Foto: Rogelio Casado - Aurélio Michiles; ao fundo Ribamar Bessa - ICHL-UFAM, 25.05.2007
A presença de Aurélio Michiles no diálogo impertinente que rolou após a exibição de "O Sol - Caminhando Contra o Vento" (do qual faz parte do elenco José Ribamar Bessa Freire, o imortal criador da Coluna Taquiprati), embalado pelo clima emocional do documentário, gerou uma memorabilia digna de registro cinematográfico. Quem foi, viu e ouviu, não esquecerá jamais. Ouvir este filho de Manacupurú-AM, digno representante da geração 68, é ouvir a voz da ancestralidade dialogando com a contemporaneidade.
O Aurélio que escreveu o texto abaixo - extraído da sua peça de teatro "Supysáua - Índio ainda índio", de 1980 -, período da luta em defesa do direito de ser índio, quando ainda era "escassa a reflexão dramatúrgica sobre essa parte da nossa memória", continua o mesmo Aurélio: igual, mas diferente... mais maduro, e cada vez mais engajado com as questões do seu tempo. É um prazer ouvi-lo, meu caro Aurélio, e relê-lo:
"O mito somos nós quando nos tornamos libertários do futuro. [...] Mas nossa história é a do silêncio. [...] Os Índios também somos nós buscando o azul no negro asfalto da cidade. [...] O Índio somos nós. ÍN-DIO: "Deus de si mesmo" conforme o sânscrito. Se Índio foi o nome que nos deram, será como Índios que nos libertaremos. Incrível epígrafe de uma revolução. A Terra nos move. A Terra nos comove. A Terra nosso sentido literal. Visceral. Ut-ERos. Arranquem os paralepípedos, o asfalto, e vejam o que há debaixo deles. Mamãe, Mamãe-Natureza!"
A advertência de Aurélio, indicando como entender "Supysáua - Índio ainda índio", poder ser aplicada para outros contextos:
"[...] Só poderá ser entendido se a viagem dos entendimentos seguir este curso de memorizar, arqueologizar o saber ofuscado, esquizofrênico, fragmentado. Abrir onde ele, fecundado, habita congelado pronto para partir novamente. É o colonizado que no desespero de sua confusão, de sua busca, e na violência de sua revolta reprimida encontra, no amor de gozar, o sonho onde os homens oprimidos banham-se de esperança. Neste caso o despertar significa lutar, trabalhar pelo sonho, que aqui diz respeito; à sua identidade originária roubada, que, por sua vez, não é estática, para no tempo e no espaço, mas a contradição dessa trajetória e por isso mesmo voraz, permanentemente revolucionária e antropofágica".
Aurélio Michiles é o diretor do mezzo-doc-mezzo-fic O Cineasta da Selva, biografia de Silvino Santos, o pioneiro documentarista da Amazônia, pelo qual recebeu recebeu o Prêmio HBO de Cinema-97 e, no Festival de Brasília-97, os prêmios de Diretor Estreante e do Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro. Sua atividade na TV e no meio cultural tem sido constante com docs sobre arquitetura (Arquitetura do Lugar, Teatro Amazonas, Lina Bo Bardi), artes (Gráfica Utópica, Que Viva Glauber!) e questões amazônicas (A Árvore da Fortuna, A Agonia do Mogno).
A presença de Aurélio Michiles no diálogo impertinente que rolou após a exibição de "O Sol - Caminhando Contra o Vento" (do qual faz parte do elenco José Ribamar Bessa Freire, o imortal criador da Coluna Taquiprati), embalado pelo clima emocional do documentário, gerou uma memorabilia digna de registro cinematográfico. Quem foi, viu e ouviu, não esquecerá jamais. Ouvir este filho de Manacupurú-AM, digno representante da geração 68, é ouvir a voz da ancestralidade dialogando com a contemporaneidade.
O Aurélio que escreveu o texto abaixo - extraído da sua peça de teatro "Supysáua - Índio ainda índio", de 1980 -, período da luta em defesa do direito de ser índio, quando ainda era "escassa a reflexão dramatúrgica sobre essa parte da nossa memória", continua o mesmo Aurélio: igual, mas diferente... mais maduro, e cada vez mais engajado com as questões do seu tempo. É um prazer ouvi-lo, meu caro Aurélio, e relê-lo:
"O mito somos nós quando nos tornamos libertários do futuro. [...] Mas nossa história é a do silêncio. [...] Os Índios também somos nós buscando o azul no negro asfalto da cidade. [...] O Índio somos nós. ÍN-DIO: "Deus de si mesmo" conforme o sânscrito. Se Índio foi o nome que nos deram, será como Índios que nos libertaremos. Incrível epígrafe de uma revolução. A Terra nos move. A Terra nos comove. A Terra nosso sentido literal. Visceral. Ut-ERos. Arranquem os paralepípedos, o asfalto, e vejam o que há debaixo deles. Mamãe, Mamãe-Natureza!"
A advertência de Aurélio, indicando como entender "Supysáua - Índio ainda índio", poder ser aplicada para outros contextos:
"[...] Só poderá ser entendido se a viagem dos entendimentos seguir este curso de memorizar, arqueologizar o saber ofuscado, esquizofrênico, fragmentado. Abrir onde ele, fecundado, habita congelado pronto para partir novamente. É o colonizado que no desespero de sua confusão, de sua busca, e na violência de sua revolta reprimida encontra, no amor de gozar, o sonho onde os homens oprimidos banham-se de esperança. Neste caso o despertar significa lutar, trabalhar pelo sonho, que aqui diz respeito; à sua identidade originária roubada, que, por sua vez, não é estática, para no tempo e no espaço, mas a contradição dessa trajetória e por isso mesmo voraz, permanentemente revolucionária e antropofágica".
Aurélio Michiles é o diretor do mezzo-doc-mezzo-fic O Cineasta da Selva, biografia de Silvino Santos, o pioneiro documentarista da Amazônia, pelo qual recebeu recebeu o Prêmio HBO de Cinema-97 e, no Festival de Brasília-97, os prêmios de Diretor Estreante e do Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro. Sua atividade na TV e no meio cultural tem sido constante com docs sobre arquitetura (Arquitetura do Lugar, Teatro Amazonas, Lina Bo Bardi), artes (Gráfica Utópica, Que Viva Glauber!) e questões amazônicas (A Árvore da Fortuna, A Agonia do Mogno).
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