PICICA: "Nos últimos anos tem crescido o debate acerca do feminismo dentro da
esquerda brasileira e nos parece importante analisar os diferentes
caminhos que essa luta tem tomado."
Dois feminismos: um que inclui e outro que exclui
28 de abril de 2013
Não é excluindo e combatendo os homens que se podem superar diferenças construídas historicamente. Por Passa Palavra
Nos últimos anos tem crescido o debate acerca do feminismo dentro da esquerda brasileira e nos parece importante analisar os diferentes caminhos que essa luta tem tomado.
Nos últimos anos tem crescido o debate acerca do feminismo dentro da esquerda brasileira e nos parece importante analisar os diferentes caminhos que essa luta tem tomado.
A opressão das mulheres nas lutas periféricas
Nos espaços de periferia de uma cidade
como São Paulo, é possível notar que cada vez mais a participação das
mulheres nas lutas comunitárias é central e, muitas vezes, majoritária.
Além dos desafios próprios das articulações político-sociais em que
estão presentes – na luta por creches, moradia, postos de saúde, pelos
direitos de seus familiares (normalmente homens) presos e outras tantas
questões – um grande desafio das mulheres militantes tem sido fazer com
que os homens também participem das discussões e lutas sociais de suas
comunidades. Pesa sobre elas o fato de não encontrarem apoio às suas
iniciativas, uma vez que não é raro que seus familiares homens consumam
suas horas fora do trabalho nos bares, vivenciando problemas de
dependência química e, às vezes, envolvidos com atividades do tráfico.
Muitas vezes a luta das mulheres continua em suas próprias casas contra
os ciúmes e/ou a violência dos homens que desaprovam o protagonismo
político delas e as novas relações estabelecidas com outros homens e
mulheres a partir das experiências de luta e militância que travam em
comum. Entretanto, dentro das quatro paredes, a luta dessas mulheres é
solitária e a relação de poder frequentemente é ganhada na força. Os
casos de agressões físicas, ameaças e outras formas de opressão retiram,
costumeiramente, várias militantes das lutas.
Esse
quadro, não raro em diversas periferias, lança inúmeros desafios aos
movimentos sociais e às organizações políticas. Combater a violência
sofrida pelas mulheres dentro de suas estruturas familiares também
passa pelo desafio de politizar, mobilizar e ampliar a participação de
homens e mulheres nas lutas sociais que lhes são comuns. Quer dizer,
passa pela necessidade de encontrar formas organizativas e maneiras de
problematizar e trabalhar com a construção de relações de igualdade
entre ambos. Nesse caso, questões como o encarceramento em massa de
homens e mulheres, o alcoolismo, o tráfico, a Igreja, as relações
machistas e sexistas também precisariam ser combatidas conjuntamente.
Por isso, acreditamos que a questão do
feminismo estaria muito mais relacionada a uma luta conjunta da classe
do que à necessidade de se criarem coletivos feministas em que apenas as
mulheres possam discutir suas questões e revidarem as agressões. Pois
entendemos o feminismo como uma luta inserida nos movimentos sociais,
que contribui para a superação das relações opressivas de gênero, tendo
como objetivo a inclusão das mulheres na luta pela superação dos
problemas tanto dos homens quanto das mulheres.
Mesmo
em um movimento ainda em formação, sem uma estrutura organizacional
consolidada e/ou sem uma frente pré-determinada de atuação exclusiva de
mulheres ou homens, é possível perceber a constituição desses espaços
excludentes, estabelecendo os limites onde elementos de cada sexo devem
atuar, sem a procura pela superação da desigualdade de gênero. Nesse
sentido, é interessante o exemplo recente de uma ocupação urbana
localizada em uma outra capital brasileira. Os moradores dessa ocupação
dispunham, como único espaço de reunião e debate, de um grupo de estudos
que tinha encontros semanais, cuja motivação teria surgido a partir de
conversas entre um grupo de apoio e algumas mulheres da ocupação. O
objetivo desses encontros era promover um reforço da luta, que estava em
declínio devido ao período eleitoral. Assim, uma moradora conversou com
outras pessoas com quem tinha mais afinidade e cedeu o seu quintal para
iniciar os trabalhos.
Nesse caso concreto, não eram só
mulheres a participar desses encontros, mas é importante destacar que os
esposos das moradoras que tomaram a iniciativa e que cederam o espaço
não participavam das reuniões, embora ficassem rodeando e observando
tudo. Ao término dos encontros, quando a maioria dispersava, acontecia
de eles se aproximarem e procurarem conversar e expor o que pensavam
sobre o assunto ou como acreditavam ser a melhor forma de ação. Mas
afinal, por que esses homens não participavam diretamente do espaço?
Será que as esposas dos demais homens que participavam dos encontros
tinham postura semelhante? Qual seria o peso dessa estrutura familiar na
organização dos movimentos sociais? Posteriormente ficou evidente aos
apoiadores que os homens não participavam das discussões pois isso
implicaria estarem de igual para igual com suas respectivas esposas e
outras mulheres. Estava exposta, portanto, uma clivagem que dificilmente
seria solucionada com a criação de espaços exclusivos para mulheres.
Tais espaços exclusivos só agravariam o problema, consolidando-o
organizacionalmente. Em sentido contrário, o fortalecimento do espaço de
luta tinha como condição principal a integração de ambos os sexos na
condução política do processo.
O feminismo como uma renovação nos movimentos sociais
Um outro exemplo que pode ser indicado
como contraponto ao tipo de feminismo excludente foi a atuação das
mulheres organizadas no interior da Via Campesina na metade da década
passada. A partir da organização das mulheres dos assentamentos, o
Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST)
no Rio Grande do Sul passou por uma transformação significativa. O
campo gaúcho é marcado por um intenso grau de produtividade agropecuária
e pela instalação de plantações com alto investimento de
multinacionais. Por isso o projeto de transformação pautado a partir das
organizações de mulheres não se restringia a uma reivindicação da
reforma agrária contra o latifúndio improdutivo, mas visava as ações
impetradas por grandes empresas, que ao mesmo tempo submetiam
trabalhadores rurais a condições degradantes e concentravam a
propriedade de terra. Ora, entre esses trabalhadores estão mulheres e
homens, As grandes empresas capitalistas identificadas nesse processo
específico do Rio Grande do Sul foram a Syngenta, a Stora Enso e a
Aracruz.
Esse espaço da organização de mulheres escapava em parte do controle das direções nacionais e estaduais do MST,
hegemonicamente masculinas, pois, diferentemente das ações decididas
nos assentamentos ou regionalmente, as ações vinculadas à mobilização do
8 de março eram consideradas como autodeterminadas. A partir desse
espaço as mulheres se organizaram junto a homens alinhados com um
projeto político mais radical, para planejar ações diretas contra as
multinacionais citadas. Conseguiram articular demandas concretas da luta
de homens e mulheres, de maneira a escapar da política implementada
pela direção nacional do MST,
e com isso protagonizaram iniciativas como a destruição de campos
experimentais e de plantações em terras ilegalmente ocupadas.
Um exemplo claro dos resultados dessa organização foi a ação contra a Aracruz
no dia 8 de março de 2006. Já em 2007, também em razão das comemorações
do Dia Internacional da Mulher, a ação das mulheres da Via Campesina
ocorreu em Santa Cruz das Palmeiras, estado de São Paulo, e se voltou
contra um centro de pesquisas da Monsanto. Elas destruíram um viveiro e
um campo experimental de milho transgênico.
A
partir dessas ações diretas e do nível de radicalidade assumido por
aquelas mulheres, começaram as reações das burocracias partidárias, do
governo e do Movimento. Externamente, o então ministro do
Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, foi a público repudiar a ação
realizada pelas mulheres. Internamente, coube ao MST
iniciar pressões para que elas abandonassem essa linha de confronto por
meio da ação direta, assumindo como prioridade a “linha de diálogo” com
o governo. Contudo, as tentativas de controle não conseguiram minar a
organização daquelas mulheres, que avisavam sobre os planos de suas
ações apenas a homens de sua inteira confiança e não alinhados com o
governo federal. A direção nacional procurou isolar politicamente esse
grupo de mulheres, taxando-as de irresponsáveis e reduzindo os repasses
financeiros para a região. O processo de tensionamento interno produzido
a partir dessa atuação contribuiu para o desgaste dessas militantes
dentro do MST.
Essas ações e outros embates protagonizados pelas militantes que não
aceitavam a postura da direção nacional do movimento constituíram um
fator importante na recente ruptura com o MST, expressa na Carta dos 51.
Evidenciou-se aí a possibilidade de
renovação das práticas de movimentos sociais a partir da organização de
mulheres, o que despertou a atenção dos mais diversos agrupamentos
políticos. Não por coincidência, de lá para cá ampliaram-se os setores
de mulheres dos movimentos e partidos políticos e novos grupos surgiram
em universidades. Analisemos, entretanto, um exemplo para compreender
melhor como esse feminismo está se renovando.
Uma tentativa de controle
A Consulta Popular, que devido à sua inserção no MST
ficou ciente do potencial de mobilização presente nas divisões de sexo,
percebeu que a articulação das mulheres foi protagonista na criação de
um espaço crítico à burocracia e não controlado pela direção do
Movimento. Mostrava-se ser importante valorizar a temática da opressão
da mulher e ao mesmo tempo inseri-la dentro das estruturas formais
controladas pelo Movimento. Nesse sentido, a organização criada para
direcionar a atuação da juventude urbana (o Levante Popular) teve como
primeira deliberação de seu documento organizativo
a criação de coletivos de mulheres em todas as instâncias de atuação. O
mesmo documento elabora qual deve ser a perspectiva adotada para o
trabalho feminista desenvolvido pelo Levante, que citamos aqui:
“convidaremos as jovens das frentes de trabalho de base para as
atividades e outras jovens que ainda não acessamos, ou seja, as
atividades das datas podem servir como ‘porta de entrada’ para outras
jovens”. O documento não apresenta uma discussão da opressão das
mulheres e homens dentro dos movimentos sociais, tampouco pensa nessa
inserção como um meio de potencializar a luta na emancipação de ambos os
sexos; mas apresenta o feminismo como uma “porta de entrada” para
jovens, ou seja, uma bandeira para aproximar as pessoas da militância da
Consulta Popular.
Diferentemente do potencial demonstrado
pelas ações das mulheres da Via Campesina, propõe-se a criação de
organizações de mulheres em torno de um calendário pré-estabelecido.
Para essas organizações são previstos espaços de formação reservados
para “estudo prévio sobre as datas: seu significado histórico, dados,
história e conjuntura dos respectivos temas: saúde, violência, etnia,
com um claro recorte de classe e gênero”. Portanto, não se trata de um
espaço para discutir as relações desiguais estabelecidas entre mulheres e
homens dentro do Movimento, mas de um espaço determinado como exclusivo
das mulheres para desenvolver uma ação política já direcionada. Ainda
segundo o documento, o objetivo dessa organização seria o de fortalecer a
identidade delas enquanto mulheres do Levante, reforçando os laços de
identidade militante com a organização, ao invés de incentivar o espaço
de reflexão crítica sobre a militância.
Acentuar a divisão ou superá-la?
Essa apropriação da auto-organização e
da identidade das mulheres como um valor em si nos parece contraditória
com o feminismo como uma luta de superação da desigualdade entre os
sexos, posto que, como afirmamos no início desse artigo, o feminismo
deve inserir-se na luta pela superação das contradições inerentes ao
conjunto da estrutura social capitalista.
Com base nisso, é importante compreender
a questão da opressão de gênero inserida no contexto das relações
sociais marcadas pela divisão de classes, em que as identidades do
feminino e do masculino são assimiladas pela estrutura social para
manter um dado equilíbrio de dominação, da mesma forma que o são as
identidades étnicas, de cor de pele, linguísticas, religiosas e
nacionais. Pois, como explica Heleieth Saffioti, “fatores de ordem
natural, tais como sexo e etnia, operam como válvulas de escape no
sentido de um aliviamento simulado de tensões sociais geradas pelo modo
capitalista de produção; no sentido, ainda, de desviar da estrutura de
classes a atenção dos membros da sociedade, centrando-a nas
características físicas que, involuntariamente, certas categorias
sociais possuem”. Dessa forma, as identidades de sexo não devem ser
analisadas como entidades autônomas, capazes de suplantar, por si
próprias, a estrutura social vigente, pois “operam segundo as
necessidades e conveniências do sistema produtivo de bens e serviços,
assumindo diferentes feições de acordo com a fase de desenvolvimento do
tipo estrutural da sociedade” (SAFFIOTI, 1979: 29, 30).
Assim, é possível perguntar: que tipo
social tem pautado a questão do feminismo sob a perspectiva que acentua a
divisão entre o feminino e o masculino?
O “novo” feminismo urbano
Nos
centros urbanos tem se ampliado a existência de grupos de jovens
mulheres feministas. Elas se organizam através de coletivos, núcleos no
interior das universidades, sites ou blogs. Escrevem textos, promovem
encontros, organizam eventos, fazem atos denunciando o sexismo veiculado
nas propagandas, realizam marchas pela diversidade sexual, pela
ocupação de postos de poder, pela descriminalização do aborto, entre
outros. Todas essas lutas são legítimas e necessárias na medida em que
denunciam a captura de bandeiras históricas do movimento feminista pelo
capitalismo atual, em favor da mercantilização do corpo das mulheres, do
sexo e da subjetividade humana.
É possível observar que vem aumentando o
número das jovens militantes que denunciam assédios e agressões vividos
no interior dos coletivos e movimentos e que insistem na necessidade de
se discutir o machismo na sociedade em geral e na esquerda em
particular. Por essa razão, em novembro de 2012, na cidade de São Paulo,
ocorreu o Seminário-Debate Há machismo na Esquerda?, congregando pessoas de vários coletivos, militantes universitárias e independentes e de movimentos sociais em geral.
Nesse espaço de discussão, criado por
mulheres de alguns coletivos feministas, as jovens militantes relataram
as dificuldades para debater e enfrentar os diferentes casos de opressão
contra as mulheres nos próprios movimentos e coletivos mistos. Afirmam
que, embora tenham aumentado os casos de agressões vivenciados por
militantes, o assunto não estaria sendo debatido satisfatoriamente pelos
militantes anticapitalistas, no sentido de almejar a superação da
reprodução do machismo nos seus espaços de atuação. Portanto, com base
na questão norteadora, “Quais formas / estratégias de enfrentamento ao
machismo nos movimentos?”, as participantes e os participantes,
divididos em grupos de discussão, manifestaram suas opiniões e relataram
experiências.
Ao
longo das discussões, foi possível perceber o aparecimento de duas
tendências político-ideológicas claras, revindicadas para subsidiar a
reflexão visando ao enfrentamento do machismo nos espaços de atuação: a
primeira insiste na adoção do escracho, que consiste em identificar,
denunciar e punir publicamente o autor da agressão, como a única forma
possível para fazer o agressor se retratar; já a segunda entende ser
possível que a organização ou o movimento enfrente a questão com debates
abertos, reconhecendo a agressão enquanto uma reprodução do machismo na
sociedade e permitindo a construção de espaços que problematizem essa
reprodução por militantes do movimento, de forma a reestabelecer os
laços de confiança rompidos.
Como consequência prática da primeira
tendência, têm surgido diversos coletivos e grupos exclusivamente de
mulheres, formados sob o pretexto de que nos coletivos mistos as
mulheres não teriam suas demandas acolhidas pelos companheiros e
poderiam sofrer opressão pelo seu protagonismo; que não encontrariam
solidariedade dos companheiros para o enfrentamento das questões; e, por
isso, que se tornaria necessário criar espaços exclusivos de mulheres
para se fortalecerem e se sentirem confortáveis para construir uma
cultura do direito à autodefesa física e psicológica.
Por
outro lado, houve a posição daquelas e daqueles militantes e de
coletivos cujo entendimento é de que a presença ativa de mulheres no
interior de coletivos mistos, bem como nos movimentos sociais, pressiona
na direção da criação de relações sociais igualitárias, na medida em
que suas ações, articuladas com demandas concretas que incidem
diretamente sobre a vida material das pessoas, provocam a remodelação
material e simbólica da estrutura de poder vigente. As lutas travadas em
favor do direito à moradia, à educação e à saúde, pela reforma agrária,
contra o aumento da tarifa, pelo acesso ao transporte público e pelo
direito à cidade são alguns exemplos corriqueiros de ações que abarcam
perfeitamente o protagonismo feminino e as ações radicais levadas
adiante por elas.
Para nós, a simples afirmação de espaços
exclusivos para mulheres reforça um certo tipo de feminismo de gênero
que finca sua luta na divisão entre o masculino e o feminino, colocando a
necessidade abstrata de se ter reuniões separadas das dos homens para
discutir os problemas da opressão. Mas será esse o melhor caminho para a
superação desses problemas dentro dos movimentos sociais?
Não enxergamos o escracho inserido nesse
contexto como uma forma pedagógica possível de ser empregue na
superação da dicotomia entre homens e mulheres nem aplicável ao contexto
dos movimentos sociais que intentam acabar com a exploração, com os
vários tipos de dominação e opressão. A nosso ver, é um recurso de
violência comparável àqueles utilizados pelo Estado capitalista para
individualizar e punir. Além disso, esse tipo de escracho tende a
instaurar uma situação de irracionalidade e animosidade entre os
indivíduos, a recuperar práticas persecutórias, policialescas e de
anulação política e social dos sujeitos masculinos envolvidos.
Têm crescido também situações em que
homens são banidos de espaços sociais ou de militância pelo fato de
serem acusados de machismo. Quando militantes mulheres afirmam ser
aquele um agressor, agem imediatamente no sentido de expulsar e/ou
boicotar as ações que venham a ser desenvolvidas por homens e pelos
coletivos por esse motivo. Mas será que o contrário teria o mesmo
tratamento? No caso de ser uma mulher a agressora — mesmo que não
fisicamente, agressora psicológica — o escracho ou a expulsão seriam
utilizados como medidas?
Parece-nos justificável a hipótese de
que esse tipo de feminismo, que aqui definimos claramente como
excludente, tende a crescer sobretudo no meio universitário, por possuir
um caráter corporativo e proporcionar uma reserva de mercado de
trabalho. Quando se fundam departamentos de estudos femininos e se
considera que só as mulheres estão habilitadas a pertencer a esses
departamentos e a presidi-los, a participar nos eventos organizados por
tais departamentos e a escrever artigos para as revistas editadas por
esses departamentos, é fácil calcular as enormes possibilidades de
aumentar o curriculum que isso proporciona. Além do mais, na
medida em que metade do gênero humano está impedida de participar nesses
cargos, eventos e publicações, a concorrência é menor e os obstáculos à
ascensão das senhoras e das meninas são menores também.
O
que, talvez, essas militantes desconheçam é que essa situação reflete
um processo de fragmentação das lutas sociais em movimentos de diversas
identidades, o que vem a ser uma orientação incentivada pelos organismos
internacionais de financiamento e também de influência nas políticas
públicas, como forma de neutralizar as lutas de cunho radical e
classista. E que, atualmente, tem encontrado legitimidade ideológica
dentro dos muros das universidades.
Não é excluindo e combatendo os homens
que se pode superar aquelas diferenças construídas historicamente. Os
desafios de pensar as lutas sociais passam, necessariamente, por
encontrar formas organizativas e maneiras de problematizar e trabalhar
com a participação de homens e mulheres num mesmo espaço, estabelecendo
relações de igualdade.
Referência
SAFFIOTI, Heleieth Iara Bongiovani. A mulher na sociedade de classes: mito e realidade. Petrópolis. Vozes, 1979.
As 5ª, 6ª e 7ª ilustrações, juntamente com a imagem de destaque, são de autoria de Mary Beth Edelson .
Fonte: PASSA PALAVRA
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