Tabatinga – O Grupo de Trabalho GT2 discute o tema “Museus etnográficos na Amazônia Ocidental”, sob a coordenação do professor João Pacheco de Oliveira, do Museu Nacional, do Rio de Janeiro.
Depois de passear pela história da concepção dos museus, enfatizando as influências da colonização nos modos de coletar informações e objetos, identifica resistências a esse modo de organização da história dos povos. Para ele, o grande desafio dos museus de fronteira é superar as injunções dos saberes caudatários do pensamento colonialista. No entanto, o fato de que o colonizador não deixou muitos patrimônios materiais permite uma visão transfronteiriça, na qual os valores se constroem a partir das relações sociais, culturais e econômicas dos habitantes em seus territórios. O que significa dizer que uma outra visão social emerge, dando visibilidade ao que estava interditado pelo colonizador. E mais ainda, uma nova visão sobre essas populações surge da valorização de uma polifonia em construção.
O professor Enio Candotti, presidente de honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, integrante do GT2, comunica o interesse do governo do estado do Amazonas em criar um museu baseado numa concepção que valorize a expressão de conhecimentos até então não reconhecidos, sobretudo os imateriais. Reconhece, no entanto, a importância de estarmos atentos às contradições existentes nos discursos que envolvem a Amazônia.
O professor Jorge Gasché Suess, do IIAP, de Iquitos-Peru, chama atenção para o jogo de poder envolvido na criação de museus nas metrópoles, que acabam por subtrair o conhecimento tradicional do olhar da urbe. Pior, quase sempre estão envolvidos por um olhar que não lhes diz respeito: o da civilização branca.
E assim continua a discussão, que em muito lembrar o calor das nossas pimentas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário