta de comunicação da vida moderna, sobre o abandono etc. E Deleuze sentiu que sua aula ia descarrilar, e antes de propor um intervalo, respondeu gentilmente, ”O problema não é que nos deixam sós, é que não nos deixam suficientemente sós”. Não posso adivinhar o que esta resposta Zen, pode ter provocado no aflito interlocutor, mal sabia ele que alguns anos depois, numa entrevista chamada Abecedário, Deleuze definiu a tarefa do professor como sendo a de reconciliar o aluno com sua solidão.
E ao longo de sua vida, Deleuze não se cansou de escrever que nós sofremos de um excesso de comunicação que estamos como diz ele, “trespassados de palavras inúteis, de uma quantidade demente de falas e imagens, e que melhor seria arranjar vacúolos de solidão e de silêncio, pra que se tivesse por fim algo a dizer”. E o próprio Deleuze nunca deixou de reivindicar a solidão absoluta. Mesmo nos personagens que privilegiou na Filosofia ou na Literatura, vemos essa nota voltar com insistência.
Peter Pál Pelbart - Como viver só
Nenhum comentário:
Postar um comentário