abril 07, 2009

Nota sobre a "loucura"

Universidade de Brasília

NOTA SOBRE A “LOUCURA”

À comunidade acadêmica da UnB.

Vimos por meio desta nota, na qualidade de pessoas (professores e alunos) que pesquisam, vivenciam, estudam e tentam lidar com a “loucura” profissionalmente, solicitar a compreensão de todo(a)s e iniciar um debate sobre a manifestação de loucura por parte de alguns de nosso(a)s membros (alunos, servidores ou professores), em nosso meio.

Desde os tempos clássicos a “loucura” tem sido associada à violência, aos excessos, à irracionalidade e à necessidade de controle, discriminação e exclusão. Ainda que algumas destas características façam parte desta manifestação essencialmente humana, elas não são a essência dela nem devemos, a partir delas, cometer outras “loucuras comuns”, como por exemplo, revidar agressões, bater primeiro para perguntar depois, intolerância, rejeição, pouco caso e preconceito.

O GIPSI, grupo que trabalha com as primeiras crises de pessoas que manifestam este tipo sofrimento psíquico grave (é assim que nos referimos à loucura, por isso a colocamos entre aspas nesta nota), vem a público iniciar e propor um debate sobre este tema, convocar a comunidade para refletir e tentar socializar, em conjunto, a possibilidade de lidar não só com a “loucura” (se possível for) mas, principalmente, com a pessoa que assim se manifesta.

Sabemos de algumas manifestações no campus de pessoas que têm tudo para estar evidenciando este grave sofrimento psíquico, que no fundo estão pedindo ajuda (social, inclusive), e que, ao contrário, estão sendo objetos de má interpretação de comportamentos, achincalhe, discriminação e mesmo violências (físicas, verbais e de perseguição).

Assim, conclamamos a todo(a)s para refletir, debater, rever (pre)conceitos e se engajar numa atitude de compreensão, apoio e ajuda a quem eventualmente assim se manifestar.

Por certo, não compreendemos com isto que a comunidade deva se submeter a eventuais (e possíveis) agressões de quem assim está, pois no limite do sofrimento, a integridade física e a vida - nossas ou do(s) próprio(s) sofredor(es) - são os valores maiores. No entanto, conclamamos pensar em alternativas de lidar, de considerar, de ajudar, de acolher, de dar uma atenção diferenciada, antes de atuarmos nossos sofrimentos sobre o destas pessoas que, voltamos a dizer, são integrantes legítimos da nossa comunidade acadêmica e humana.

A “loucura” (ou o sofrimento psíquico grave) não é apenas de uma pessoa!

Em breve estaremos chamando a comunidade para uma conversa, um debate, uma troca de experiência, uma roda de conversas ou ações conjuntas sobre a “loucura”.

Se você se interessa, engaje-se no tema!

Grupo de Intervenção Precoce nas Primeiras Crises Psicóticas – GIPSI

Instituto de Psicologia - IP

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