novembro 04, 2009

Dois gaúchos homenageam Lévis-Strauss

Claude Lévis-Strauss
Foto postada em
Zero Hora

Lévi-Strauss influenciou de maneira decisiva a filosofia, a sociologia,
a história e a teoria da literatura - Eric Brochu, Divulgação
Nota do blog: Dois gaúchos - Ralfl Kayser, residindo em Tefé-Am, e Dênis Petuco, residindo em João Pessoa-PB - choram a passagem de Claude Lévis-Strauss para a galeria dos imortais. O primeiro envia citações do mestre da antropologia estrutural; o segundo, envia matéria publicada no jornal Zero Hora, de Porto Alegre. Ambos trabalham no campo da saúde mental. Certamente, o antropólogo francês foi para eles fonte de estudo. Afinal, quem não foi leitor de Lévis-Struass?

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“Só mesmo muita ingenuidade ou má-fé para pensar que os homens escolhem suas crenças independentemente de sua condição.”

“Primeiramente, para além do racional existe uma categoria mais importante e mais fértil, a do significante, que é a mais elevada forma de ser do racional mas cujo nome nossos professores (...) nem sequer pronunciavam. Em seguida, a obra de Freud revelava-me que essas oposições não o são verdadeiramente, uma vez que justo os comportamentos na aparência mais afetivos, as operações menos racionais, as manifestações declaradas pré-lógicas é que são ao mesmo tempo as mais significantes.”

“Pois não era culpa minha e de minha profissão acreditar que os homens nem sempre são homens?”

“O cúmulo do absurdo é a nossa maneira de tratar ao mesmo tempo o culpado como uma criança, o que nos autoriza a puni-lo, e como um adulto, a fim de lhe recusar o consolo; e acreditar que realizamos um grande progresso espiritual porque preferimos mutilar física e moralmente alguns de nossos semelhantes, em vez de consumi-los.”

“Que seria hoje o Ocidente se a tentativa de união entre o mundo mediterrâneo e a Índia houvesse dado certo de forma duradoura? O cristianismo, o islã teriam existido?”

“Os homens fizeram três grandes tentativas religiosas para se livrar da perseguição dos mortos, da maleficência do além e das angustias da magia. Separados por um intervalo aproximativo de meio milênio, conceberam sucessivamente o budismo, o cristianismo e o islã; e chama a atenção que cada etapa, longe de marcar um progresso em relação à precedente, mais demonstre um recuo.”

Claude Lévi-Strauss (1908 - 2009)

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Morre aos cem anos o antropólogo Claude Lévi-Strauss

Francês influenciou de maneira decisiva a filosofia, a sociologia, a história e a teoria da literatura

O antropólogo francês Claude Lévi-Strauss, um dos intelectuais mais importantes do século XX, famoso antropólogo e pai do enfoque estruturalista das ciências sociais, morreu no sábado aos 100 anos, informou hoje a editora Plon, sem dar mais detalhes sobre as causas ou o lugar. Lévi-Strauss, que completaria 101 anos em 28 de novembro, influenciou de maneira decisiva a filosofia, a sociologia, a história e a teoria da literatura.

Devido à avançada idade, no ano passado, ele não participou pessoalmente dos atos comemorativos de seu centenário. Apesar de tudo, responsáveis do museu Quai Branly, onde há um auditório com o nome do antropólogo, disseram então que o intelectual se mantinha lúcido e em bom estado de saúde.

Francês nascido em Bruxelas em 1908, o autor de Tristes Trópicos trabalhou como professor na Universidade de São Paulo e na New School for Social Research de Nova York, antes de ser diretor associado do Museu do Homem de Paris e de lecionar no Collège de France até sua aposentadoria, em 1982.

Discípulo intelectual de Émile Durkheim e de Marcel Mauss, e interessado pela obra de Karl Marx, pela psicanálise de Sigmund Freud, pela linguistica de Ferdinand de Saussure e Roman Jakobson, pelo formalismo de Vladimir Propp, entre outros, era também um apaixonado pela música, geologia, botânica e astronomia.

As contribuições mais decisivas do trabalho de Lévi-Strauss podem ser resumidas em três grandes temas: a teoria da aliança, os processos mentais do conhecimento humano e a estrutura dos mitos.

A teoria da aliança defende que o parentesco tem mais a ver com a aliança entre duas famílias por casamento respectivo entre seus membros do que com a ascendência de um antepassado comum. Além disso, para Lévi-Strauss, não existe uma "diferença significativa entre o pensamento primitivo e o civilizado", disse o professor de antropologia Rafael Díaz Maderuelo, por ocasião dos 100 anos do intelectual.

A mente humana "organiza o conhecimento em pares binários e opostos que se organizam de acordo com a lógica" e "tanto o mito quanto a ciência são estruturados por pares de opostos relacionados logicamente", acrescentou.

Fonte: Zero Hora
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