Tabatinga - À tarde de ontem, as discussões continuaram apimentadas. Entre elas questionou-se até que ponto as fontes financiadoras intervém no resultado final do produto cultural dos povos de fronteira? Montar um museu, mantê-lo e criar um ambiente de discussão sobre a cultura é um dos desafios de sobrevivência do museu etnológico de Benjamim Constant, da comunidade Ticuna, por exemplo. Como enfrentar tais dificuldades, fazendo daquele espaço um ambiente de discussão da cultura em operação?
O professor Enio Candotti, presidente de honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, responsável pela criação de um museu vivo em Manaus - Museu da Amazônia (MUSA), através da cooperação de várias entidades governamentais, afirmou que um museu com tais características independe de objetos, embora os achados arqueológicos não possam ser desprezados. Entre seus objetivos estão a produção de um acervo sobre a vida das comunidades, a construção de ocas para oficinas de cultura e arte. A missão do emprendimento é operar, ensinar e educar para contribuir com as escolas na incorporação desses valores.
Segundo o professor Candotti, um museu dessa envergadura exige uma rede de cooperação com estados nacionais vizinhos, preservada a autonomia de cada território. O de Manaus terá um aquário, como ponto de atração turística. É no tripé turismo, pesquisa e educação científica e cultural que reside a força do projeto.
Porto das Lajes - Em seguida, o professor Enio Candotti passa a palavra para o Pro-Reitor de Extensão e Assuntos Comunitários da Universidade do Estado do Amazonas que faz um comentário sobre a necessidade de preservar a natureza e cultura na questão da construção do porto das Lajes. Nesse sentido, o MUSA e o Porto das Lajes são dois projetos antagônicos: um ajuda a preservar a história e a memória dos povos da floresta, o outro destrói uma comunidade que depende da vida aquática do lago do Aleixo para viver com dignidade.
O grupo de trabalho GT2 (Museus etnográficos na Amazônia Ocidental) cogitou, primeiro, em levar o assunto para o Encontro Nacional da SBPC, que ocorrerá em junho em Manaus. Depois, por orientação do coordenador do GT2, João Pacheco de Oliveira, do Museu Nacional, decidiu-se, dada as evidências do impacto anunciado, uma clara manifestação que envolva outras entidades como: ABA, SPA, além do SBPC. Até para que se estabeleça o contraditório.
Quando está em causa o patrimônio cultural, a disposição do GT2 foi claramente a favor do diálogo. A notícia é boa e vai ao encontro do movimento SOS Encontro das Águas, que congrega várias entidades da sociedade civil organizada, entre elas a AMANA - Associação Amigos de Manaus.
Saudações - Aproveito para mandar um fraterno abraço aos companheiros Ademir Ramos, padre Orlando Barbosa e Elisa Wandelli. E também ao comunicador Joaquim Marinho e ao escritor e dramaturgo Márcio Souza, o mais novo integrante na luta pelo Tombamento das Lajes e do Encontro das Águas, ali onde nasce o rio Amazonas em território brasileiro.
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