PICICA: "Nos solidarizamos com o recente “MANIFESTO |
Fora do Eixo e uma reflexão das mulheres contra o patriarcalismo”
realizado por dissidentes desta organização, no qual pontuam e combatem
as violências sexistas praticadas no “Fora do Eixo”. Repudiamos que a
vida sexual e afetiva de mulheres sejam utilizadas para manutenção de um
projeto de poder sem o consentimento das mesmas."
Nota sobre a audiência com o Fora do Eixo na Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados
Senhoras Deputadas e Senhores Deputados,
Brasília, 17 de setembro de 2013.
FRENTE FEMINISTA PELA CULTURA
http://feministaspelacultura.noblogs.org/
feministaspelacultura@riseup.net
Fonte: Frente Feminista pela Cultura
Viemos, por meio desta nota, contribuir para esta
audiência pública. Nesta tarde registramos, socializamos e pontuamos
algumas considerações sobre esta pauta na perspectiva do nosso tempo
político que é de emancipação, transparência, coragem e justiça.
Importante lembrar que somos as que estão nas ruas,
nas praças, nos coletivos, nos movimentos sociais que criam e lutam.
Diferente do que vem sendo afirmado, somos a esquerda que atua por novas
políticas de cultura e novas culturas políticas. Portanto, enumeramos
as seguintes questões sobre o Fora do Eixo e a sua recente
ressignificação, a “Mídia Ninja”:
1 • Trata-se de uma organização que faz uso de uma
estratégia através da qual a mobilização de uma multidão de pessoas que
investem suas vidas produzindo gratuitamente conteúdos e relações
criativas é, posteriormente, apropriada e vendida de acordo com
interesses de governos, bancos e corporações; O que comumente tem sido
chamado de “hiper-capitalismo”.
2 • Nos preocupa a rigidez hierárquica e o projeto de
poder desta organização. Assim como sua ingerência nas políticas, a
intermediação e usurpação de conceitos e práticas de movimentos sociais e
populares autônomos e legítimos. Atuam como intermediadores e
facilitadores de práticas políticas que muitas vezes só beneficiam a
própria organização, deixando de lado interesses da sociedade civil, e
agindo sob uma lógica empresarial e
voltada para o mercado.
3 • O “trabalho livre” é considerado trabalho grátis.
As recentes e graves denúncias sobre assédio moral, abuso de poder e
infrações de direitos humanos básicos nos alertam para a existência de
ações criminosas dentro do Fora do Eixo. Existe dentro desta
organização, por exemplo, a prática de “Choque e Pesadelo”, tecnologia
social instituída para moldar as relações com voluntárias e voluntárias.
Consentir violências psicológicas, morais, cidadãs e políticas são mais
um retrocesso na garantia e na efetivação de Direitos Humanos. O poder
público não deve silenciar diante dessas questões.
4 • A desvalorização de artistas é fato alarmante em
um contexto no qual a população brasileira não tem acesso à Cultura,
quem dirá, ao fazer artístico/criativo e às políticas culturais.
5 • Esta organização surge com novas roupas, mas
afirma-se através de antigas e já conhecidas formas de agir. Justificar a
valorização desta prática opressora e análoga a muitas políticas
culturais e veículos da grande mídia que combatemos como sendo parte de
uma “diversidade cultural” nos remete à estagnação e aos retrocessos
vividos também nas políticas culturais e de comunicação no país, através
dos quais o consentimento com as formas de opressão à pluralidade de
vozes, imaginários e vivências tornou-se legítimo.
6 • Precisamos reparar as vítimas destas práticas e
defendê-las. Os anos de luta de muitas pessoas foram extorquidos e as
mesmas sequer podem falar sobre os conflitos vividos, pois continuam
expostas às violências praticadas por integrantes do Fora do Eixo e
tentam apagar da memória as militâncias, os sonhos e as construções de
novas práticas que tinham como horizonte a emancipação humana.
7 • Sabemos que a opressão é cultural em nosso país. A
opressão de gênero é uma destas culturas. Portanto, repudiamos toda
organização que consente esta violência e o poder público que a
chancela.
8 • Esperamos que esta comissão apure as denúncias
que envolvem o Fora do Eixo. Surpreendemos-nos com o fato desta pauta
ter sido prioridade nesta Comissão. A recente criação desta Comissão fez
parte de um pleito nosso inclusive. Portanto, nos cabe pontuar que
assistir a Comissão de Cultura, uma conquista nossa, chancelar esta
organização como benéfica as políticas culturais não avança nas culturas
políticas que precisam ser criadas e praticadas em nosso pais.
9 • O “Fora do Eixo” atua com transparência. Deveriam
revelar quais são as dezenas de CNPJs que possuem. Ou esclarecer “Fora”
de qual “Eixo” estão, por exemplo.
10 • Nos solidarizamos com o recente “MANIFESTO |
Fora do Eixo e uma reflexão das mulheres contra o patriarcalismo”
realizado por dissidentes desta organização, no qual pontuam e combatem
as violências sexistas praticadas no “Fora do Eixo”. Repudiamos que a
vida sexual e afetiva de mulheres sejam utilizadas para manutenção de um
projeto de poder sem o consentimento das mesmas.
11 • Construímos, até aqui, um tempo político que
prioriza o combate às injustiças, aos abusos, aos assédios, às falácias
e, principalmente, aos retrocessos em direitos já conquistados.
Portanto, apesar da emenda parlamentar da Dep. Jandira Feghalli que é um
instrumento de fomento as esta organização, do Dep. Nilmário Miranda
ter um filho parceiro desta firma em Minas Gerais e das relações dos
mesmos com a Presidência da Republica consideramos relevante trazer
estas questões a este espaço.
12 • A negligência, o ataque e o desrespeito aos
direitos humanos e culturais é limite para que atitudes enérgicas sejam
tomadas. Esta é nossa cidadania cultural e exercício do controle social
das políticas públicas em nosso país.
FRENTE FEMINISTA PELA CULTURA
http://feministaspelacultura.noblogs.org/
feministaspelacultura@riseup.net
Fonte: Frente Feminista pela Cultura
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