PICICA: "Nome proporcional à dimensão do talento, ao estoque de alegria e à
extensão de sua humanidade. O inesquecível apelido de apenas três letras
é a síntese harmoniosa da biografia combinada à biotipologia. De Itália
tem apenas os quatro primeiros dos seus intensos 90 anos, comemorados
na quarta-feira (18/2): de Brasil tem 66, de Uruguai e Argentina, outros
20.
Patriarca e paradigma da moderna caricatura brasileira é também sua
figura emblemática, traço de união entre as gerações de Álvaro Cotrim
(Álvarus), Millôr Fernandes, Ziraldo, Jaguar e os Caruso (Chico e
Paulo)."
O TRAÇO CARIOCA DA GEMA
Lanfranco Aldo Ricardo Vaselli Cortellini Rossi y Rossi (Lan), 90
Por Alberto Dines em 17/02/2015 na edição 838
Nome proporcional à dimensão do talento, ao estoque de alegria e à
extensão de sua humanidade. O inesquecível apelido de apenas três letras
é a síntese harmoniosa da biografia combinada à biotipologia. De Itália
tem apenas os quatro primeiros dos seus intensos 90 anos, comemorados
na quarta-feira (18/2): de Brasil tem 66, de Uruguai e Argentina, outros
20.
Patriarca e paradigma da moderna caricatura brasileira é também sua figura emblemática, traço de união entre as gerações de Álvaro Cotrim (Álvarus), Millôr Fernandes, Ziraldo, Jaguar e os Caruso (Chico e Paulo).
Como Nássara e Mendez antes dele, viciado em samba, adicto ao Carnaval, folião por inúmeras razões, entre as quais a astrologia – nasceu numa quarta-feira antes do Carnaval – e continua cercado de Carnaval por todos os lados: fanático portelense, apaixonado por mulatas (a mulher, Olivia, ex-passista da Portela, é uma das inesquecíveis Irmãs Marinho; Haroldo Costa, ator, protagonista de Orfeu da Conceição, escritor, produtor, sambista e carnavalesco, é casado com a outra).
De alguma forma Lan conseguiu transportar da afortunada Florença, na Toscana, a incrível carga de vitalidade, beleza e amor à vida que coloca em cada um de seus desenhos.
Cor de jambo
Foi Samuel Wainer que, em 1952, por indicação do diretor de arte Andrés Guevara, o lançou no jornalismo brasileiro (já era conhecido na imprensa portenha). Na trincheira da Última Hora, com apenas alguns traços transformou a figura do arqui-inimigo Carlos Lacerda no “Corvo”, ave até então simpática e astuta, num bicho carniceiro.
Dez anos depois, em 1962, Lan é chamado para ilustrar a página diária de opinião do Jornal do Brasil, onde permaneceu ao longo de 33 anos. Seu traço rápido, cortante, tão apropriado para os vespertinos e as notícias quentes, agora é uma filigrana esmerada, com meios-tons obtidos através de centenas de traços. Verdadeiros portraits, enriquecidos com tanta sofisticação que alguns caricaturados (como o então czar da economia, Delfim Netto), embora satirizados, tudo faziam para conseguir um de seus originais.
Lan está hoje no Globo, aos sábados, com o lápis ainda mais solto e livre, transferindo as alucinantes curvas das mulatas às sinuosidades do amado Rio de Janeiro que tanto adora que prefere vê-lo à distância (mora em Pedro do Rio, na serra de Petrópolis).
Ao lado das divas cor de jambo está sempre um velhinho bigodudo e miniaturizado, simpático, provocador, hoje um monumento vivo do jornalismo gráfico brasileiro.
Patriarca e paradigma da moderna caricatura brasileira é também sua figura emblemática, traço de união entre as gerações de Álvaro Cotrim (Álvarus), Millôr Fernandes, Ziraldo, Jaguar e os Caruso (Chico e Paulo).
Como Nássara e Mendez antes dele, viciado em samba, adicto ao Carnaval, folião por inúmeras razões, entre as quais a astrologia – nasceu numa quarta-feira antes do Carnaval – e continua cercado de Carnaval por todos os lados: fanático portelense, apaixonado por mulatas (a mulher, Olivia, ex-passista da Portela, é uma das inesquecíveis Irmãs Marinho; Haroldo Costa, ator, protagonista de Orfeu da Conceição, escritor, produtor, sambista e carnavalesco, é casado com a outra).
De alguma forma Lan conseguiu transportar da afortunada Florença, na Toscana, a incrível carga de vitalidade, beleza e amor à vida que coloca em cada um de seus desenhos.
Cor de jambo
Foi Samuel Wainer que, em 1952, por indicação do diretor de arte Andrés Guevara, o lançou no jornalismo brasileiro (já era conhecido na imprensa portenha). Na trincheira da Última Hora, com apenas alguns traços transformou a figura do arqui-inimigo Carlos Lacerda no “Corvo”, ave até então simpática e astuta, num bicho carniceiro.
Dez anos depois, em 1962, Lan é chamado para ilustrar a página diária de opinião do Jornal do Brasil, onde permaneceu ao longo de 33 anos. Seu traço rápido, cortante, tão apropriado para os vespertinos e as notícias quentes, agora é uma filigrana esmerada, com meios-tons obtidos através de centenas de traços. Verdadeiros portraits, enriquecidos com tanta sofisticação que alguns caricaturados (como o então czar da economia, Delfim Netto), embora satirizados, tudo faziam para conseguir um de seus originais.
Lan está hoje no Globo, aos sábados, com o lápis ainda mais solto e livre, transferindo as alucinantes curvas das mulatas às sinuosidades do amado Rio de Janeiro que tanto adora que prefere vê-lo à distância (mora em Pedro do Rio, na serra de Petrópolis).
Ao lado das divas cor de jambo está sempre um velhinho bigodudo e miniaturizado, simpático, provocador, hoje um monumento vivo do jornalismo gráfico brasileiro.
Fonte: OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA
Nenhum comentário:
Postar um comentário