Foto: Rogelio Casado - Prof. Doutora Selda Vale - ICHL-UFAM, 25.05.2007
No primeiro plano, à esquerda: Ribamar Bessa e Aurélio Michiles.
No centro: Selda Vale; atrás, à sua esquerda, Gilson Monteiro; ao seu lado direito, Renan Freitas Pinto
O documentário "Sol - Caminhando Contra o Vento", exibido no dia 25 de maio, no auditório rio Negro, do Instituto de Ciências Humanas e Letras, da Universidade Federal do Amazonas - ICHL-UFAM, provocou uma catarse coletiva. A série de depoimentos da geração 68 tocou corações e mentes das antigas e das novas gerações presentes no evento.
A professora doutora Selda Vale era uma das mais emocionadas. Provocada por uma pergunta deste blogueiro: "Houve mais de um Sol no Amazonas antes e depois da ditadura militar - Jornal da Amazônia, Porantim, A Lucta Social. Por onde anda o Sol na contemporaneidade? Que aspectos da nossa cultura estão deixando o Sol encoberto? Com a autoridade de quem participou e testemunhou os desafios da sua geração, a professora Selda ensaiou um breve inventário das realizações do período.
O debate cresceu em volume de informações, proporcionalmene ao mal-estar provocado por um jovem estudante de 19 anos: "Que sonho é esse de que vocês falam, se a minha geração não tem um sonho coletivo?" A pergunta calou fundou. Nela não havia ódio nem amargura, mas perplexidade e desencanto. Vi brotar lágrimas de uma professora da geração 68, durante o discurso do jovem estudante. O questionamento surgiu a propósito das inúmeras referências relativas ao sonho da geração que enfrentou a ditadura militar.
Para o professor doutor José Ribamar Bessa Freire, um dia ele sonhou em mudar o mundo. Viu que a tarefa era gigantesca. Decidiu mudar seu país. E a tarefa lhe pareceu grandiosa. Resolveu, então, mudar seu estado de origem. Ao perceber qua missão estava além de suas forças, resolveu mudar o departamento a que pertencia na universidade. Diante das evidentes dificuldades em mudar o outro, resolveu ser um bom professor. O que não é pouca coisa, convenhamos. Com esse aparentemente modesto empreendimento, seu trabalho já dá frutos: as organizações da sociedade civil dos anos 1970/1980, que atuavam no campo da defesa dos direitos indígenas, agora têm como protagonistas os próprios indígenas. Do silêncio imposto pela civilização branca, hoje desenvolvem discursos próprios em defesa dos seus interesses. De qualquer modo, um sonho sonhado junto com outros professores. Talvez aqui se encerra o sentido da expressão usado pelo cineasta Aurélio Michiles no mesmo debate: a emergência das novas tribos. Idenfique-as e torne-se um deles, para não deixar morrer o espírito da resiliência.
Uma pergunta ficou no ar no encontro do dia 25 de maio, uma pergunta que não quer calar: frente à visível destruição do patrimônio histórico e paisagístico da cidade de Manaus, terra que nos deu régua, compasso e identidade, deve haver uma tribo específica ou é tarefa para toda a coletividade, universitária e não universitária? A pergunta vai em direção ao questionamento do jovem universitário. Como não reconhecer no seu lamento uma dolorosa problematização: o atomismo contemporâneo que concorre para a fragmentação da cidadania? As reflexões e a luta continuam.
No primeiro plano, à esquerda: Ribamar Bessa e Aurélio Michiles.
No centro: Selda Vale; atrás, à sua esquerda, Gilson Monteiro; ao seu lado direito, Renan Freitas Pinto
O documentário "Sol - Caminhando Contra o Vento", exibido no dia 25 de maio, no auditório rio Negro, do Instituto de Ciências Humanas e Letras, da Universidade Federal do Amazonas - ICHL-UFAM, provocou uma catarse coletiva. A série de depoimentos da geração 68 tocou corações e mentes das antigas e das novas gerações presentes no evento.
A professora doutora Selda Vale era uma das mais emocionadas. Provocada por uma pergunta deste blogueiro: "Houve mais de um Sol no Amazonas antes e depois da ditadura militar - Jornal da Amazônia, Porantim, A Lucta Social. Por onde anda o Sol na contemporaneidade? Que aspectos da nossa cultura estão deixando o Sol encoberto? Com a autoridade de quem participou e testemunhou os desafios da sua geração, a professora Selda ensaiou um breve inventário das realizações do período.
O debate cresceu em volume de informações, proporcionalmene ao mal-estar provocado por um jovem estudante de 19 anos: "Que sonho é esse de que vocês falam, se a minha geração não tem um sonho coletivo?" A pergunta calou fundou. Nela não havia ódio nem amargura, mas perplexidade e desencanto. Vi brotar lágrimas de uma professora da geração 68, durante o discurso do jovem estudante. O questionamento surgiu a propósito das inúmeras referências relativas ao sonho da geração que enfrentou a ditadura militar.
Para o professor doutor José Ribamar Bessa Freire, um dia ele sonhou em mudar o mundo. Viu que a tarefa era gigantesca. Decidiu mudar seu país. E a tarefa lhe pareceu grandiosa. Resolveu, então, mudar seu estado de origem. Ao perceber qua missão estava além de suas forças, resolveu mudar o departamento a que pertencia na universidade. Diante das evidentes dificuldades em mudar o outro, resolveu ser um bom professor. O que não é pouca coisa, convenhamos. Com esse aparentemente modesto empreendimento, seu trabalho já dá frutos: as organizações da sociedade civil dos anos 1970/1980, que atuavam no campo da defesa dos direitos indígenas, agora têm como protagonistas os próprios indígenas. Do silêncio imposto pela civilização branca, hoje desenvolvem discursos próprios em defesa dos seus interesses. De qualquer modo, um sonho sonhado junto com outros professores. Talvez aqui se encerra o sentido da expressão usado pelo cineasta Aurélio Michiles no mesmo debate: a emergência das novas tribos. Idenfique-as e torne-se um deles, para não deixar morrer o espírito da resiliência.
Uma pergunta ficou no ar no encontro do dia 25 de maio, uma pergunta que não quer calar: frente à visível destruição do patrimônio histórico e paisagístico da cidade de Manaus, terra que nos deu régua, compasso e identidade, deve haver uma tribo específica ou é tarefa para toda a coletividade, universitária e não universitária? A pergunta vai em direção ao questionamento do jovem universitário. Como não reconhecer no seu lamento uma dolorosa problematização: o atomismo contemporâneo que concorre para a fragmentação da cidadania? As reflexões e a luta continuam.
NOTA: A professora doutora Selda Vale integra o NAVI - Núcleo de Antropologia Visual da Universidade Federal do Amazonas. O NAVI realizou em parceria com o Centro Universitário do Norte - UNINORTE, em Manaus, entre os dia 1 a 7 de setembro de 2006, a I Mostra Amazônica do Filme Etnográfico. Saiba mais.
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